A picape Fiat Toro é um verdadeiro sucesso de vendas desde o seu lançamento. A marca italiana conseguiu fazer uma caminhonete com design arrojado, comportamento de carro de passeio e funcionalidade de um veículo comercial. Neste melhor dos três mundos, atraiu um público picapeiro mais urbano e que não tinha disposição para ir de Toyota Hilux ou Chevrolet S10 para o shopping.
Além de ficar no meio-termo entre as caminhonetes compactas e médias, o modelo atraiu também pela relação custo/benefício e opções de motores. Mas, hoje, concentraremos nas versões flex da Fiat Toro 2022, já com a reestilização.
1 – Um pouco da trajetória da caminhonete intermediária
Pode-se dizer que as primeiras pistas para a Fiat Toro surgiram na forma do carro-conceito FCC4, mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2014. Lançada dois anos depois, a picape herdou boa parte do desenho frontal do show car, que a marca italiana apresentou na ocasião como um cupê de quatro portas.
No lançamento da Fiat Toro, a montadora bateu na tecla que estreava um SUP, ou um Sport-utility Pick-up. Marketing à parte, o fato é que a picape “chegou chegando” em fevereiro de 2016, com versões 1.8 flex e 2.0 turbodiesel, esta com tração 4x4.
Naquele mesmo ano, coube à caminhonete médio-compacta da Fiat estrear o motor Tigershark 2.4, que deixou de ser oferecido na linha 2022 da Toro. Antes disso, o modelo estreou e encerrou versões de acabamento.
Em maio de 2021, a Fiat Toro passou por uma discreta reestilização e ganhou novos equipamentos, já como modelo 2022. Mas a principal novidade foi a troca do motor 1.8 E.torQ pelo propulsor 1.3 turboflex.
2 - Não foi a primeira…
Apesar de ter revolucionado o segmento de picapes médio-compactas e inspirado outras marcas a fazerem o mesmo, a Fiat Toro não foi a que inaugurou a categoria. Em setembro de 2015, a Renault lançou a Oroch, modelo derivado do Duster e com a mesma ideia de ser um veículo comercial intermediário.
3 - … mas é a líder disparada
Porém, de cara, o desenho mais ousado e fluido da Fiat Toro fez a diferença meses depois. Isso sem falar na variedade de versões, o que fez a caminhonete da marca italiana deixar a concorrente Renault muito para trás em emplacamentos.
Atualmente, é a segunda picape mais vendida do país e a líder disparada em seu segmento. Mesmo com a ofensiva das rivais, já que nesse meio-tempo a Chevrolet lançou a Montana e a Oroch foi reestilizada e ganhou motor turboflex.
Claro que a Fiat também se mexeu e reposicionou alguns preços e versões da Toro após a chegada da concorrente da General Motors. Atualmente, são seis versões da Fiat Toro (três flex e três diesel), com preços entre R$ 149.990 e R$ 210.990.
De janeiro a agosto de 2023, a Fiat Toro emplacou 34.053, de acordo com dados do Renavam. A Montana, que começou a ser vendida em março, tem quase 20 mil unidades e a Oroch tem pouco mais de 8 mil licenciamentos no acumulado destes oito meses.
4 - Desempenho bom, consumo ruim
Com foco na Fiat Toro flex, a picape sempre teve desempenho bom. Mesmo com o motor 1.8 E.torq flex. Os 139cv (etanol)/135cv (gasolina) de potência e 19,3kgfm (e)/18,8kgfm (g) de torque máximo antes das 4.000rpm dão boa agilidade à caminhonete, que rende melhor com esse conjunto do que o Jeep Renegade, seu companheiro de plataforma.
Não é um ás de agilidade, obviamente, acelerando até 100km/h em pouco mais de 12 segundos. O câmbio automático de seis marchas atrapalha um pouco essa performance. Além disso, o propulsor tem comportamento áspero e consumo urbano de 6,4km/l com etanol e de 9km/l, com gasolina.
Tem ainda opções da Fiat Toro com o Tigershark 2.4 16V. Esse oferece arrancadas bem mais espertas, com seus 186cv (e)/174cv (g) e a mesma caixa automática de nove marchas das opções diesel. O 0 a 100km/h fica abaixo dos 10s, mas o consumo é sofrível: 6km/l com etanol e de 8,7km/l com gasolina.
A coisa melhorou na linha 2022 da Fiat Toro, com a adoção do turboflex 1.3 da família GSE. O motor de 185cv (e)/180cv (g) mais moderno entrega bom desempenho e rodar mais confortável. Ainda trouxe ganho significativo para as retomadas da picape, graças ao torque de 27,5kgfm disponível nas 1.750rpm.
