Quem curte minivan se esbaldou na primeira década deste século. Não faltavam opções de monovolumes nacionais e importados para substituir as station-wagons na preferência pelo carro familiar. Entre muitos modelos, a Chevrolet Meriva se destacou pelo seu conceito inovador para a época.
Compacta por fora e espaçosa por dentro, a minivan ainda se destaca pela cabine versátil e conjunto mecânico bem conhecido no mercado. Produzida por 10 anos, de 2002 a 2012, a Chevrolet Meriva atualmente é opção de carro usado funcional, confortável e com desempenho condizente.
1 – Um pouco sobre a história da Chevrolet Meriva
A Chevrolet Meriva foi lançada no Brasil em agosto de 2002, meses depois de ser apresentada na Europa sob a bandeira da Opel – marca alemã que fazia parte da General Motors. As vendas se iniciaram com motores 1.8 de oito e 16 válvulas (este desenvolvido em parceria com a Fiat) a gasolina.
As motorizações passaram a ser flex em 2003 – foi a primeira minivan bicombustível do mercado – e dois anos depois tiveram a potência aumentada. Em 2007, estreou dentro da GM a controversa transmissão Easytronic e, em 2008, passou a ter versões mais acessíveis com motor 1.4 para encarar a novata Fiat Idea.
Só que, em 2012, a Chevrolet Meriva chegou ao fim. A GM passou a investir em plataformas sul-coreanas e chinesas para o Brasil. A montadora, então, desenvolveu a Spin para substituir de uma vez a Meriva e a minivan média Zafira.
2 - Projeto brasileiro
O Brasil é peça importante na história da Chevrolet Meriva. O Centro de Design e Engenharia da GM em São Paulo idealizou o modelo e foi o responsável pelo desenvolvimento da minivan compacta em parceria com o Centro Internacional Técnico da Opel, em Rüsselsheim, na Alemanha.
O modelo usa a plataforma GM4300 do Corsa de segunda geração, lançado também em 2002 nas configurações hatch e sedan, meses antes da Meriva. A produção se deu em São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
3 – Como é o desempenho da minivan?
Vamos focar nas versões com motor 1.8 8V da última metade de vida da Chevrolet Meriva até 2012. O robusto e veterano propulsor Família I oferece disposição em baixos giros e respostas prontas ao pedal do acelerador, principalmente nas arrancadas, com relações curtas das primeiras marchas.
As velocidades finais, porém, precisam de mais tempo. Tanto que os 114cv de potência com etanol e 112cv, com gasolina, proporcionam o 0 a 100km/h na faixa dos 12 segundos. As retomadas de velocidade são animadoras, graças ao torque de 17,7kgfm, disponíveis já perto das 2.800rpm.
O motor também tem fama de beberrão. Com 1.280kg e uma aerodinâmica pouco favorável (Cx de 0,33), o Chevrolet Meriva exige que o motorista pise de leve no acelerador para obter médias urbanas na casa dos 6km/l com etanol e de pouco mais de 7km/l, com gasolina.
4 - Câmbio que dá dor de cabeça
Se o câmbio manual de cinco marchas é aliado nas arrancadas da Chevrolet Meriva, a caixa Easytronic estraga tudo. A minivan foi o primeiro modelo da GM no Brasil a usar a transmissão automatizada de embreagem simples e cinco marchas que está longe de ser unanimidade.
Tanto é que surgiram oficinas especializadas na conversão de câmbio Easytronic para manual, especialmente em unidades da Meriva. Os clientes principais eram taxistas, frustrados com o excesso de trancos e imprecisões da transmissão, além de problemas com o passar do tempo.
A transmissão acompanhou a Chevrolet Meriva até 2012, contudo, foi descontinuada dentro da linha GM anos depois. O equipamento ganhou até apelido jocoso: “Easy Tranco”.
5 - Multiplexagem em prol do conforto
Um dos destaques da Chevrolet Meriva é o nível de conforto. Por fora, nem parece que o monovolume compacto tem 4,04 metros de comprimento e 2,63m de distância entre-eixos. Por dentro, porém, há espaço tranquilo para cinco ocupantes adultos.
