Atualmente, o Honda City é o Civic, em uma definição meio esdrúxula, já que o modelo é o único sedan da marca japonesa em versão “civil” no mercado brasileiro. Mas, antes, o três-volumes era tipo a porta de entrada da fabricante, justamente para atrair o consumidor que ainda não tinha bala para pegar o modelo médio mais caro.
Assim nasceu o Honda City no Brasil, em 2009. Sedan compacto, se candidatava entre os “pequenos premium” com uma lista de equipamentos mais generosa e a força da marca japonesa. Desde então e duas gerações depois, é um carro com sua legião de fãs e proposta racional.
Hoje, o Honda City é um carro bem valorizado no mercado de usados, em especial o modelo de segunda geração. Por isso, vamos trazer 10 fatos sobre o Honda City, em especial a partir da linha 2015.
1 – Um pouco da trajetória do sedan compacto da Honda
A história do Honha City é recente apenas no Brasil. O modelo nasceu em 1981, como hatch, mas sua primeira fornada três-volumes só foi lançada em 1996, na Tailândia. Já surgiu com a proposta de carro para os tais mercados emergentes. Apesar da plataforma do então Civic, tinha uma lógica mais racional do que o famoso modelo médio.
Em 2002, a Honda lançou a segunda geração do City, com direito a câmbio CVT. Mas o Brasil só passou a conhecer o Honda City sedan em sua terceira geração, quando o modelo começou a ser produzido em Sumaré (SP) sobre a mesma plataforma do Fit de segunda geração.
Em setembro de 2014, o Honda City estreou nova geração no mercado brasileiro, já como linha 2015. Mais uma vez a base era do Fit, que foi renovado meses antes. Quatro anos mais tarde, a montadora transferiu a produção do modelo para Itirapina (SP).
No fim de 2021, o Honda City sedã mudou novamente, desta vez sem relações com o monovolume, que deixou de ser feito o Brasil. Baseado na quinta geração tailandesa, a gama ainda estreou, em 2022, a variante hatchback, que jamais havia sido vendida ou produzida por aqui.
2 - A quarta geração do Honda City sedan
Vamos nos concentrar na quarta geração do Honda City, ou a segunda brasileira do sedan da marca japonesa, lançada como linha 2015. O modelo compacto chegou em quatro versões de acabamento, sempre com o motor 1.5 16V Flex One, que passou a usar sistema de aquecimento de combustível, dispensando o famigerado tanquinho extra para gasolina.
Com apenas uma versão manual, o restante da linha do Honda City adotou o câmbio automático do tipo CVT, desta vez com sete marchas simuladas. Ainda na parte mecânica, a grande bola fora desta fase do sedan foi trocar os discos dos freios traseiros por tambores.
3 – Seria o sedan compacto o mini Civic?
A estratégia da Honda sempre foi vender o City como porta de entrada para a marca e, a longo prazo, para o Civic. Mas as semelhanças com o renomado sedan médio da fabricante param na carroceria.
Não que o Honda City seja um carro ruim, mas daí a comparar com o Civic vai uma distância. Até porque a primeira geração tinha pecados, como o acabamento ruim – o tapete que revestia o porta-malas foi motivo de chacota na mídia especializada – e a cabine acanhada.
No Honda City linha 2015 de nova geração o conforto melhorou bastante, assim como a mecânica. Mesmo assim, o acabamento e o desempenho ainda deixam evidentes que o sedan é um modelo da lógica para mercados emergentes, com virtudes, porém, com aquela dose de refino limitada.
O mesmo se reflete no Honda City 5, lançado recentemente. Só que essa leva do sedan foi jogada na fogueira. Com o fim de produção do Civic no Brasil, cabe a ela tentar afagar os órfãos do consagrado modelo médio.
4 – Desempenho que não deixa a desejar
O desempenho do Honda City melhorou bastante nesta geração lançada em 2014 como linha 2015. Principalmente no que diz respeito às versões com câmbio automático. A fabricante optou por uma caixa com sete marchas simuladas.
A nova transmissão trabalha melhor com o motor 1.5 16V de 116cv, com etanol, e 115cv, com gasolina. As rotações ficaram mais elásticas, o CVT não segura tanto os giros e o desempenho do carro melhorou, especialmente na cidade.
Claro que o acerto preza pelo conforto no rodar. As acelerações são lineares e seguem a lógica gradual de um CVT, mas as sete marchas ajudam a pontuar um pouco melhor o desempenho e minimizam o efeito enceradeira da caixa continuamente variável.
Outra evolução nessa geração do Honda City foi nas retomadas na estrada, com respostas um pouco mais ligeiras. Contudo, não tem jeito: o torque máximo de 15,3kgfm (etanol)/15,2kgfm (gasolina) só aparece tarde, perto das 5.000rpm, o que requer um pouco de paciência quando se pisa mais fundo no acelerador.
