Pode-se dizer que o Tucson foi um divisor de águas para a Hyundai no Brasil. O SUV chegou para brigar entre os médios da época, só que com uma estratégia agressiva de preços e de marketing. Foi a partir do Hyundai Tucson que o Grupo Caoa, representante da marca sul-coreana, passou a investir pesado em mídia para evidenciar o carro.
Deu certo. O Hyundai Tucson foi um dos mais vendidos do seu segmento por quase toda a vida. E ajudou a transformar a imagem da Hyundai, e alçar a marca sul-coreana para entre as cinco maiores do mercado brasileiro em participação de mercado. Veja agora 10 fatos sobre o Hyundai Tucson 2010.
1 – A trajetória de um SUV de sucesso
A história do Hyundai Tucson no Brasil começou em 2005, quando o SUV chegou importado da Coreia do Sul em duas versões e com dois motores. À básica GL cabia o propulsor 2.0 16V da família Beta. Já a mais completa, GLS, era vendida com o 2.7 V6, da linha Delta.
As opções de câmbio eram o manual de cinco marchas ou o automático, de quatro velocidades. Dois anos depois, a GLS passou a também ter uma variante 2.0.
A grande mudança para o Hyundai Tucson ocorreu mesmo em 2010. Foi quando o Grupo Caoa passou a montar o utilitário-esportivo na fábrica de Anápolis, em Goiás. Porém, o motor V6 deu adeus à linha e o modelo passou a ser vendido apenas com o motor 2.0 litros – que iria acompanhá-lo pelo resto de sua existência.
Em 2012, esse mesmo conjunto mecânico virou flex, enquanto o SUV convivia com uma geração mais atual. Quatro anos depois, o Hyundai Tucson 3 chegou ao mercado brasileiro, mas o veterano crossover continuou em produção na unidade goiana até 2018.
2 – Com a força do marketing
A Hyundai sempre foi conhecida pelo marketing agressivo e isso começou com o Tucson. Desde o lançamento, campanhas massivas em horário nobre da TV e nas capas dos principais jornais do país ditavam a estratégia da montadora em uma época onde redes sociais não existiam e o Twitter engatinhava.
As ações do Grupo Caoa renderam muitos frutos, que moldaram a imagem da Hyundai como uma marca tecnológica e inovadora. Sem falar, claro, nas vendas. Com menos de dois anos de mercado, o Hyundai Tucson tornou-se líder da categoria de médios e o segundo SUV mais emplacado do país, atrás apenas do Ford EcoSport.
Só de 2006 a 2010, as vendas do Hyundai Tucson saltaram de 3.500 unidades no ano para mais de 28 mil unidades. O nível de licenciamentos só recuou mesmo após a convivência com o ix35 – leia adiante – e com a avalanche de SUVs compactos lançados a partir de 2015. Mesmo assim, em 11 anos, foram quase 200 mil carros comercializados.
Veja as vendas do Hyundai Tucson ano a ano:
- 2005: 557
- 2006: 3.564
- 2007: 12.343
- 2008: 19.637
- 2009: 28.867
- 2010: 28.044
- 2011: 18.022
- 2012: 20.962
- 2013: 16.213
- 2014: 18.176
- 2015: 11.275
- 2016: 11.203
- 2017: 5.032
- 2018: 5.179
- Total: 199.074
3 – Um SUV brasileirinho
A Hyundai Caoa começou a fabricar o Tucson em Anápolis, na unidade que recebeu investimento inicial de R$ 1,2 bilhão à época, O modelo do negócio seguiu mais ou menos o do Grupo Souza Ramos (hoje HPE) com a Mitsubishi em Catalão (GO), com a Caoa pagando royalties à matriz pela licença e montagem de produtos, e transferência de tecnologia.
Mesmo com a chegada da Hyundai Motor Brasil para produzir a linha HB20 e o Creta, o Grupo Caoa seguiu com a operação em Goiás – onde começou a montar também o caminhãozinho HR. A unidade chegou a ser cotada para fazer o Santa Fe e o sedan Elantra, mas iniciou a produção mesmo dos sucessores do Hyundai Tucson e dos SUVs da Caoa Chery, formada em 2017.
4 - Três ao mesmo tempo
Curiosamente, o Brasil não foi só o único local onde o primeiro Hyundai Tucson perdurou, como também foi o único país a fazer, em uma mesma fábrica, as três gerações do modelo. Isso porque, em 2010, o Hyundai Tucson já tinha uma nova geração, chamada por aqui e em outros mercados de ix35.
O Grupo Caoa, então, comprou o maquinário da plataforma J3 do “velho” Tucson e começou a fabricá-lo em 2010 na unidade goiana com 40% de índice de nacionalização. Naquele mesmo ano, iniciou a importação do ix35 da Coreia.
Porém, em 2013, logo após a chegada do motor flex, o ix35 também passou a ser montado no Brasil sobre a arquitetura J4. Eis que, em 2016, é lançado o terceiro elemento na fábrica, o New Tucson, feito sobre a arquitetura J6 e com motor turbo da linha Gamma, com 177cv de potência. Durante dois anos, os três Hyundai Tucson foram feitos simultaneamente na planta.
