O mercado é dominado pelos compactos, mas mesmo no segmento abarrotado de concorrentes é possível se destacar. Foi o que aconteceu com o Fiat Punto. Lançado em 2007, o hatch chegou com design fora da mesmice dos padrões do segmento à época e com uma dose a mais de equipamentos.
Isso tornou o Fiat Punto um carro bem cotado no mercado de usados. É fácil achar exemplares bem conservados do hatch, que teve bastante versões e usou motores conhecidos. Confira agora 10 fatos sobre o Fiat Punto.
1 – Como foi a trajetória do hatch compacto?
O Fiat Punto foi lançado globalmente em 2005 e chegou ao Brasil em 2007. Fabricado em Betim (MG), por aqui, o hatch compacto usava a plataforma SCCS adaptada para o mercado brasileiro, com vários elementos do primeiro Palio e suspensões herdadas da minivan Idea.
O hatch começou no mercado brasileiro com os motores 1.4 e 1.8, ambos oito válvulas e aspirados. Dois anos depois, ganhou a versão com propulsor T-Jet. Em 2010, os novos motores E.torQ embalaram a alteração nos nomes das versões de acabamento.
Em 2012, a Fiat promoveu no modelo uma reestilização igual a do Punto Evo europeu e aumentou a potência do 1.4 de 84cv para 88cv. O Fiat Punto ainda experimentou várias edições limitadas ao longo da década passada. Deixou de ser produzido em janeiro de 2017, após 270 mil unidades fabricadas.
2 – O salvador da pátria
O Punto foi um divisor de águas para a Fiat. Não da filial, mas da matriz. A montadora italiana estava em uma crise sem precedentes, quando, em meados dos anos 2000, investiu pesado na nova linha de compactos.
Chamado de Grande Punto lá fora, o hatch foi um sucesso de vendas na Europa e tirou a Fiat da crise. Anos mais tarde, com dinheiro e moral, a fabricante compraria a Chrysler para hoje fazer parte da Stellantis, o quarto maior grupo Automotivo do mundo.
3 - Com a benção da GM
Detalhe que a grana da Fiat para fazer o Grande Punto veio da… General Motors. Em 2000, a gigante norte-americana fechou uma parceria com a italiana: adquiriu 20% das ações da montadora com poder de compra total no futuro.
Só que a GM entrou em sua crise particular nesta época e o contrato previa que, em caso da não compra da Fiat, a estadunidense teria de indenizar a outra parte. Foi o que aconteceu. Grande parte dos US$ 2 bilhões pagos pela GM teriam sido usados no desenvolvimento do Fiat Punto.
Por aqui, o Fiat Punto foi posicionado como um compacto premium. Ficou acima do Palio e abaixo do Stilo na linha de hatches da Fiat. Desta forma, disputava mercado com modelos como Volkswagen Polo, Honda Fit, Citroën C3 e Chevrolet Corsa 2 – apesar de a Fenabrave o posicionar no segmento de médios.
No primeiro ano cheio de vendas, 2008, o Fiat Punto teve 38.571 unidades emplacadas e foi o 17º carro de passeio mais vendido do país. Em 2012, o melhor ano do modelo, com mais de 42 mil licenciamentos. Em 2017, a Fiat optou por tirar Punto e Bravo de linha e colocar o Argo no lugar.
4 – Um pouco sobre o desempenho do Punto
O motor 1.4 aspirado sempre foi o patinho feio da linha Fiat Punto. Com 86cv (e)/85cv (g), sofre nas arrancadas e nas retomadas. É um carro mais indicado para quem quer andar piano na cidade e não tem muitas ladeiras para encarar. Acelera até 100km/h em mais de 13 segundos.
O motor 1.8 8V de origem GM é bem melhor resolvido. Com 115cv (e)/113cv (g) e 18,5kgfm (e)/18kgfm (g) a 2.800rpm, o Família I tem força em baixos giros e responde bem na estrada e na cidade. O câmbio tem as marchas mais altas com relações longas, então é preciso esticar bem, porém, o carro embala forte após os 60km/h.
Só não espere muito do consumo desse 1.8. Na cidade, as médias ficam em 6,5km/l com etanol e 8km/l, com gasolina, e na estrada, em respectivos 8km/l e 11,5km/l. A chegada dos motores da família E.torQ deram um pouco de alento aos bolsos dos donos neste quesito.
Porém, não se anime muito. Com o 1.6 16V de 117cv (e)/115cv (g) são quase 7km/l (e)/10km/l (g) na cidade e 8km/l (e)/12km/l (g) na estrada. Com o 1.8 de 132cv (e)/130cv (g), 6,5km/l (e)/9,5km/l (g) no ciclo urbano e 7,5km/l (e)/11,5km/l (g), no rodoviário. Principalmente porque o motor gira suave em altas velocidades.