5 – Números de consumo do Honda City sedan
O bom é que o sedan compacto ficou econômico nesta fase. Confira as médias de consumo do Honda City 2015 de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular da época (em km/l). Detalhe é que todas as versões receberam o selo de eficiência energética e nota A do Inmetro na tabela 2016.
Honda City 2015 1.5 manual
- Etanol cidade: 8,6km/l
- Etanol estrada: 10,3km/l
- Gasolina cidade: 12,4km/l
- Gasolina estrada: 14,6km/l
Honda City 2015 1.5 CVT
- Etanol cidade: 8,5km/l
- Etanol estrada: 10,3km/l
- Gasolina cidade: 12,3km/l
- Gasolina estrada: 14,5km/l
6 – Pontos positivos e negativos no quesito conforto
Em relação aos sedans da época, o Honda City se situava naquele subsegmento dos tais “compactos premium”. A primeira leva do modelo, contudo, peca pelo espaço interno, em especial o teto baixo e a suspensão bastante dura.
No Honda City 2015, o da segunda geração nacional, muitos pontos foram melhorados neste aspecto. A começar pela suspensão, que recebeu componentes mais leves e batente hidráulico na frente (McPherson), justamente para minimizar as batidas secas e chocalhos excessivos ao passar em buracos e quebra-molas.
Na traseira (por eixo de torção), a filtragem melhorou também, com as buchas hidráulicas e calibragem mais firme. Mesmo assim, está longe de ser o suprassumo em termos de isolamento das imperfeições da pista.
Na cabine, o motorista tem posição boa de dirigir e bancos que acomodam melhor costas e pernas. Os 5cm a mais de distância entre-eixos (2,60m no total) e o assoalho plano melhoraram muito a experiência a bordo dos passageiros traseiros do Honda City 2015. Outro destaque é o porta-malas, com 536 litros, maior até que o de sedans médios atuais.
7 – Acabamento interno é simples, mas honesto
Em relação à primeira geração, o tratamento dos materiais no habitáculo do Honda City 2015 melhorou significativamente. A despeito do visual datado (já para a época) e o design sem grandes inspirações, o painel é diferente do usado no Fit e os materiais aparentam um pouco mais de qualidade.
O plástico rígido, porém, impera. Mesmo assim, não há sinais aparentes de falhas nos encaixes e fechamentos. Os revestimentos de bancos, painéis das portas e teto, assim como do porta-malas, seguem um padrão regular.
8 – Qual a boa versão do Honda City sedan?
Indicamos o Honda City EXL, que era a versão topo de linha. Na segurança, leva quatro airbags, Isofix e câmera de ré – sem o sensor com o “pipipi”. No conforto, destaque para ar-condicionado automático, trio elétrico, revestimento de couro, descansa-braço traseiro e dianteiro e ajustes de altura e distância do volante.
Controle de cruzeiro, aletas no volante para troca de marchas e rodas de liga-leve também fazem parte. A central multimídia em tela de cinco polegadas tem USB e Bluetooth, mas, além do design vintage, é ruim de operar. Nos principais sites de compra e venda de veículos, o Honda City EXL ano 2015 tem preços entre R$ 60 mil e R$ 70 mil.
9 – Gastos com a manutenção do sedan compacto
A manutenção do Honda City não é nenhuma maravilha de barata, mas também não custa um fígado. O motor 1.5 é bem visto nas oficinas de reparação e os preços de alguns componentes seguem o padrão da categoria de compactos.
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 100 a R$ 200
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 100 a R$ 290
- Bomba de combustível: de R$ 220 a R$ 450
- Kit troca de óleo (4 litros 0w20 + filtro): de R$ 300 a R$ 580
- Amortecedor traseiro (par): de R$ 470 a R$ 700
- Para-choque traseiro: de R$ 460 a R$ 680
- Farol direito: de R$ 300 a R$ 600
10 – Os principais problemas do Honda City
Uma das principais queixas referentes a esta geração do Honda City, em especial nos primeiros anos (2014 e 2015), está no motor de arranque. São relatos que o carro não pega de primeira ou que demora a ligar, devido a um defeito no porta-escova do conjunto. A peça recebe energia da bateria para criar um campo magnético entre a bobina e o induzido na hora da partida.
O câmbio do tipo CVT também é outra fonte de reclamações. Fique atento a ruídos e travamentos na transmissão. Além disso, veja se as trocas do fluido da caixa estão em dia – os intervalos são curtos, a cada 40 mil quilômetros. Na parte da carroceria, olho vivo a pontos de ferrugem e estufamento na lataria, especialmente na tampa do capô.
O Honda City sedan já foi convocado para recall referente à troca do tanque de combustível e de seu sensor, nas unidades produzidas entre 2014 e 2015.
Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, dicas e testes