Peruas estão para se tornar clássicos do nosso mercado. Isso porque elas sumiram em prol de minivans, num primeiro momento, e de SUVs como opção de carro familiar. Porém, para quem curte um veículo deste tipo raiz, as station-wagons repousam tranquilas no mercado de usados, como a Renault Mégane Grand Tour.
A station-wagon derivada do sedan médio teve vida curta no Brasil, mas pode-se dizer que garantiu seu pequeno brilho nos seis anos de mercado. Isso porque a Grand Tour reunia o conforto e bossas do Mégane e, no fim de sua existência, ainda apostou em uma relação custo/benefício que hoje ainda se reflete no segmento de veículos de segunda mão. Veja agora 10 fatos sobre a Renault Mégane Grand Tour.
1 – Uma trajetória curta no Brasil
A Renault Mégane Grand Tour foi lançada em novembro de 2006, quase sete meses após a estreia da segunda geração do Mégane. A chegada ao mercado se deu em duas versões (Expression e Dynamique) e dois motores para a linha: 1.6 flex e 2.0 a gasolina, ambos multiválvulas, mas só a motorização maior tinha opcional de câmbio automático.
Em 2008, surgiu uma nova configuração topo de linha, a Privilége, mas a perua produzida em São José dos Pinhais (PR) foi ter até série especial com design esportivo, a Extreme, em 2009. No ano seguinte, facelift, mas, com o esvaziamento do segmento, a Renault resolveu focar na relação custo/benefício da Grand Tour.
Em 2010, a Renault Mégane Grand Tour passou a ser vendida apenas em uma versão, a Dynamique 1.6. Com preço competitivo, espaço de sobra e lista interessante de equipamentos, conseguiu se manter no mercado por mais dois anos.
2 - Taxistas a fizeram durar mais que o sedan
A jogada com a Renault Mégane Grand Tour foi bem pensada. Ao enxugar a linha da perua, a montadora garantiu bom volume de vendas diretas. Os emplacamentos para locadoras e taxistas – no Rio, por exemplo, foi uma enxurrada do modelo na frota amarelinha – garantiram a produção até 2012, com as vendas sendo encerradas em 2013, ou seja, três anos após o Mégane sedan sair de linha.
3 – Os rivais sumiram do mercado
A Renault Mégane Grand Tour chegou com ainda rivais brabos em um segmento de stations médias, que, como dito, perdia espaço. Em seu primeiro ano cheio, 2007, a perua da Renault emplacou 5.833 unidades e ficou atrás da Toyota Fielder (8.511), mas à frente da Peugeot 307 SW, que era importada e entregou apenas 1.400 unidades.
Em 2008, a Renault Mégane Grand Tour perdeu vendas, mas já era líder da categoria, com 4.279 unidades, contra 2.718, da Fielder. Com a Toyota fora do segmento, em 2009 a perua da Renault reinou absoluta e anotou 2.428 unidades, mais que o dobro da principal concorrente da época, a Volkswagen Jetta Variant (1.082).
A reestilização de 2010 e o foco em uma única versão mais competitiva deram resultado. No ano seguinte, as vendas da station saltaram para 9.810 unidades, sendo 40% de vendas diretas. Em seu último ano de produção, a Renault Mégane Grand Tour se despediu com quase 10 mil unidades. Ao todo, foram mais de 35 mil carros licenciados em seis anos.
4 – E como é o desempenho da Renault Mégane Grand Tour
A Renault Mégane Grand Tour com motor 1.6 16V flex é aquele carro que dá conta do recado. São 115cv de potência com etanol e 110cv, com gasolina, que conferem arrancadas dignas. O câmbio manual de cinco marchas com as primeiras relações levemente curtas ajudam a mover o carro de 1.300kg.
Segundo dados da época, a Renault Mégane Grand Tour com o 1.6 acelera até 100km/h em menos de 13 segundos. Nas retomadas, o torque de 16kgfm (etanol)/15,2kgfm (gasolina) já desperta o motor antes das 4.000rpm.
Neste conjunto, só não espere consumo animador. Com etanol, as médias ficam em torno dos 7km/l na cidade. Com gasolina, não chega a 9km/l no ciclo urbano, segundo medições com a Renault Mégane Grand Tour 1.6 de 2012.
