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Alta Roda: Dedos cruzados

'Fato incontestável é a dificuldade de entender o que ocorre agora no mercado automobilístico e as tendências para o resto do ano'

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Alta Roda: Dedos cruzados
Alta Roda: Dedos cruzados Foto: Alta Roda: Dedos cruzados


Sinais ambíguos neste começo de ano quanto à evolução do mercado brasileiro. Em janeiro passado, comparado ao mesmo mês de 2016, as vendas internas caíram 5,2% (147,2 mil unidades entre automóveis e comerciais leves e pesados). Número desanimador para quem acreditava que o país parou de cavar o fundo do poço. No entanto, a produção, puxada por crescimento expressivo de 56% no número de veículos exportados, subiu 17%.

Exportações não explicam todo o crescimento da produção. O número de veículos em estoque passou de 36 para 38 dias, mas existe um pormenor interessante. Os dois dias a mais em relação a dezembro de 2016 (normalmente um mês bom para comercialização) estão nos pátios dos fabricantes, depois de vários meses de esforço da indústria para diminuir a produção e controlar o estoque.

Se o número de veículos nos pátios das concessionárias ficou estável de dezembro para janeiro pode significar alguma sinalização de aumento das encomendas para os fabricantes. Fatores sazonais também influenciaram as vendas de janeiro. O consumidor talvez tenha resolvido esperar mais um pouco para verificar se a redução da taxa primária de juros (Selic) alteraria as condições de financiamento ao longo do ano. Juros no financiamento de veículos dependem mais da inadimplência do que da Selic, embora algum benefício sempre venha.

Fato incontestável é a dificuldade de entender o que ocorre agora no mercado automobilístico e as tendências para o resto do ano. Sondagem da Fundação Getulio Vargas aponta aumento de 6,2 pontos percentuais no índice de confiança do consumidor em geral. Até a proporção de famílias endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio, atingiu o número mais baixo desde meados de 2010. Continuam, ainda, as incertezas políticas e se o esforço pelas reformas econômicas para tirar o Brasil da recessão, mesmo em médio prazo, se transformaria em leis no Congresso.

Produção recorde da agricultura brasileira é a única certeza de que dinheiro novo irá irrigar a economia nos próximos meses, ajudando a manter a inflação cadente. Há outro fato novo e positivo. A partir de março próximo, o dinheiro de contas inativas do FGTS – montante mais do que generoso de R$ 40 bilhões – será liberado parceladamente. Servirá para pagamento de dívidas, aumento de poupança e até de consumo. Quanto caberá a cada destinação fica difícil de prever, segundo analistas. Quem cogita de, finalmente, depois de três anos de abstinência forçada, trocar de carro por um zero-quilômetro talvez queira colocar a mão naquele dinheiro inesperado para aumentar o valor da entrada e gastar menos com juros de financiamento.

Se essa última hipótese prevalecer, o primeiro trimestre do ano continuará fraco. Em compensação, os trimestres seguintes tenderiam a ser melhores. Por enquanto, a Anfavea não mudou sua previsão: 2017 teria números 4% melhores no mercado interno do que 2016. A General Motors, atual líder de vendas e primeira a vislumbrar o enorme tombo ocorrido em 2015 e 2016, espera recuperação de até 10% do mercado brasileiro em 2017. Mantenhamos os dedos cruzados.

RODA VIVA

HONDA revelou o interior do seu crossover WR-V e todas as modificações estruturais em relação ao Fit. Não se trata de um carro todo novo, e sim uma opção interessante entre seu modelo de entrada e o HR-V. O preço só será anunciado em meados de março. Desenvolvimento meticuloso feito no Brasil atenderá à procura crescente de veículos com esse porte e visual.

ENCERRADAS as tratativas entre a chinesa Chery e o Grupo Caoa para que a empresa brasileira assumisse a comercialização total ou parcial dos produtos da marca oriental. Conversas até avançaram, sem chegar a bom termo. Caoa, além de produzir veículos Hyundai, importa esses modelos sul-coreanos e os japoneses da Subaru. Situação ruim do mercado foi uma das razões.

ALEMANHA é o primeiro país a regulamentar a circulação de carros autônomos, abrindo espaço para circulação em vias públicas. O motorista continuará responsável por intervir em situações emergenciais, monitorado por dados armazenados no veículo. Não se sabe, porém, se os fabricantes de veículos aceitarão o risco jurídico associado ao mundo real.

POR sua vez, o Ministério dos Transportes dos EUA decidiu que a partir de 1º de setembro de 2019 todos os novos veículos elétricos ou híbridos de até 5 toneladas de peso bruto total (inclui picapes e furgões) terão de emitir sons audíveis para alertar pedestres sobre a sua aproximação. A exigência será para velocidades de até 30km/h, tanto em marcha a frente quanto a ré.

MAIS um aplicativo para telefones aproxima, sem intermediários, quem quer vender e comprar veículos seminovos e usados. Segundo a Car4Sale, “ofertas dos compradores são progressivas, a partir de preço inicial definido pelo algoritmo do aplicativo com base no cruzamento de informações de carros do mesmo modelo vendidos na própria plataforma e em sites”.