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Chevrolet Celta 2012: 10 pontos relevantes do hatch compacto

Compacto popular do início dos anos 2000 foi sucesso de vendas, ganhou o título de mais valorizado algumas vezes e pode ser boa opção de carro urbano

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O Chevrolet Celta foi lançado em setembro de 2000 para ser um concorrente do Uno Mille
O Chevrolet Celta foi lançado em setembro de 2000 para ser um concorrente do Uno Mille Foto: O Chevrolet Celta foi lançado em setembro de 2000 para ser um concorrente do Uno Mille

A escala e otimização são ordens na indústria no caminho da redução de custos. Sempre foi assim e sempre será. Um exemplo dessa estratégia envolveu o Chevrolet Celta. O compacto foi lançado em 2000 para ser o modelo de entrada da fabricante no mercado brasileiro.

Para tal, precisava ser barato. A General Motors, então, pegou a plataforma do Corsa de primeira geração (de 1994) para ser a base do Celta. Logo, o modelo se tornou um dos mais vendidos do país, com 1,7 milhão de unidades emplacadas em 15 anos de história.

Confira os 10 principais fatos sobre o Chevrolet Celta, com destaque para os modelos 2012, com projeto bem amadurecido e custo/benefício interessante.

1 – Como foi a trajetória do compacto da Chevrolet

Entre 1996 e 1997, a General Motors já estava debruçada na segunda geração do Corsa, mas precisava de um carro mais de entrada para brigar na base do mercado com Fiat Uno Mille, Volkswagen Gol 1000 e similares. Ali começou o projeto Arara Azul, que deu origem ao Chevrolet Celta.

O modelo também fez as honras de primeiro carro produzido na então nova unidade da General Motors em Gravataí (RS). Feito sobre a arquitetura do Corsa, o Chevrolet Celta foi lançado em setembro de 2000, seguindo à risca sua proposta: ser um carro simples de entrada para brigar especialmente com o Mille.

Começou apenas na configuração duas portas e com motor 1.0. As versões mais baratas não recebiam conta-giros, o para-choque não era pintado e o ar-condicionado não era nem opcional – só passou a ser no ano seguinte. O acabamento do Chevrolet Celta era dominado pelo plástico rígido de aparência simples. Vale lembrar um detalhe sobre a buzina: era acionada na ponta da haste da seta, em vez de no miolo do volante.

Com o tempo, obviamente, o Chevrolet Celta recebeu melhorias. O 1.0 ficou mais potente e ainda ganhou opção 1.4. Em 2006, passou por uma reestilização, ganhou alguns materiais diferentes no acabamento e deu origem ao sedã Prisma. Em 2011, nova maquiagem na linha 2012 do Chevrolet Celta.

Em 2013, o hatch da GM passou a incorporar os freios com ABS e airbag duplo frontais obrigatórios por lei. Em seus 15 anos, manteve a pegada de ser uma opção simples e barata na gama e conviveu com outros compactos da linha da GM, como Corsa 2, Agile e o próprio Onix. Mas a chegada deste último praticamente selou seu fim, em 2015.

O Chevrolet Onix ajudou a decretar o fim do Celta. O VRUM testou a versão RS do hatch compacto:

https://youtu.be/mQNA61gO67c

2 – Chevrolet Celta foi um dos pioneiros na internet

O Chevrolet Celta foi um dos primeiros carros vendidos pela internet no Brasil. De forma on-line, o preço do modelo de entrada do compacto tinha desconto de 5,6%, e caía de R$ 14.100 para R$ 13.300. Curiosamente, as concessionárias da Chevrolet tinham quiosques com um computador… para que o cliente pudesse fazer a compra digital na loja!

O carro era montado na página do próprio Chevrolet Celta e o cliente podia também escolher acessórios e opcionais e em qual revenda iria receber o modelo. Havia também possibilidades de contratar financiamento pelo Banco GM. Mediante um sinal de R$ 1 mil, o hatch era reservado com a promessa de chegada à concessionária em até quatro dias.

3 – Os motores que equiparam o hatch compacto

O Chevrolet Celta teve basicamente apenas duas capacidades volumétricas de motores em sua trajetória. O principal, obviamente, foi o 1.0. O Família I começou com 60cv de potência e, em 2002, teve a taxa de compressão elevada, recebeu o sobrenome VHC (de Very High Compression) e passou a gerar 70cv.

Três anos depois, o conjunto virou flex, mas manteve a potência com ambos os combustíveis. O maior salto se deu mesmo em 2009. O 1.0 passou por aprimoramentos e o Chevrolet Celta ganhou acelerador eletrônico. Com isso, o novo VHCE (Economy para explicar o “E”) passou a ter 10% mais de potência, com 78cv/77cv, e quase 5% de ganho no torque, com 9,5kgfm/9kgfm.

O grande apelo nesta última calibragem estava no consumo. Segundo a GM, o ciclo na estrada com gasolina era de 17,8km/l. Com o novo tanque de 54 litros, isso garante ao Chevrolet Celta autonomia de cerca de mil quilômetros.

Mas o Chevrolet Celta também teve opções 1.4. Em 2003, as versões topo de linha do hatch foram equipados com essa variante do Família I de 85cv. O motor, contudo, só bebeu gasolina até ser descontinuado na linha, em 2007.

Chevrolet Celta modelo 2005 duas portas motor 1.4 roxo de frente no asfalto
Em 2003, as versões de topo de linha do Celta ganharam a opção de motor 1.4 de 85cv (Foto: Chevrolet/Divulgação)

4 - Desempenho e comportamento dinâmico do pequeno

O modelo nunca teve como proposta entregar emoção ao volante. O Chevrolet Celta dos primeiros anos com motor 1.0 é mais do mesmo em relação a outros “mil cilindradas”. Rende bem ao se pisar pianinho no acelerador, mas sofre bastante em ladeiras e fazer uma ultrapassagem na estrada requer atenção.

O ganho de potência e o aumento na taxa de compressão fizeram bem ao carro, mas nada milagroso. As acelerações ficam discretamente mais espertas, mas ainda é preciso paciência em aclives e situações de retomadas.

Neste contexto, Chevrolet Celta 1.4 é o que entrega um desempenho mais interessante. As arrancadas nem diferem tanto das opções 1.0, mas o motor “maior” trabalha melhor em baixas rotações. Perto das 3.000rpm já se tem boa parte do torque de 11,8kgfm.

O nosso Chevrolet Celta 2012, por sua vez, já é o da fase VHCE do GM Família I. O 1.0 proporciona saídas de semáforo boas e uma performance honesta no trânsito da cidade. Mas também se ressente de mais força em baixos giros.

A aceleração até 100km/h, segundo dados da GM na época, fica em 13,4 segundos, enquanto o consumo urbano com etanol fica na casa dos 7km/l, enquanto com gasolina, entre 10km/l e 11km/l.

Já na dinâmica, o compacto tem um comportamento “ok”. Não dá sustos, porém, não permite abusos em curvas na estrada, já que a carroceria não tem uma das melhores construções em termos de rigidez. Outro ponto é a direção, que não é muito precisa.

5 - Conforto e acabamento padrão dos modelos de entrada

É um compacto, barato e de entrada, então não dá para exigir muito. O espaço para motorista e carona é condizente com o de compactos da época, como VW Gol, Fiat Palio e Ford Fiesta – só mesmo o Uno Mille era fora da curva nesta questão.

A posição de dirigir também não é das melhores e a barra de direção é levemente torta em relação ao banco. Contudo, o carro oferece bons porta-objetos, o banco traseiro comporta dois adultos tranquilamente, o porta-malas é razoável com seus 260 litros e a suspensão, apesar de acerto mais firme, aguenta o tranco.

Chevrolet Celta com o kit off road vermelho de frente na terra
O Chevrolet Celta podia ser equipado com o kit off road, só de adereços, sem mudanças mecânicas (Foto: Chevrolet/Divulgação)

6 – Qual é a boa versão do Chevrolet Celta?

Escolhemos o Chevrolet Celta 2012 na versão LT. Já traz o motor 1.0 com maior potência e acelerador eletrônico, e a reestilização feita um ano antes, quando ganhou nova grade e novo quadro de instrumentos, com coloração azul – chamado Ice Blue pela GM.

