A dinâmica do Volkswagen Golf já é um dos fatos mais marcantes do carro. O hatch médio tem uma pegada arrojada que atraiu uma legião de milhões fãs por décadas. A marca alemã soube temperar ainda mais a linha com o VW Golf GTI.
A variante esportiva do Golf estreou em 1976, na Europa. O Brasil foi conhecer as três letras mágicas na terceira geração global, a partir de 1996. O hot hatch começou importado do México na configuração duas portas e com motor 2.0 de 114cv.
O primeiro VW Golf GTI nacional foi lançado em 2002, na quarta geração da linha e com motor 1.8 turbo de 180cv. Em 2006, a VW fez uma remodelação à brasileira e a variante esportiva do então “Golf 4,5” foi vendida até 2009, com o mesmo motor, porém, com 193cv – isso com gasolina de alta octanagem.
Somente em 2013 que um VW Golf GTI atualizado voltou a ser vendido por aqui. Primeiro importado e depois produzido na mesma unidade do Paraná, que tinha abrigado a geração 4. Vamos destrinchar agora o último VW Golf GTI conhecido dos brasileiros. Um hatch que alia a engenharia apurada do médio com acerto esportivo.
1 – Conheça um pouco da trajetória do hatch médio esportivo
No Brasil, o VW Golf pulou duas gerações até voltar a ser vendido e fabricado localmente. É que a quarta fase foi esticada por quase 15 anos. Em 2013, o Golf 7 passou a ser importado da Alemanha em duas versões com motores turbinados: Highline, com motor 1.4, e a desejada GTI, com propulsor 2.0 de 220cv.
Em 2014, o carro começou a ser importado do México em uma configuração de entrada Comfortline. Ao ganhar cidadania brasileira, em 2016, o Golf perdeu a suspensão traseira multibraço por um eixo de torção e o câmbio DSG de dupla embreagem deu lugar à transmissão Tiptronic.
Só o VW Golf GTI manteve a suspensão traseira independente multilink. As demais versões 1.4 passaram a ser flex e tiveram a potência aumentada para 150cv, enquanto o modelo experimentou uma até então impensável versão com o 1.0 TSI de 125cv (etanol)/116cv (gasolina) – o mesmo do T-Cross, Nivus, Polo etc.
Mas a configuração do Golf 7 que mais perdurou no mercado foi justamente a GTI. Em 2018, as variantes Comfortline e Highline do modelo deixaram de ser produzidas. Pena que o hot hatch não durou tanto tempo assim e saiu de linha em 2019.
2 – O desempenho é verdadeiramente esportivo?
Quesito onde o VW Golf GTI sobra, seja qual geração for. O esportivo de sétima geração desembarcou aqui em 2013 com o motor 2.0 TSI, com turbo e injeção direta. Os 220cv de potência a 4.500rpm esbanjam disposição nas arrancadas, e a agilidade é garantida pelo câmbio automatizado DSG, com dupla embreagem e seis marchas.
Com bloqueio do diferencial eletrônico e controle de largada, o VW Golf GTI parte da inércia e atinge 100km/h em 6,5 segundos. Já a velocidade máxima é de 244km/h. As retomadas são igualmente explosivas, com torque máximo de 35,7kgfm disponível de 1.500rpm a 4.400rpm – e pipocos deliciosos saindo do escapamento.
O bom é que, como dito, o VW Golf GTI brasileiro manteve a suspensão multibraço traseira e o mesmo motor TSI da linha EA888, porém, perdeu um pouco em desempenho. De acordo com a montadora alemã, a aceleração até 100km/h caiu para 7,2 segundos e a máxima para 237km/h.
Nada que deprecie a esportividade do VW Golf GTI. Até porque, antes de ter a produção encerrada, o hatch esportivo teve a potência aumentada para 230cv a 4.700rpm – o torque se manteve em 35,7kgfm. A aceleração até 100km/h melhorou para 7 segundos cravados e máxima de 238km/h.
3 – Destaque para a dinâmica do VW Golf GTI
O acerto dinâmico do Golf é um primor desde sempre. O acerto firme está no DNA do hatch, mas tudo consegue ficar melhor na GTI. Suspensão mais baixa, amortecedores e molas rígidos, além dos freios dimensionados.
Tal pacote resulta em um carro que te convida a acelerar. O VW Golf GTI fica grudado no chão, em curvas ou retas, e em alta velocidade mantém a direção direta e evidencia sua construção sólida.
4 – Conforto em esportivo é complicado...
Carro mais baixo e com suspensão firme nas nossas ruas é aquele drama. O VW Golf GTI reflete as imperfeições e buracos da pista. Ainda mais com os pneus de perfil baixo 225/45, com aros de 17 ou 18 polegadas (que eram opcionais).
No mais, é um modelo bem pensado internamente. Tem bom espaço para quatro ocupantes adultos e o motorista tem posição baixa de dirigir. A ergonomia é funcional e o acabamento mescla arrojo e sofisticação, mas peca em detalhes de plástico e rebarbas.
5 – Lista de equipamentos honesta
O VW Golf GTI é a versão topo de linha do modelo. São seis airbags, controles de estabilidade, de tração e subidas, sensores de estacionamento na frente e atrás, ar-condicionado automático duas zonas, retrovisor eletrocrômico, entre outros.
Bom salientar que o Golf brasileiro ganhou câmera de ré. Entre os opcionais, itens do pacote ADAS, como controle de cruzeiro adaptativo com alerta de colisão e frenagem de emergência, assistente ativo de farol alto, estacionamento automático e indicador de fadiga. Teto solar, revestimento em couro e ajustes elétricos do banco do motorista também eram adicionais.
6 – Uma ideia sobre as despesas de manutenção
Como todo esportivo, o VW Golf GTI não é um modelo barato de se manter. O câmbio e o motor turbo pedem manutenção preventiva regular, uso de lubrificantes corretos e cuidados ainda mais zelosos. Veja o preço de alguns componentes do Golf GTI da geração 7:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 500 a R$ 700
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 390 a R$ 620
- Bomba de combustível: de R$ 1.900 a R$ 2.500
- Kit troca de óleo (6 litros 5w40 + filtro): de R$ 400 a R$ 560
- Amortecedor traseiro: de R$ 380 a R$ 600 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 1.300 a R$ 2 mil
- Farol direito: de R$ 4 mil a R$ 5 mil
7 - Principais problemas do VW Golf GTI
Fóruns e redes sociais com donos de Golf GTI, além de registros no site do Reclame Aqui, apontam queixas de vazamentos na bomba d’água do hatch esportivo. O modelo também costuma apresentar barulhos e problemas na caixa de direção.
Um item que merece muita atenção no VW Golf GTI é o câmbio DSG, que é banhado a óleo. Verifique se está em pleno funcionamento e se o antigo dono foi cuidadoso ao trocar o fluido no período correto e com produto específico. Um defeito na caixa de dupla embreagem é uma lapada na carteira.
E fique ligado, pois o VW Golf GTI já foi submetido a várias campanhas de recalls. A primeira para a substituição da bomba de combustível nas unidades produzidas entre 2013 e 2014. Depois foram feitos recalls para a troca da galeria de combustível em modelos produzidos em 2014; substituição do airbag do motorista em unidades fabricadas em 2014; troca de molas da suspensão das unidades montadas entre 2015 e 2017; verificação da alavanca de freio dos VW Golf GTI feitos em 2015, 2016 e 2017; e recompra de unidades feitas de 2015 a 2017 por não conformidade de algumas peças.
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