A Renault foi uma das marcas que tentou bastante a sorte no segmento dos sedans médios com produtos bons. Primeiro com o Mégane, depois, com o Renault Fluence. Neste segundo round, projeto um pouco mais simples, mas com qualidades mecânicas inegáveis e proposta bastante confortável.
Essas virtudes se não deram ao modelo força para brigar com a dupla Toyota Corolla e Honda Civic, garantem no mercado de usados uma opção de sedan com boa relação custo/benefício. Veja agora 10 fatos sobre o Renault Fluence.
1 – Trajetória do Renault Fluence
O Renault Fluence foi lançado primeiro na Europa, em agosto de 2009. Produzido na Turquia, tinha como missão substituir a terceira geração do Mégane, o tradicional modelo médio da marca francesa.
O carro passou a ser fabricado também na Argentina em 2010, e foi lançado no Brasil em fevereiro de 2011, em duas versões e com o motor 2.0 16V – que o acompanhou a vida inteira. No ano seguinte, ganhou uma versão GT e, em 2014, uma série GT-Line, esta apenas com visual esportivo.
Na linha 2015, o Renault Fluence passou por uma reestilização e logo depois repetiu a edição limitada “aspiracional”. Em 2018, a montadora encerrou a produção do três-volumes na planta de Santa Isabel, em Córdoba.
2 - Origem coreana
Apesar de usar a plataforma C, compartilhada entre a marca francesa e a Nissan, o Renault Fluence é um projeto sul-coreano. Ele foi a segunda geração do SM3, sedan da Samsung Motors (marca pertencente ao grupo francês) e lançado no país asiático em abril de 2009.
Depois de descontinuado na Europa e América Latina, o Renault Fluence ainda se manteve em produção na Coreia, inclusive com uma opção puramente elétrica. A linha de montagem foi encerrada em 2020.
3 – Como é o desempenho do sedan?
No mercado brasileiro o Renault Fluence foi equipado sempre com conjunto mecânico de origem Nissan. O motor M4R 2.0 com quatro cilindros e comando variável de válvulas na admissão é o mesmo que equipou outros modelos da aliança encabeçada pelas duas marcas, como o Sentra.
Com 143cv com etanol e 140cv, com gasolina, proporciona desempenho similar ao do irmão da marca japonesa. As arrancadas são bem dispostas, todavia comportadas e suaves, e o câmbio CVT tem marchas virtuais para tentar dar uma empolgada nas acelerações. A aceleração de 0 a 100km/h pode ser feita na faixa dos 10 segundos.
Nas retomadas é bom, inclusive, recorrer às mudanças sequenciais, já que a caixa continuamente variável tende a segurar bem os giros em acelerações fortes. Mesmo assim, o torque de 20,3kgfm (etanol)/19,9kgfm (gasolina) se apresenta antes das 4.000rpm, o que é louvável em um motor multiválvulas.
4 – Números de consumo do Fluence
O consumo é desanimador quando se fala de Renault Fluence. Com etanol na cidade, é preciso muito pé leve para fazer médias de 6km/l. Com gasolina, com sorte se chega a 8,5km/l. Na estrada pouco melhora: 7,5km/l e 11km/l, respectivamente.
5 - Teve versão esportiva
O pacato cidadão teve uma variante esportiva de respeito. Em 2012, a marca lançou o Renault Fluence GT, que honrou a sigla – ao menos no preparo. Desenvolvido pela Renault Sport Technologies, usa motor 2.0 turbo a gasolina com 180cv de potência e 30,6kgfm de torque máximo a 2.250rpm.
O câmbio é manual de seis marchas e a divisão da marca fez ajustes nos freios e na suspensão do sedan médio. Porém, o carro não se mostrou tão mais rápido assim que as configurações com motor aspirado e caixa automática. Segundo a marca, o Renault Fluence GT acelera de 0 a 100km/h em 8 segundos, mas revistas especializadas à época não conseguiram fazer tais acelerações em menos de 9s.