Na frente, motorista tem ótima visão do que ocorre à volta, além da posição alta e ergonômica de dirigir. Atrás, os ocupantes desfrutam de ótimo vão para cabeças – beneficiado pelo design meio bolha da Meriva –, além de folgas para pés e joelhos.
O porta-malas ainda comporta 390 litros. O grande barato da Chevrolet Meriva é justamente os seus bancos multiflex. Ao serem rebatidos, eles ficam no mesmo nível do assoalho, permitindo uma superfície plana para ampliar o espaço para acomodação de bagagens e outros itens – até bicicletas pequenas.
6 – Modelo teve versão SS
Em 2006, a GM ressuscitou a icônica sigla SS na… Chevrolet Meriva. A esportividade, porém, está no trato estético. A configuração tem saias e laterais e spoiler traseiro pintados na cor da carroceria, assim como os para-choques e frisos nas portas.
Emblemas SS aparecem nas laterais, as rodas de liga leve têm aros de 15 polegadas e os para-choques dianteiros abrigam faróis de neblina redondos embutidos. Dentro, costuras vermelhas e mais emblemas SS. O motor, contudo, é o 1.8 sem qualquer acerto esportivo.
7 - Série de despedida e kit customizado
Em 2012, a Chevrolet Meriva se despediu com a série Collection. Limitada em 500 unidades, é equipada com airbag duplo, ar-condicionado, trio elétrico, som com CD Player, leitor de SD card e Bluetooth, regulagem dos faróis, rodas aro 15 polegadas, alarme, chave com acabamento em couro e travamento remoto das portas, entre outros.
Por fora, o nome da tiragem derradeira. Dentro, placa com o número da unidade da série. Foi vendida apenas com motor 1.4 e poucas unidades aparecem nos sites de compra e venda de veículos, com preços entre R$ 24 mil e R$ 30 mil.
Antes de ter essa edição de despedida em 2012, a GM criou uma opção de personalização Geo para a Chevrolet Meriva. Isso foi em 2009 e o kit inclui calotas, para-choques e adesivos nas colunas na cor grafite.
8 - Nossa dica de melhor versão
Indicamos a Chevrolet Meriva ano 2012 na versão Premium 1.8. Os preços oscilam entre R$ 30 mil e R$ 34 mil. Entre os equipamentos, ar-condicionado, trio elétrico, travamento automático das portas, alarme, banco do motorista com regulagem de altura, desembaçador, lavador e limpador de vidros traseiros, rodas de liga leve aro 15 polegadas e protetor de cárter.
É preciso pesquisar para encontrar unidades com os opcionais da época, como airbag duplo frontal e freios com ABS. Faróis de neblina e gavetinha sob o banco do carona também eram vendidos à parte.
9 – Custos de manutenção da Chevrolet Meriva
O motor 1.8 é bem conhecido e tem fama de manutenção descomplicada. De maneira geral, os preços das peças da Chevrolet Meriva estão no padrão para modelos usados com mais de 10 anos de uso.
Preços de peças da Chevrolet Meriva 2012 1.8:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 80 a R$ 130
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 60 a R$ 100
- Bomba de combustível: de R$ 120 a R$ 250
- Kit troca de óleo (4 litros 5W30 + filtro): de R$ 150 a R$ 280
- Amortecedor traseiro: de R$ 280 a R$ 450 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 400 a R$ 700
- Farol direito: de R$ 210 a R$ 420
10 - Principais problemas da minivan
Queixas comuns em relação à Chevrolet Meriva se concentram em barulhos na suspensão (dianteira e traseira) e durabilidade curta das buchas. Também são frequentes os relatos de problemas nos pivôs e nas bieletas do sistema de direção.
Fique atento também a defeitos no acelerador eletrônico (engasgos podem ser sentidos nas primeiras acelerações) e na bobina de ignição, além de quebras do coxim do motor. E, se for o caso, veja se a transmissão Easytronic da Chevrolet Meriva está funcionando corretamente.
Confira os vídeos do VRUM no YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas