Na Alemanha, o governo colocou outdoors nas autoestradas com a foto da lateral de um carro. Na janela aparece o motorista ao volante, com uma latinha de refri na mão direita, o cigarro na esquerda e ainda equilibra (com o ombro) um celular no ouvido. O texto sob a foto: ?E quem dirige??
Nos Estados Unidos, o respeitado instituto de segurança rodoviária (NHTSA) pesquisou os acidentes nas estradas e concluiu que o uso do celular pelo motorista é responsável por um considerável número de mortos e feridos. Os dados não refletem o volume correto, pois os policiais não são objetivamente instruídos a levantar essa informação ao registrar os acidentes. Mas os pesquisadores do NHTSA revelaram que, somente em 2002, ficaram comprovadas 995 mortes, entre as 240 mil ocorrências provocadas pelo uso do celular ao volante. E o número aumenta anualmente.
Outro problema enfrentado pelo órgão são as ?barreiras? para divulgar essas informações. O Congresso norte-americano o pressionou a não estimular os estados (nos EUA, cada um tem a sua) a proibirem o uso de celulares pelos diversos interesses políticos e econômicos envolvidos. O ministério dos transportes, ao qual é filiado o NHTSA, sugeriu que os dados não fossem divulgados publicamente, pois o Congresso poderia cortar verbas do setor.
A situação ficou ainda mais complicada quando os políticos perceberam que as pesquisas indicavam que nem o uso do ?hands-free? (mãos livres) com fones de ouvido ou conectados ao sistema de som (Bluetooth) resolviam o problema. Nesse ponto, o NHTSA foi enfático: esses recursos não eliminam o risco de acidentes, pois as pesquisas revelaram que o perigo não está somente em segurar o telefone com a mão, mas que a própria conversa distrai o motorista e tira sua atenção do trânsito periférico. O instituto sugeriu, em 2003, uma pesquisa mais ampla e específica, com cerca de 10 mil motoristas, para avaliar os riscos reais do celular ao volante. Ela nunca foi realizada por pressões de políticos e das empresas interessadas.
Alguns jornais norte-americanos (New York Times e Los Angeles Times entre eles) tiveram acesso a algumas informações sobre os estudos do instituto e publicaram matérias recentemente.
Clarence Ditlow, diretor de um órgão independente especializado em segurança automobilística (Center for Auto Safety), teve acesso aos estudos do NHTSA e disse que ?estamos diante de um problema tão perigoso quanto dirigir alcoolizado, mas o governo está fechando os olhos para o assunto?.
Para complicar ainda mais, as companhias norte-americanas de telefonia celular não movem uma palha para desestimular os motoristas. Uma delas inclui nas instruções que acompanham o aparelho o aviso de ?não utilizá-lo enquanto estiver dirigindo?. Pura hipocrisia, pois tanto ela como todas as outras fornecem o sistema ?hands-free? para ser plugado ao carro...
Alô!......e catapum!
Os órgãos de segurança veicular nos EUA não conseguem divulgar suas pesquisas e proibir o uso do celular no automóvel