Uma das primeiras marcas que percebeu que o conceito de SUV urbano não era uma simples modinha foi a Renault. Tanto que o Renault Duster foi o primeiro concorrente direto e real do Ford EcoSport. Lançado em 2011, o modelo da marca francesa se valeu da plataforma B0 do Sandero para ser um utilitário com porte maior, com espaço de modelo médio e robustez. Tudo isso com a promessa de relação custo/benefício melhor, que hoje se repete no mercado de usados.

Desde então, o utilitário-esportivo da Renault passou por mudanças, teve diferentes motores e versões, mas perdeu um pouco do apelo racional. Por isso, vamos focar na linha 2015 do Renault Duster.

1 – A trajetória de um SUV compacto com bom espaço interno

O lançamento oficial do Renault Duster ocorreu em outubro de 2011. Projeto original da romena Dacia, apresentado no Salão de Genebra de 2009 e feito sobre a base da dupla Logan/Sandero, o SUV chegou para rivalizar diretamente com o Ford EcoSport, líder absoluto e solitário do segmento de crossovers compactos até então.

A lógica do Renault Duster era a mesma do rival. Usar a base de carro de passeio para quem quer um veículo alto e com pinta de aventureiro para ir ao shopping ou levar os filhos à escola. Tanto que foi lançado com os mesmos motores 1.6 do sedan e hatch compactos, e 2.0 que servia ao Mégane.

Assim como Logan e Sandero, o SUV produzido em São José dos Pinhais (PR) sempre teve design conservador e simples em nome da redução de custos. Algumas séries especiais depois, o Renault Duster passou pela primeira atualização em 2015. Mudou grade, faróis, para-choques e passou por uma discreta melhora no acabamento interno.

Ainda em 2015, o Renault Duster estreou a edição limitada Dakar. No ano seguinte, o motor 1.6 SCe entrou no lugar do Hi-Flex e o SUV compacto passou a ser equipado com direção eletro-hidráulica – antes, a assistência era puramente hidráulica.

O Renault Duster também teve variante automática de quatro marchas e 4x4, mas esta apenas com a caixa manual. Passou a oferecer câmbio CVT opcional nas versões 1.6 só depois, em 2019. Ainda teve tempo de uma série especial GoPro antes de ganhar nova geração, em março de 2020, uma semana antes de o Brasil começar a viver o drama da pandemia da COVID-19.

A avalanche de novos SUVs a partir de 2015 deixou o Renault Duster meio que na sombra em termos de emplacamentos. Em 2022, estreou o novo motor turbo 1.3 TCe, fruto da aliança da Renault e Nissan com a Mercedes-Benz.

Mesmo assim, continua atrás nas vendas. No primeiro semestre de 2023, foram 10.773 unidades e o posto de 10º SUV mais emplacado do país.

2 - Que nome é esse?

Estranhou o nome do SUV de origem romena? Mas é isso mesmo: poeira, em inglês. Na verdade, a ideia é falar que o Renault Duster enfrenta e levanta poeira para reforçar sua proposta robusta e um “quê” fora de estrada – apesar de ter perdido a variante com tração nas quatro rodas na virada para a geração 2.

3 – Espaço interno é seu ponto forte

Você pode torcer o nariz para o desenho e o acabamento do Renault Duster, mas não tem do que reclamar em termos de conforto. Com 2,67 metros de distância entre-eixos e largura de 1,82m, o SUV oferece bem mais espaço que a maioria dos concorrentes.

Apesar da posição esquisita de dirigir – problema crônico nos projetos da Dacia –, motorista e carona ficam bastante à vontade. O banco traseiro acomoda tranquilamente três adultos e o porta-malas recebe todo tipo de bagagens com seu amplo vão e 475 litros de capacidade.

4 – Já o acabamento interno...

Um dos dramas da família Dacia é também o do SUV. O acabamento é excessivamente simples, com plásticos de qualidade ruim por toda a parte. Vamos combinar que, para a época, nada muito diferente do que a Ford oferecia no EcoSport.

Na reestilização de 2015, o Renault Duster trocou alguns materiais e adotou um design menos datado em partes da cabine, além de um preto brilhante para tentar emprestar algum sopro de requinte. Mas a visão geral ainda deixa a desejar e há falhas aparentes de fechamentos e alinhamento de peças.

5 – E como é o desempenho do Renault Duster?

O motor 1.6 é uma beleza para um carro como o Sandero, mas pena para mover os 1.300kg do Duster. O multiválvulas de 115cv com etanol e 110cv com gasolina precisa de giro alto para fazer o jipão sair do lugar.