Ainda na cabine, volante novo com acabamento prateado na versão LT, enquanto os bancos receberam revestimento mais claro. Porta-copos perto da alavanca do freio de mão e porta-objetos maiores nas portas foram outras novidades do Chevrolet Celta 2012.

Nos equipamentos, o básico do básico. Banco traseiro rebatível, limpador, desembaçador e lavador do vidro traseiro e conta-giros. Ar-condicionado, vidros dianteiros e travas elétricos e direção hidráulica eram opcionais, mas são fáceis de encontrar no mercado de usados, onde os preços do Chevrolet Celta 2012 LT variam entre R$ 23 mil e R$ 28 mil.

7 - Série Piquet e pacote fora de estrada

Acredite, o compacto básico de entrada teve uma série especial em homenagem ao tricampeão de Fórmula 1 – a exemplo do que ocorreu com o primeiro Corsa na década de 1990. O Chevrolet Celta Piquet foi lançado em 2003 e com uma tiragem de apenas 30 unidades.

O inusitado desta edição limitadíssima do Chevrolet Celta era a parceria com a Assolan. Desta forma, as 30 unidades foram sorteadas, todas na cor amarela e com kit aerodinâmico, além de rodas de liga leve com aros de 13 polegadas.

O Celta também teve um kit off road para fazer uma graça para o público que curte visual aventureiro, mas que não estava disposto a gastar muito em um VW CrossFox ou num Fiat Palio Adventure. O pacote era vendido como acessório de concessionária e incluía estribos laterais, quebra-mato dianteiro e traseiro, rack no teto e adesivos – mas não alterava suspensão nem altura do solo,

8 – Como são os preços de manutenção do hatch compacto?

Uma das grandes virtudes do Chevrolet Celta é o seu baixo custo de manutenção. O carro é fácil de mexer, tem mecânica simples e peças baratas, além de molezinhas de encontrar. Confira alguns preços médios de componentes internos e externos do Celta 2012 (valores apurados na terceira semana de outubro de 2022):

  • Jogo de pastilhas dos freios dianteiros: de R$ 70 a R$ 85
  • Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 50 a R$ 80
  • Kit com óleo (quatro litros 5w30 semissintético) e filtro: de R$ 170 a R$ 250
  • Bomba de combustível: de R$ 200 a R$ 400
  • Jogo de amortecedores traseiros: de R$ 350 a R$ 720
  • Farol dianteiro: de R$ 80 a R$ 230
  • Lanterna traseira: de R$ 55 a R$ 100

Chevrolet Celta modelo 2015 prata escuro quatro portas de frente no estúdio
O Chevrolet Celta resistiu até 2015, quando saiu de linha, mas continuou valorizado no mercado de usados (Foto: Chevrolet/Divulgação)

9 - Principais problemas do pequeno do Chevrolet Celta

O Chevrolet Celta é uma fonte de problemas no que diz respeito justamente a vazamentos. Em fóruns de donos do compacto da Chevrolet e no site Reclame Aqui são muitos os relatos de vazamentos de lubrificante (pelas juntas do cárter), de água do radiador (rachaduras no plástico que reveste a peça), de combustível e do fluido da direção hidráulica (quando equipado).

Além disso, fique atento ao motor VHCE. Na época, houve problemas de incompatibilidade do desenho dos pistões com o alumínio utilizado no conjunto, o que ocasionou algumas quebras do propulsor. Tensor da barra estabilizadora, infiltração de água na cabine e bobina de ignição são outras fontes de problemas.

10 - Recall dos airbags com direito a prêmio

O Chevrolet Celta teve poucos recalls, mas um deles chamou a atenção. Em abril de 2021, a GM teve de fazer uma convocação por causa dos airbags mortais da Takata (que protagonizaram o maior chamado da indústria até hoje). Só que a Chevrolet não só convocou os donos de Celta produzidos entre 2012 e 2016, como ofereceu brindes.

Com direito a anúncio no intervalo da novela das 21h da Globo, a GM acenou a quem atendesse ao recall vale-combustível no valor de R$ 500 e a possibilidade de concorrer a três carros zero-quilômetro. Ao todo, foram mais de 91 mil unidades do Celta envolvidas.

O outro recall aconteceu antes. Unidades do Chevrolet Celta produzidas entre 2013 e 2014 foram chamadas para a troca do filtro de combustível.

Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas