Quando se fala em Citroën usado, tem muita gente que chega a arrepiar a espinha ou evocar proteção divina. A má reputação do pós-venda da marca maculou muito a imagem dos carros da fabricante, mas calma que não é assim. Agora que um novo Citroën C3 bate à porta, lembramos que o hatch é um desses automóveis injustiçados da história.
Claro que não quer dizer que ter um Citroën C3 usado de segunda geração seja adentrar às portas do paraíso. Porém, o compacto tem qualidades e está longe de ser o capiroto sobre quatro rodas.
Se estiver bem conservado e com a manutenção correta e em dia – em especial suspensão e lubrificante dentro das especificações – tem tudo para ser uma boa compra. Reunimos 10 fatos sobre o Citroën C3 para você pesquisar melhor e considerá-lo na hora da compra.
1 - Motores e desempenho do hatch compacto
O Citroën C3 teve sua segunda geração lançada no Brasil em 2012 com duas opções de motores. O 1.5 8V da linha TU4M equipou as versões de entrada e nada mais é que o 1.4 com capacidade volumétrica maior e recalibrado.
Desta forma, são 93cv de potência com etanol e 89cv com gasolina a 5.500rpm e torque máximo de, respectivamente, 14,2kgfm e 13,5kgfm a 3.000rpm. Um desempenho bastante suficiente para a cidade. O propulsor tem nível baixo de vibração e força em baixo giro.
O 1.5 foi substituído em 2016 pelo 1.2 de três cilindros. O Pure Tech é referência em eficiência e tornou o Citroën C3 em um dos carros mais econômicos do país à época. Com 12 válvulas, variação nos comandos, bomba de óleo variável, correia banhada em óleo e coletor de escapamento integrado ao cabeçote, gera 90cv (e)/84cv (g) e 12,9kgfm (e)/12,2kgfm (g) a 2.750rpm.
Para quem faz mais questão de desempenho, as versões mais caras do Citroën C3 mantiveram o conhecido EC5. O 1.6 16V produzido no Sul-fluminense começou com 122cv (e)/115cv (g) e 16,4kgfm (e)/15,5kgfm (g), com câmbio manual de cinco ou automático de quatro velocidades.
Com o advento da caixa Aisin de seis marchas – que melhorou muito as arrancadas do compacto –, os Citroën C3 1.6 automáticos tiveram a potência reduzida para 118cv (e)/115cv (g). De qualquer maneira, trata-se de um propulsor que trabalha bem em velocidades mais altas e de cruzeiro, com baixo nível de ruído e aspereza.
Em 2012, o VRUM conferiu o lançamento do novo Citroën C3. Relembre com a gente!
2 - Como é o consumo do Citroën C3 usado?
Os motores usados pelo Citroën C3 usado de segunda geração não chegam a ser beberrões. Como dito, o 1.2 foi o rei da economia, mas o 1.5 também tinha consumo comedido. O ponto fora da curva é o 1.6. Confira as médias dentro dos padrões do Inmetro na tabela do PBEV de 2016 (em km/l).
Motor 1.2 12V
- Consumo etanol urbano: 10,6km/l
- Consumo etanol rodoviário: 11,3km/l
- Consumo gasolina urbano: 14,8km/l
- Consumo gasolina rodoviário:16,6km/l
- Nota categoria: A
- Nota geral: A
- Selo de eficiência energética: Sim
Motor 1.5 8V
- Consumo etanol urbano: 8,0km/l
- Consumo etanol rodoviário: 10km/l
- Consumo gasolina urbano: 11,8km/l
- Consumo gasolina rodoviário:14,6km/l
- Nota categoria: A
- Nota geral: B
- Selo de eficiência energética: Sim
Motor 1.6 16V AT4
- Consumo etanol urbano: 7,9km/l
- Consumo etanol rodoviário: 8,8km/l
- Consumo gasolina urbano: 11,0km/l
- Consumo gasolina rodoviário:12,6km/l
- Nota categoria: D
- Nota geral: C
- Selo de eficiência energética: Não
Motor 1.6 16V AT6 (2019)
- Consumo etanol urbano: 7,6km/l
- Consumo etanol rodoviário: 9,3km/l
- Consumo gasolina urbano: 10,9km/l
- Consumo gasolina rodoviário:13,2km/l
- Nota categoria: D
- Nota geral: C
- Selo de eficiência energética: Não
3 - Comportamento dinâmico do hatch compacto
Produzido em Porto Real (RJ) sobre a plataforma do então Peugeot 208, o Citroën C3 passou a ter uma construção mais firme. Se antes o modelo era bonitinho, mas aparentava fragilidade no rodar, direção extremamente leve e carroceria que torcia muito nas curvas, os aprimoramentos da arquitetura PF1 deixaram o hatch mais “durinho”.