No design, o Renault Fluence mais nervoso tem rodas exclusivas, saias laterais e aerofólio traseiro. Dentro, padrão escurecido das forrações e materiais, pespontos vermelhos nos bancos esportivos e na manopla de câmbio, além de pedaleiras cromadas e quadro de instrumentos com grafismos diferentes.
6 - Teve vontade esportiva
Para quem não tinha bala na agulha para ter o Renault Fluence GT raiz, houve a opção da roupa esportiva na forma de uma série limitada. Baseada na versão Dynamique, a edição GT-Line do sedan usa o mesmo motor 2.0 aspirado do restante da linha.
Bolado pelo Renault Design América Latina (RDAL), o traje esporte inclui saia dianteira e faróis de neblina com molduras cromadas. Nas laterais, rodas com cinco raios, aros de 17 polegadas e pinças de freio aparentes, além de maçanetas em cromado fosco.
Na traseira, spoiler integrado à tampa do porta-malas. Dentro, o Renault Fluence GT-Line traz acabamento com detalhes que mesclam cromados, tons cinzas escuros e partes de revestimento em preto brilhante. A série foi repetida em 2015, após a reestilização – e depois de a versão GT ser encerrada.
7 - Karma da Renault
Apesar dos bons argumentos, da qualidade mecânica, do rodar confortável e de ser um usado que vale a pena, o Renault Fluence sofreu no mercado 0km – karma no segmento de sedans médios que vem desde o Mégane. Foram pouco mais de 62 mil unidades licenciadas em quase nove anos de existência no Brasil.
Jamais ameaçou os líderes da categoria, Corolla e Civic, mas também ficou atrás de modelos como Chevrolet Cruze, Nissan Sentra e Volkswagen Jetta. Teve dificuldades até para disputar mercado com Peugeot 408 e Citroën C4 Pallas/Lounge.
8 - Boa safra do Renault Fluence
Indicamos o Renault Fluence 2015 na versão topo de linha Privilége, com câmbio automático CVT de seis marchas virtuais. Já carrega o face-lift de meia-vida e tem preços entre R$ 45 mil e R$ 55 mil nos principais sites de compra e venda de veículos.
Na segurança é equipado com seis airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, câmera e sensor de ré, faróis de xenônio e luzes de condução diurna. No mais, ar-condicionado automático duas zonas, bancos revestidos em couro, retrovisores rebatíveis eletricamente, sensores de luminosidade e chuva, teto-solar, chave tipo cartão e presencial e ajustes de altura e de distância do volante.
Destaque ainda para o sistema multimídia. Se a reestilização da linha 2015 do Renault Fluence foi discreta por dentro e por fora, pelo menos trouxe a central R-Link, com tela de sete polegadas, conexão Bluetooth, GPS nativo da TomTom e Eco Scoring e Eco Coaching – para medir e controlar o consumo de combustível.
9 – Preços de manutenção
O Renault Fluence não tem manutenção muito complexa e as peças são fáceis de encontrar. Contudo, partes externas da carroceria são caras.
Peças do Renault Fluence 2.0:
- Jogo com quatro pastilhas de freio dianteiro: de R$ 120 a R$ 250
- Kit com quatro velas de ignição: de R$ 180 a R$ 280
- Kit troca de óleo (6 litros 10W40 + filtro): de R$ 250 a R$ 410
- Bomba de combustível: de R$ 650 a R$ 1.000
- Jogo de amortecedores traseiros: de R$ 500 a R$ 800
- Farol dianteiro: de R$ 900 a R$ 1.500
- Para-choque traseiro: de R$ 400 a R$ 680
10 - Principais problemas do Fluence
A coluna de direção do Renault Fluence é motivo de muitas reclamações. Existem vários relatos no site do Reclame Aqui e em grupos de donos do sedan sobre a necessidade de troca da peça. Proprietários também costumam se queixar do tanquinho de gasolina para partidas a frio, que volta e meia dá problema.
Fique atento também a estalos vindos da coluna central. Além disso, olhe atentamente a pintura, que costuma apresentar bolhas e manchas, e também ao acabamento de couro – quando for o caso. Faça também uma bela revisão na parte elétrica.
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