Além disso, apesar do rodar áspero, os novos motores são mais modernos. Com o 1.8, então, o Punto fica bem espertinho. Acelera até 100km/h na casa dos 9,5 segundos, com 100% de etanol no tanque.
5 - Mas tem a versão esportiva
Para quem faz questão de desempenho, ainda tem o Fiat Punto T-Jet. O hatch esportivo tem suspensão mais firme e é equipado com motor 1.4 16V turbo a gasolina importado da Itália. Os 152cv e 21,1kgfm sobram no compacto, que promete 0 a 100km/h na faixa dos 9 segundos e máxima limitada eletronicamente em 203km/h.
A primeira leva de Punto T-Jet tem para-choque com entradas de ar maiores e faróis de neblina. Nas laterais, molduras escurecidas nos para-lamas e a inscrição T-Jet nas portas dianteiras. Na traseira, ponteira dupla e moldura preta no para-choque. Rodas exclusivas aro 17 polegadas completam o visual.
Depois da reestilização de 2012, a variante esportiva do hatch adotou novas entradas de ar e detalhes em preto brilhante. Lentes escurecidas nos faróis e rodas iguais às do Punto Abarth europeu dão o tom. Na cabine, parte do acabamento do painel da mesma cor da carroceria.
Nos principais sites de compra e venda de automóveis, exemplares do Fiat Punto T-Jet ano 2016 têm preços entre R$ 55 mil e R$ 65 mil.
6 – Espaço interno limitado
Bonito por fora e acanhado por dentro. Assim é o Fiat Punto brasileiro. Com base do Palio, pouco mais de 4 metros de comprimento e apenas 2,51m de distância entre-eixos, não há milagres. O motorista tem posição boa e ergonômica, mas o espaço para pernas e joelhos é limitado.
No banco traseiro cabem dois adultos sem grandes sobras para esticar as pernas. Além disso, o assento atrás é bem mais baixo e os passageiros de estatura normal não veem muito o que se passa à frente do veículo. O porta-malas leva apenas 280 litros.
7 - Nossa dica de melhor versão e ano
Nossa dica de diversão garantida é o T-Jet, mas se você só quiser um traje arrojado, a pedida é o Fiat Punto na versão Sporting ano/modelo 2014/2015. Com câmbio manual, tem preços na casa dos R$ 40 mil e oferece um conjunto mecânico de manutenção conhecida e bom desempenho.
Entre os equipamentos, o Fiat Punto Sporting oferece airbag duplo, freios com ABS, ar-condicionado, trio elétrico, volante com ajustes de altura e distância e som com CD Player. Tente achar modelos recheados dos opcionais da época, como airbags laterais e de cabeça, sensor de ré, retrovisor eletrocrômico, ar-condicionado automático, vidros traseiros elétricos, Bluetooth no som e até teto solar.
8 – As séries especiais do Fiat Punto
Na sua segunda metade de existência, o Fiat Punto teve tiragens especiais para todos os gostos. Em 2013, a mais famosa, Blackmotion, com vários elementos escurecidos e que depois tornou-se versão de acabamento.
No ano seguinte, duas séries especiais. A primeira foi a Itália, baseada na Attractive 1.4. Depois, veio a SP, vendida apenas em São Paulo e derivada da versão Essence com motor 1.6 16V.
9 – Gastos com manutenção
Como dito, a maior parte das versões do Fiat Punto traz powertrain conhecido e sem grandes mistérios para mexer. Confira agora os preços de alguns componentes do hatch equipado com motor 1.8 16V E.toprQ ano 2015.
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 120 a R$ 200
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 70 a R$ 100
- Bomba de combustível: de R$ 300 a R$ 420
- Kit troca de óleo (5 litros 5w30 + filtro): de R$ 200 a R$ 300
- Amortecedor traseiro: de R$ 450 a R$ 560 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 540 a R$ 710
- Farol direito: de R$ 340 a R$ 470
10 - Principais problemas
Donos de Fiat Punto queixam-se frequentemente de defeitos no sistema de injeção eletrônica e de ruídos na suspensão. Também há relatos de discos de freio empenados, falhas na pintura e quebra das regulagens dos bancos dianteiros.
As versões com o câmbio automatizado Dualogic também rendem reclamações e críticas. Melhor ficar com as opções manuais.
Modelo já passou por algumas campanhas de recall: para substituição do eixo traseiro em Fiat Punto fabricados entre 2009 e 2011; para troca da primeira marcha em unidades produzidas entre 2012 e 2014; para substituição do atuador de embreagem em modelos feitos em 2014; para troca da bobina de ignição em versões com motores 1.6 e 1.8 E.torQ anos 2016/17; e para substituição do alternador de carros feitos em 2016 e 2017.
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