5 - Com o motor 2.0…
A coisa muda de figura com a Renault Mégane Grand Tour equipada com motor 2.0 16V. Os 138cv (na perua esse propulsor só bebe gasolina) asseguram certa agilidade nas arrancadas, com 0 a 100km/h na faixa dos 10 segundos. As retomadas também são levemente espertas, com a maior parte dos 19,2kgfm disponíveis em 3.500rpm.
No caso do 2.0, o câmbio manual de seis marchas colabora para um desempenho mais legal. E a sexta marcha funciona como um overdrive para aliviar um pouco a sede do conjunto mecânico, mas não espere nada muito melhor que um ciclo urbano de 8,5km/l.
Com a caixa automática de quatro marchas, a Renault Mégane Grand Tour tem seu conforto realçado. Porém, a transmissão se mostra meio claudicante em médios giros. E o consumo fica abaixo desses 8km/l.
6 – Conforto digno de uma boa perua
A maior virtude da Renault Mégane Grand Tour está no espaço interno. Com 4,50m de comprimento e 2,68m de distância entre-eixos, a perua recebe bem cinco ocupantes adultos. E ainda demonstra versatilidade para viagens, com seu amplo porta-malas de até 520 litros, com vão generoso para receber bagagens de todos os tamanhos.
Na condução, motorista tem posição ergonômica de dirigir e boa visibilidade na maior parte do tempo. A direção com assistência elétrica é uma maravilha na hora de estacionar e há espaço suficiente para pernas, joelhos e ombros.
O isolamento acústico é outro destaque, mas o acabamento de forma geral é apenas razoável. Há falhas no alinhamento de portas e painéis, e plástico de qualidade questionável nos revestimentos.
Já o comportamento da suspensão merece elogios. O acerto do eixo de torção traseiro absorve bem as irregularidades da pista. Não faz a cabine sacolejar e ainda ajuda numa boa dinâmica da Renault Mégane Grand Tour em curvas na estrada.
7 - Nossa dica sobre uma boa versão da station-wagon
Indicamos justamente as Renault Mégane Grand Tour 2012 na fase de versão única Dynamique. São as do último ano de produção e as mais novas, com preços entre R$ 27 mil e R$ 33 mil nos principais sites de venda de carros usados do país.
Além disso, esses modelos oferecem uma lista de equipamentos interessante. O modelo 2012 da perua vem com airbag duplo, freios com ABS e EBD, faróis com refletores duplos e regulagem de altura e cinto de segurança de três pontos para os cinco ocupantes.
A station-wagon ainda é equipada com ar-condicionado automático, trio elétrico, sensores de luminosidade e de chuva, piloto automático, volante com ajustes de altura e de distância e encosto traseiro rebatível e bipartido. O som é simples, com CD Player. Por fora, rodas de liga leve aro 16 polegadas e faróis de neblina.
O modelo traz umas bossas do Mégane sedan bem diferentonas para a época. Em especial a chave-cartão para partida do motor e o freio de estacionamento no estilo manche de avião.
8 – Uma ideia sobre a manutenção e seus preços
O motor 1.6 costuma ser simples de mexer nas principais oficinas. E o custo de peças é bastante razoável para uma station wagon média. Confira os preços de algumas peças da Renault Mégane Grand Tour 1.6:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 120 a R$ 210
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 70 a R$ 100
- Bomba de combustível: de R$ 190 a R$ 300
- Kit troca de óleo (5 litros 10W40 + filtro): de R$ 170 a R$ 330
- Amortecedor traseiro: de R$ 360 a R$ 500
- Para-choque traseiro: de R$ 400 a R$ 660
- Farol direito: de R$ 420 a R$ 700
9 - Principais problemas da Renault Mégane Grand Tour
Os primeiros anos da Renault Mégane Grand Tour são problemáticos quanto a para-brisa que trinca e panes elétricas. O modelo também apresenta falhas no acabamento, como portas desalinhadas – veja se elas fecham numa boa –, infiltração na cabine e para-choques de borrachão ressecados e desbotados.
O cartão-chave da station-wagon costuma dar dor de cabeça também. Na mecânica, atenção especial à direção com assistência elétrica. São comuns os relatos de falhas no módulo do conjunto e o conserto pode sair por uns R$ 5 mil.
10 – Uma perua avessa a recall
A perua Renault Mégane Grand Tour ficou pouco tempo no mercado brasileiro e, talvez por isso, não chegou a figurar entre os modelos campeões de campanhas de recall. Pelo contrário, só foi feito chamado uma vez para fixação do spoiler traseiro em modelos feitos entre 2006 e 2012.
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