Não que fosse um carro com acerto da engenharia alemã, mas a carroceria melhorou a rigidez e a direção ficou mais direta. E estabilidade também foi aprimorada, notadamente em curvas e em velocidades mais altas na estrada.
4 – Acabamento no nível de compacto premium
No início dos anos 2000, a estratégia da Citroën no Brasil inverteu a ordem de valor na Europa. Aqui, a marca se posicionou como mais premium que a Peugeot, sua companheira de holding PSA. Isso ficou claro em modelos como Xsara Picasso e C4, e mesmo no Citroën C3 de primeira e segunda gerações.
O Citroën C3 lançado em 2012 manteve o bom nível de acabamento, bem mais caprichado e com materiais melhor elaborados que a média do segmento de hatches de entrada. Tanto que o modelo continuou a se posicionar na tal subcategoria de “compactos premium”.
Bancos com abas firmes, painel com plástico de toque mais suave, detalhes nas saídas de ar e nos painéis das portas com bons encaixes tornam a cabine bastante agradável. Ainda tem o volante de base reta e o quadro de instrumentos em três mostradores circulares. Sem falar nos detalhes cromados e que imitam aço escovado das variantes mais caras.
5 – Conforto a bordo do Citroën C3
Como todo hatch compacto, o Citroën C3 tem lá suas limitações. Motorista e carona esbarram os joelhos no acabamento do painel, mas ainda desfrutam de certa folga para os ombros e cabeças.
No banco traseiro não dá para se espreguiçar. Pessoas com 1,73m de altura ficam com os joelhos rentes ao banco da frente. O espaço ali só acomoda bem dois adultos. O porta-malas pelo menos leva razoáveis 300 litros.
A assistência elétrica é um primor na hora de manobrar. A vantagem nesta geração do Citroën é que ela tem assistência mais variável, ficando mais firme conforme a velocidade – ao contrário do primeiro Citroën C3. O isolamento acústico é regular para bom, mas o acerto da suspensão ainda cobra a coluna dos passageiros.
6 - Versão legal para comprar
Para quem quer um carro relativamente equipado e econômico, o Citroën C3 Tendance 2017 pode ser uma boa pedida. Tem preços entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. Na parte de segurança, só conta com os obrigatórios airbags frontais e freios com ABS e EBD. Mas pelo menos é equipado com sensor de ré e luzes de condução diurna.
Na parte de conforto, tem ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico, volante com regulagens de altura e distância, computador de bordo, banco do motorista com ajuste de altura e banco traseiro bipartido.
No estilo, destaque para o para-brisa Zenith – que se estende até depois da primeira coluna –, rodas de liga leve aro 15 polegadas, faróis e lanternas de neblina. O Citroën C3 ainda podia receber central multimídia opcional, com GPS, entrada USB e Bluetooth. Outro opcional possível era o ar-condicionado automático.
7 – Outra versão legal do Citroën C3
Para quem quer a praticidade de um carro automático e mais desempenho, indicamos o Citroën C3 Exclusive 1.6 AT, que era a versão topo de linha em 2019. Além da transmissão de seis marchas, tem a mais que a Tendance 1.2 citada retrovisor eletrocrômico, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, ar-condicionado automático de série, descansa-braço e sensores de luminosidade e de chuva.
Aqui, o sistema multimídia também é de série e mais elaborado, com tela de sete polegadas. Além de HD interno, GPS, conexão Bluetooth e entrada USB, permite espelhamento do smartphone. Os preços do Citroën C3 Exclusive 2019 oscilam entre R$ 60 mil e R$ 68 mil.