Mas e o consumo? Pois é, nisso a engenharia da Stellantis ainda está devendo. Médias pouco animadoras na cidade de 6,6km/l com etanol e de 9,5km/l, com gasolina
5 - Plataforma versátil
A Fiat Toro foi o segundo modelo produzido pela então FCA – Fiat Chrysler Automóveis – no Polo Automotivo de Goiana (PE). O modelo usa a plataforma Small Wide LWB, mesma base monobloco do Jeep Renegade, que iniciou os trabalhos da planta pernambucana um ano antes da picape, em 2015.
Essa mesma arquitetura também é usada em diferentes variações (inclusive 4x4) para outros veículos do hoje Grupo Stellantis na mesma fábrica: os Jeep Compass e Commander e a recém-lançada Ram Rampage.
Uma curiosidade é que Fiat Toro e Jeep Compass também usam a mesma… porta dianteira. Por dentro, então, só a maçaneta e alguns detalhes são diferentes.
6 - Tem um quê de Alfa Romeo
Outro detalhe interessante na primeira fornada da Fiat Toro é que o veículo tinha até influência da Alfa Romeo – marca de belíssimos carros que pertence ao grupo italiano. Algumas seções internas das lanternas da picape, como a luz de ré e os olhos de gato, vieram do MiTo.
7 – Confira as capacidades da Fiat Toro
Frisamos mais uma vez que estamos focados nas versões flex da picape. E a chegada da linha 2022 da Fiat Toro com motor turbo fez um bem danado ao modelo. A capacidade da caçamba foi melhor aproveitada e passou de 820 litros para 937 litros. Já a capacidade de carga, que com o 1.8 e o 2.4 era de 650kg, foi a 750kg com o turboflex.
8 - Nossa dica de versão interessante
Indicamos a Fiat Toro Volcano T270 2022/22, que tem preços entre R$ 135 mil e R$ 145 mil nos principais sites de compra e venda. Tais exemplares já trazem o motor turboflex, ainda estão dentro da garantia e geralmente estão pouco rodados.
Além disso, a Volcano é a topo de linha com motor bicombustível. Entre os equipamentos de segurança, sete airbags, controles de estabilidade, tração e subidas, câmera de ré e sensor de estacionamento dianteiro. O modelo oferecia como opcional alerta de colisão frontal e de mudança de faixa e frenagem autônoma de emergência.
No mais, a Fiat Toro traz banco do motorista com ajuste elétrico, chave presencial, carregador de celular por indução, revestimento em couro. central multimídia com tela de 8,4 polegadas, ar-condicionado automático de duas zonas e painel de instrumentos com tela de sete polegadas. Por fora, faróis full LED, capota marítima, rodas de liga leve com aros de 18 polegadas e maçanetas e molduras das portas cromadas.
9 – Uma noção sobre os preços de manutenção da caminhonete
A Fiat Toro 2022 está dentro da garantia e as revisões têm preços apenas razoáveis. Confira:
- 10.000km: R$ 760
- 20.000km: R$ 880
- 30.000km: R$ 760
- 40.000km: R$ 1.060
- 50.000km: R$ 792
- 60.000km: R$ 1.528
Já as peças têm preços condizentes:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 180 a R$ 230
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 80 a R$ 160
- Bomba de combustível: de R$ 320 a R$ 500
- Kit troca de óleo (5 litros 5w30 + filtro): de R$ 400 a R$ 500
- Amortecedor traseiro: de R$ 370 a R$ 490
- Para-choque traseiro: de R$ 900 a R$ 1.200
- Farol direito: de R$ 1.500 a R$ 2.100 (full LED)
10 – Saiba quais são os principais problemas da Toro
Proprietários da picape relatam muitos problemas nos sistemas de freios, que apresentam trepidações e chiados. Também há queixas quanto à fixação de rodas e vida útil curta das baterias. As centrais multimídias das Fiat Toro antes de 2022 também costumam travar e apresentar falhas.
A Fiat Toro passou por algumas campanhas de recall. A primeira foi realizada para a troca do sistema de injeção das versões 2.4, anos 2017 e 2018; depois para substituição dos relés de ignição e injeção de picapes feitas entre 2018 e 2019; para troca dos coxins do motor das Fiat Toro 2019 e 2020; substituição da bomba de alta pressão de modelos fabricados em 2022 e 2023; e troca dos fechos dos cintos de segurança de picapes 2023.
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