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ESTÚDIO VRUM

Alcance dos carros elétricos: nem sempre o que se diz é verdade

As montadoras divulgam números geralmente otimistas em relação ao alcance dos carros elétricos com uma carga da bateria, mas é preciso ficar atento para não ser enganado

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Defeitos na rede pública de recarga é um dos fatores que fazem com que muitos desistam de viajar com carro elétrico
Defeitos na rede pública de recarga é um dos fatores que fazem com que muitos desistam de viajar com carro elétrico Foto: Daumer De Giuli/Tripe Online Mkt/Divulgacao

A frota de carros elétricos no Brasil ainda é pequena, mas não há como negar que as vendas neste segmento vêm crescendo nos últimos meses por aqui, ao contrário de outros países. Entre os pontos que ainda atrapalham as vendas nesse segmento, além dos preços elevados, estão a falta de infraestrutura de recarga para as baterias e a autonomia (ou alcance) limitada.

Muitos consumidores ficam em dúvida ao verem fabricantes anunciando números muito otimistas de autonomia das baterias dos carros elétricos. Será que esse alcance divulgado corresponde à realidade? A autonomia das baterias dos carros elétricos está sujeita ao estilo de condução de cada motorista e à topografia por onde se trafega com eles? Para responder a essas perguntas, os jornalistas Boris Feldman e Enio Greco trazem o assunto para o Estúdio VRUM desta semana.

De acordo com Boris Feldman, o alcance em quilometragem do carro elétrico tem dois padrões europeus, um norte-americano, ou seja, cada um faz a medição de um jeito. Aqui no Brasil, o Inmetro resolveu determinar que o alcance dos carros elétricos é em geral 30% menor do que o divulgado na Europa. E assim foi feito.

Portanto, se tirar 30% do alcance que a fábrica declara pelo padrão europeu, você vai ter um valor pessimista.  Se o alcance declarado é de 500 quilômetros, menos os 30%, cai para 350quilômetros. Esse número pode até ser mais próximo do real do que o declarado pela montadora.

Mas por que o alcance (ou autonomia) declarado pelo fabricante não é real? Geralmente, porque eles fazem as medições em condições amenas, fora da realidade do dia a dia do consumidor. A medição é feita em condições ideais de temperatura, no plano, sem peso de carga, com velocidade limitada e todos os equipamentos elétricos do carro desligados.

Na vida real, o carro elétrico vai trafegar por cidades com diferentes topografias, algumas com subidas exageradas, que vai exigir pisar mais fundo no acelerador. A temperatura ambiente também interfere na autonomia do carro elétrico, pois, quando muito baixa, compromete a carga da bateria. E também em dias muito quentes, as altas temperaturas podem comprometer o alcance da bateria do elétrico.

Além de fatores como o peso do pé do motorista no acelerador, a topografia das cidades e a temperatura ambiente, é preciso considerar que a bateria vai perdendo a capacidade de recarga ao longo do tempo. Fenômeno semelhante ao que ocorre com as baterias de celulares.

E quando se fala de carros híbridos, os números de alcance divulgados pelas montadoras são ainda mais otimistas, com algumas declarando autonomia de mais de mil quilômetros. Mas existem detalhes que precisam ser entendidos.

Nos carros híbridos plugin é possível recarregar a bateria que alimenta o motor elétrico, que garante alcance de cerca de 50 a 100 quilômetros. Mas os fabricante anunciam autonomia de mais de mil quilômetros considerando também o alcance proporcionado pelo motor a combustão. Número difícil de ser alcançado em condições normais no dia a dia do motorista.

Para Boris Feldman, o carro elétrico tem dois problemas graves: o preço elevado e a falta de infraestrutura para a recarga das baterias. Nem todos os condomínios residenciais estão preparados para receber os pontos de recarga de bateria para carros elétricos.

E mesmo os eletropostos instalados em algumas regiões do país não são suficientes para garantir viagens seguras entre os estados da federação. O proprietário do carro elétrico pode confiar no alcance declarado pelo fabricante, fazer seu roteiro de viagem devidamente calculado para a recarga, mas ao chegar no eletroposto programado pode encontrar filas de espera ou até mesmo carregadores com defeito. Aí a viagem vira dor de cabeça.

Tais problemas estão fazendo com que locadoras nos Estados Unidos reduzam suas frotas de carros elétricos,  principalmente para os clientes interessados em viajar pelas estradas do país. Para os que têm interesse do uso no percurso urbano, o carro elétrico pode se mostrar mais eficiente.

É preciso considerar também a desvalorização do carro elétrico no mercado de usados, que pode chegar a cerca de 40%. Lembre-se também que se for preciso trocar os módulos da bateria em algum momento, o serviço não será barato. Portanto, antes de comprar um carro elétrico não se esqueça de considerar todos esses fatores.

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