5 – Um pouco sobre o desempenho do Hyundai Tucson
O Tucson 2010 com o motor 2.0 puramente a gasolina tem desempenho naquele nível “interessante”. Os 142cv de potência do motor Beta entregam força suficiente para mover o SUV de 1.549kg, mas não espere um 0 a 100km/h abaixo dos 11 segundos, ainda mais com o câmbio automático de quatro marchas.
Na estrada, ao atingir velocidades maiores, o Tucson embala bem. Nas ultrapassagens, é preciso reduzir a marcha ou pisar bem no acelerador – no caso do automático, há uma imprecisão entre a segunda e a terceira – para encher o motor, que só tem o torque de 18kgfm em sua plenitude lá pelas 4.500rpm.
Depois que virou flex, o Hyundai Tucson ficou mais esperto em médias rotações. Mas nada muito empolgante. Ou que valha o consumo exagerado do utilitário-esportivo, como veremos a seguir.
6 - Consumo alto é seu ponto fraco
É um dos grandes problemas do Hyundai Tucson, mesmo com o 2.0 e nacionalizado em 2010. Veja as médias aferidas na época pelos principais sites e revistas especializados.
Hyundai Tucson 2.0 a gasolina
- Consumo urbano: 8km/l
- Consumo rodoviário: 10km/l
Hyundai Tucson 2.0 a gasolina AT
- Consumo urbano: 8km/l
- Consumo rodoviário: 9,5km/l
Hyundai Tucson 2.7 V6 a gasolina AT
- Consumo urbano: 6,5km/l
- Consumo rodoviário: 9km/l
Hyundai Tucson 2.0 flex
- Consumo urbano etanol: 5,4km/l
- Consumo rodoviário etanol: 6,8km/l
- Consumo urbano gasolina: 8,5km/l
- Consumo rodoviário gasolina: 10km/l
Hyundai Tucson 2.0 flex AT
- Consumo urbano etanol: 5,2km/l
- Consumo rodoviário etanol: 6,6km/l
- Consumo urbano gasolina: 7,2km/l
- Consumo rodoviário gasolina: 9km/l
7 - Espaço e conforto
Neste quesito, o SUV se dá bem. Médio espaçoso para a época, oferece posição alta e confortável de dirigir, apesar do volante ter uma pegada meio esquisita. O banco traseiro recebe bem dois adultos.
O acerto da suspensão é bem melhor que no ix35. Tem calibragem bem mais firme do que a do sucessor e, mesmo assim, o Hyundai Tucson filtra bem a buraqueira, com direito a um elogiável jogo independente multibraço na traseira.
O Hyundai Tucson ainda merece muitos aplausos pelo ótimo porta-malas de 528 litros, largo e com bom vão para receber bagagens de diferentes tipos e tamanhos. Fora o fato de o SUV ter uma carga útil de impressionantes 588kg. No mais, isolamento acústico e acabamento interno são apenas satisfatórios.
8 - Nossa dica de melhor versão do Tucson
Para quem quer um SUV confortável por menos de R$ 50 mil, a sugestão é o Hyundai Tucson 2010 linha 2011, na versão GLS 2.0 automática. Tem preços entre R$ 38 mil e R$ 46 mil nos principais sites de compra e venda de veículos (levantamento na última semana de outubro de 2023).
O veículo é relativamente equipado. Na segurança, por exemplo, o Hyundai Tucson GLS 2010/2011 oferece airbag duplo e freios com ABS – mas o sensor de ré era opcional, assim como o couro nos bancos. Ar-condicionado automático, retrovisores rebatíveis eletricamente, trio elétrico, sensores crepuscular e de chuva, controle de cruzeiro e som com CD Player completam a lista.
9 – Uma ideia sobre a manutenção do SUV
Está longe de ser um carro com manutenção simples. A boa venda de modelos com o conjunto 2.0 litros tornou os componentes mecânicos fáceis de achar, mas itens da parte elétrica e de acabamento interno e externo são mais complicados.
Confira os preços de algumas peças do Hyundai Tucson 2010/11 2.0:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 180 a R$ 290
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 80 a R$ 120
- Bomba de combustível: de R$ 250 a R$ 470
- Kit troca de óleo (4 litros 5W30 + filtro): de R$ 260 a R$ 400
- Amortecedor traseiro: de R$ 800 a R$ 1.200 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 460 a R$ 750
- Farol direito: de R$ 280 a R$ 450
10 – O principais problemas do Hyundai Tucson
O Hyundai Tucson tem fama de problemas na caixa de direção, com relatos de donos que tiveram de trocar todo o conjunto. Então, verifique no modelo que você está interessado se o volante apresenta folgas e trepidações em demasia, além de ruídos estranhos.
Fique atento também aos discos dos freios, que empenam com facilidade, e aos componentes da suspensão, que têm vida útil curta. Como as peças de acabamento são difíceis de achar, confira os revestimentos da cabine.
Esta primeira geração do SUV teve um recall para troca do interruptor das luzes de freio em unidades feitas em 2008.
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