A mudança para o SCe de 120cv melhorou um pouco o quesito consumo, mas também não faz milagres. O Renault Duster só embala mesmo em rotações médias e depois da terceira marcha em diante.

O motor mais bem disposto é o velho 2.0 litros de quatro cilindros. Os 142cv (e)/138cv (g) movimentam o Duster sem maiores problemas. As arrancadas são até ágeis, mas é preciso explorar bem o câmbio manual – aqui, com seis marchas.

Com a velha caixa automática de quatro marchas há muitas imprecisões e o consumo, que já não é uma maravilha, piora significativamente. O câmbio CVT até podia ajudar, mas ele só foi disponibilizado para as opções 1.6 SCe depois de 2017.

6 - Nossa dica sobre a melhor versão do SUV

Indicamos o Renault Duster 2015 na versão Dynamique com motor 2.0, que era a topo de linha. Tem preços entre R$ 49 mil e R$ 55 mil e já vem com as mudanças do primeiro facelift do SUV: nova grade preta, novos para-choques, faróis redesenhados e lanternas traseiras de LEDs.

Por dentro, novo quadro de instrumentos com iluminação branca, detalhes no painel em preto brilhante e central multimídia Media Nav (com GPS, tomada USB e Bluetooth) atualizada. Na segurança, o Renault Duster 2015 traz apenas os obrigatórios airbag duplo e freios ABS, além de sensor de ré.

Completam a lista ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, banco do motorista com regulagem de altura, capô sustentado por amortecedores, lavador, limpador e desembaçador do vidro traseiro e encosto do banco de trás rebatível e bipartido. Oferecia revestimento em couro como opcional, mas o volante tem ajuste de altura.

7 - Renault Duster teve até versão 4x4

Esta primeira geração do Duster também teve versões com tração nas quatro rodas. A opção surgiu na linha 2013 do utilitário esportivo. O 4x4 no modelo da Renault está sempre associado ao motor 2.0 16V e ao câmbio manual de cinco marchas – nunca teve esta configuração com a transmissão automática.

O sistema de tração sob demanda até credencia o Renault Duster para aquele fora de terra light. Lembrando que o SUV tem uma boa distância em relação ao solo, de mais de 21cm, além de ótimos ângulos de ataque (30 graus) e de saída (35 graus).

8 – Destaque para a série especial Dakar

Em 2015, a Renault também lançou o Duster Dakar com motores 1.6 e 2.0, este com opções AT ou 4x4. No design, um selo “Dakar Spirit” na parte inferior das portas, o emblema do nome da edição limitada abaixo dos espelhos, rodas diamantadas escurecidas aro 16 polegadas e pneus 215/65 mais largos.

Na cabine, os encostos de cabeça e o volante também receberam emblemas. Nos equipamentos, central Media Nav com tela de sete polegadas e novos recursos, como câmera de ré e conexão com iPhone, GPS com informações de trânsito em tempo real e funções Eco Coaching e Eco Scoring para monitorar o consumo de combustível.

9 – Como são os preços de manutenção do Duster

O SUV tem custos de manutenção compatíveis com a categoria, mas que na época tinham fama de mais baratos que seu principal rival, o EcoSport. Quanto às peças, confira o preço de alguns componentes do Renault Duster 2015 2.0:

• Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 100 a R$ 150
• Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 90 a R$ 130
• Bomba de combustível: de R$ 350 a R$ 470
• Kit troca de óleo (6 litros 10W40 + filtro): de R$ 270 a R$ 360
• Amortecedor traseiro: de R$ 350 a R$ 520
• Para-choque traseiro: de R$ 750 a R$ 1.100
• Farol direito: de R$ 420 a R$ 600

10 - Principais problemas do SUV compacto

Fique atento a trepidações excessivas no pedal da embreagem. O Renault Duster 2.0, segundo relatos de donos, tem problema crônico no atuador da embreagem. Há também queixas em relação à transmissão automática de quatro velocidades, a folgas na barra de direção e a falhas no sistema de injeção eletrônica.

Também preste atenção no consumo de óleo do motor, que costuma ser elevado. Isso em um carro que bebe 6 litros de lubrificante a cada troca.

O Renault Duster já foi convocado para algumas campanhas de recall. A primeira delas para troca do airbag do motorista em unidades fabricadas entre 2014 e 2019. Depois, para substituição dos parafusos do eixo e da suspensão, e da mangueira da direção em modelos feitos em 2016; para substituição do servofreio nos SUVs produzidos em 2017 e 2018; para regulagem da lubrificação em carros anos 2019 e 2020; e para reposicionamento do tubo do ar-condicionado e conserto do cilindro de ignição de veículos fabricados em 2020.

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