8 - As diferentes séries do hatch compacto
Com um ano de vida, a segunda geração do hatch estreou uma série especial. Em 2013, a Citroën apresentou o C3 Xbox One Edition. Com apenas 50 unidades, era vendido com os primeiros consoles da Microsoft feitos no Brasil, juntamente com um ano de acesso gratuito ao Xbox Live, plataforma de jogos on-line.
A série especial custava R$ 49.990 (!!!) e foi baseada na versão Exclusive, com motor 1.6 16V de 122cv (e)/115cv (g). Entre os itens da edição, espelho eletrocrômico, ar automático, controle de cruzeiro, sensores de chuva e crepuscular, rádio com CD Player da Pioneer com entrada USB e Bluetooth, rodas de liga leve aro 16 polegadas, pedaleiras e ponteira do escapamento cromadas, entre outros.
Em 2016, foi a vez da versão Style do Citroën C3. Limitada a 700 unidades, com opções 1.2 e 1.6, agregava itens que só eram encontrados nas configurações topo de linha, o para-brisa Zenith, luzes diurnas de LEDS e rodas de liga-leve aro 16 polegadas – mas com central multimídia como opcional. No visual, soleiras nas portas, detalhes cromados e volante revestido de couro.
Para comemorar os 100 anos da marca, a Citroën lançou em 2019 a edição 100 Anos para toda a linha (Aircross, C4 Lounge e C4 Cactus). No Citroën C3, acabou sendo um dos últimos sopros do hatch compacto, que se despediu da linha de produção no ano seguinte.
Chamada de C3 Origins, a série limitada foi baseada na versão Urban Trail (a aventureira lançada um ano antes). Entre os equipamentos, central multimídia, ar-condicionado automático, direção elétrica, rodas aro 16 polegadas, para-brisa panorâmico, airbumps nas portas e bordados com o nome da edição e grafismos em referência ao deux chevron nos tapetes e bancos.
Nesta série, a cor era branco perolizada, mas o Citroën C3 tinha opção de pintura biton, com teto escurecido. O motor era o 1.6 de 118cv (e)/115cv (g) com câmbio automático de seis marchas.
9 – Como são os preços de manutenção do Citroën C3?
A manutenção de qualquer Citroën sempre inspira cuidados e geralmente implica em componentes mais caros. No caso das variantes 1.2, apesar da eficiência, trata-se de um motor importado, cujos componentes de reposição costumam ser mais caros e difíceis de achar.
Confira os valores de algumas peças da linha Citroën C3:
- Jogo de pastilhas de freio dianteiro do C3 1.2: entre R$ 100 e R$ 140
- Jogo com quatro velas do C3 1.5: entre R$ 60 e R$ 100
- Jogo de amortecedores traseiros do C3 1.6: entre R$ 1.200 e R$ 1.600
- Bomba de combustível do C3: entre R$ 600 e R$ 700
- Conjunto farol dianteiro do C3: entre R$ 900 e R$ 1.200
- Para-choque traseiro do C3: entre R$ 2.000 e R$ 2.700
10 - Problemas e recalls do compacto da marca francesa
Fique atento se o motor do Citroën C3 usado não passou por retífica. Há diversos relatos em fóruns de donos do hatch e no site do Reclame Aqui de modelos que apresentaram rachaduras e vazamentos no bloco do 1.5. Também são constantes as ocorrências de correias dentadas que se partiram antes dos 50 mil quilômetros.
Fique atento também ao estado da suspensão e à parte elétrica – problemas clássicos dos carros da marca francesa. Alternador que rouba carga da bateria e sistema de som que trava também estão no rol de queixas em relação ao hatch.
Também fique atento aos recalls. O Citroën C3 passou por alguns chamados, inclusive o gigantesco recall dos airbags fatais da Takata.
- Troca dos airbags frontais – de 2012 a 2014
- Substituição dos flexíveis dos freios dianteiros – 2012
- Verificação dos rebites da suspensão – 2013
- Troca dos braços da suspensão – 2013
- Conserto do chicote do limpador de para-brisa – 2015
- Troca da rampa de injeção e do servofreio – de 2019 a 2020
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