O aproveitamento de uma plataforma é a coisa mais comum na indústria automotiva. Só que, às vezes, os carros são tão diferentes que nem parecem que são feitos sobre a mesma base. Exemplo recente é o Renault Captur, derivado do Duster, porém, melhor resolvido em determinados pontos.
Para início de conversa, o Renault Captur tem design mais refinado por fora e por dentro. Além disso, para justificar o preço acima do Duster, oferece mais equipamentos. Mas perde em outras características. De qualquer modo, hoje é opção de seminovo para quem quer um SUV elegante e recheado. Confira 10 fatos sobre o Renault Captur.
1 – Uma trajetória de pouco tempo
O Renault Captur foi lançado no Brasil em fevereiro de 2017 e posicionado como uma opção de SUV compacto mais refinado que o Duster na linha da marca francesa. Isso ficava evidente no design externo, como na campanha publicitária, com direito a Marina Ruy Barbosa no papel de uma linda sereia.
Contudo, o Renault Captur iniciou sua breve história no Brasil com os mesmos motores do parente maior e mais velho da fabricante francesa: 1.6 e 2.0, ambos 16 válvulas. Ainda em 2017, a Renault passou a oferecer câmbio CVT na gama. Em 2019, o carro estreou uma série especial Bose.
A única reestilização vivida pelo crossover no Brasil se deu em 2021, quando o modelo também recebeu direção com assistência elétrica e opção de motor 1.3 turbo, sobre o qual falaremos a seguir. Mas a pandemia arrefeceu as vendas do crossover, que já não eram lá essas coisas.
Nos primeiros três meses de 2023, o Renault Captur teve apenas 100 unidades vendidas. Também no ano passado, o modelo deixou de ser produzido no Brasil, apenas seis anos após o seu lançamento nacional.
2 – Renault Captur com K
Muito se credita ao projeto do Renault Captur a razão para sua morte precoce. O modelo europeu foi lançado lá fora em 2011 e usava a plataforma B da Renault, a mesma do Clio de quarta geração. Só que o nosso SUV não partilhava dessa arquitetura.
O Renault Captur produzido em São José dos Pinhais (PR) era baseado no Kaptur russo – com K. Por aqui, usou a plataforma B0, a mesma do velho Duster. Ou seja, uma roupa bonita para uma arquitetura romena datada e com menos espaço interno.
3 - CVT só no 1.6
Outro fato que mostra alguns deslizes na estratégia de lançamento do Renault Captur é o câmbio. Em um segmento que já dava sinais da predileção por transmissões automáticas, na estreia a Renault só disponibilizou esta opção para as versões 2.0 do seu então novo SUV compacto.
O problema é que tratava-se da antiga caixa DP2 que equipou o Duster e versões do Sandero e do Logan. Com quatro velocidades e aliado ao 2.0 de 148cv (etanol)/143cv (gasolina), mesmo desde os tempos de Mégane, oferece desempenho ruim, com imprecisão de marchas e consumo elevado: 0 a 100km/h em quase 11 segundos e ciclo urbano com gasolina abaixo de 9km/l.
Meses após o lançamento da linha é que a Renault apresentou uma solução bem melhor para quem queria um Captur automático. A nova transmissão continuamente variável XTronic passou a ser oferecida, contudo, só para as configurações com o 1.6 SCe de 120cv (e)/118cv (g) – as 2.0 mantiveram o AT4.
Apesar de as arrancadas serem mais morosas – 0 a 100km/h em 13 segundos –, o Renault Captur 1.6 CVT proporciona um rodar suave e confortável. A caixa CVT com seis marchas virtuais não garante nenhuma esportividade, mas cumpre seu papel sem trancos e com acelerações seguras.
Além disso, o nível de vibração do conjunto mecânico é bem menor. Sem falar no ganho de consumo. O Renault Captur 1.6 Xtronic anota médias superiores a 7km/l com etanol na cidade, e passa dos 10km/l com gasolina, também no circuito urbano.
4 - Enfim, o turbo
O aguardado motor 1.3 TCe desenvolvido pela Renault em parceria com a Mercedes-Benz apareceu apenas em 2021, justamente na reestilização do Captur. A novidade deu um upgrade e tanto no crossover compacto, apesar de estar só disponível nas versões topo de linha, inicialmente.
Com 170cv com etanol e 163cv, com gasolina, o Renault Captur turbinado ganhou em agilidade, ainda mais com a caixa CVT recalibrada e com oito marchas simuladas. O 0 a 100km/h fica em pouco mais de 9 segundos. As retomadas são ainda melhores, com o torque de 27,5kgfm e motor cheio a 1.600rpm.
O consumo também se mostra o melhor entre as três opções automáticas do Renault Captur. As médias urbanas ficam perto dos 8km/l (etanol) e dos 11km/l (gasolina).
5 – Como é a dirigibilidade do compacto?
As dimensões compactas e o desenho mais aerodinâmico fazem do Renault Captur um modelo gostoso de dirigir, principalmente no acerto da direção – ainda mais quando ganhou assistência elétrica. Mesmo assim, o SUV não esconde as raízes em alguns aspectos.
A suspensão com calibragem firme e o vão livre do solo de 21,2cm garantem valentia para encarar buracos e um trecho de terra inocente. Mas também não filtram as imperfeições da pista tão bem. Na estrada, porém, o Renault Captur aponta bem nas curvas e aderna pouco a carroceria.
6 – Captur é honesto no conforto
A distância entre-eixos de 2,67m garante aos passageiros do Renault Captur uma vida digna a bordo. Motorista desfruta de comandos bem posicionados. O espaço atrás não é tão generoso para ombros e cabeças como no Duster, mas os ocupantes ficam com certa folga para joelhos e pernas.
Destaque ainda para o porta-malas com seus 437 litros de volume. Em contrapartida, como dito, a suspensão dura e a altura do Renault Captur não favorecem na hora de se passar em buracos ou quebra-molas. E apesar do acabamento interno com desenho melhor resolvido que no Duster, há muito plástico duro e até o couro do volante é esquisito.
7 - Nossa dica de melhor versão
Sugerimos o Renault Captur ano 2023 na versão Iconic com motor 1.3 turbo. Trata-se de um seminovo ainda com bastante tempo de garantia de fábrica, já com a reestilização e direção com assistência elétrica, além de bem equipado.
Na parte de segurança, o carro oferece quatro airbags, controles de estabilidade e de tração, câmeras 360 graus e traseira, alerta de ponto cego, sensor de ré, assistente de partidas em rampas, monitoramento dos pneus, Isofix, faróis de LED, luzes de condução diurna, entre outros.
Destaque ainda para o som da marca Bose com subwoofer. E para a central multimídia Easylink com conexão para Android Auto e Apple CarPlay, tomada USB, Bluetooth e tela de oito polegadas.
Completam o pacote do Renault Captur Iconic 2023 ar-condicionado automático, chave presencial, retrovisores rebatíveis eletricamente, partida remota do motor, sensores de chuva e crepuscular, trio elétrico, bancos revestidos em couro e ajustes de altura e de distância do volante.
8 – Modelo teve série especial
Em 2019, o Renault Captur teve sua primeira e única série especial. Chamada Bose, como o próprio nome sugere, tem como principal apelo o sistema de som da marca, que inclui amplificador de sete canais, twitters, sete alto-falantes e subwoofer.
No visual, emblemas alusivos à edição limitada na soleira das portas e nos bancos. Na carroceria, o símbolo da Bose. A série foi aplicada tanto com motor 1.6 como 2.0.
9 – Uma ideia sobre os custos de manutenção
Por ser um conjunto recente, a manutenção no que diz respeito às versões com motor 1.3 do Renault Captur têm preços acima dos vistos nas opções 1.6. Confira os valores apurados na primeira semana de maio de 2024.
Revisões com preço fixo do Renault Captur 1.3 modelo 2023
- 20.000km: R$ 759,12
- 30.000km: R$ 759,12
- 40.000km: R$ 1.676,29
- 50.000km: R$ 824,79
- 60.000km: R$ 824,79
Preços de peças do Renault Captur 1.3 modelo 2023:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 160 a R$ 230
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 150 a R$ 200
- Bomba de combustível: de R$ 470 a R$ 650
- Kit troca de óleo (5 litros 5W30 + filtro): de R$ 220 a R$ 300
- Amortecedor traseiro: de R$ 640 a R$ 750 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 550 a R$ 800
- Farol direito: de R$ 1 mil a R$ 1.700 (LEDs)
10 - Principais problemas do Renault Captur
Os defeitos mais comuns relacionados ao Renault Captur dizem respeito a trepidações e barulhos na caixa de direção e também a falhas e até travamento do câmbio automático CVT. Fique atento também a vazamentos de combustível e problemas no sistema de injeção.
O Renault Captur também foi convocado para campanhas de recall. A primeira para solucionar problema de lubrificação em unidades fabricadas em 2019 e 2020. Depois vieram recalls para troca da fechadura do capô em modelos feitos de 2016 a 2018; para colagem da peça do esguicho do lavador de para-brisa em SUVs fabricados em 2021; e para verificação dos bicos injetores em unidades 2021.
Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas