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Será carma? Brasileiro sofre há décadas com o combustível!

Mais uma “cruz”: governo irresponsável obriga motorista a usar biocida no diesel

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Diesel já foi o combustível que mais sofreu aumento no mês de setembro
Diesel já foi o combustível que mais sofreu aumento no mês de setembro Foto: Diesel já foi o combustível que mais sofreu aumento no mês de setembro

Décadas de problemas: diz o jornalista Bob Sharp, que se lembra quando – ainda criança, na década de 40 – ajudava o tio a carregar um galão de 20 litros com gasolina especial para seu automóvel porque o combustível disponível nos postos não era compatível com o motor do carro. Só tínhamos veículos importados e as fábricas “tropicalizavam” os motores dos carros que viriam para o Brasil para não serem danificados pela gasolina de baixíssima octanagem (de 70 a 80 RON).

Na década seguinte (anos 50), um “notável” avanço: a Petrobrás criou uma gasolina diferenciada, com maior octanagem, chamada de “azul”, pois adicionava um colorante para diferenciá-la.

Carro a álcool; “um dia você vai ter um”…

No final da década de 70, o governo criou o Proálcool, com carros que só funcionavam com o derivado da cana. A campanha dizia que “um dia você vai ter um”. Mas o que teve foi um enorme aborrecimento: sofreu em filas nos postos pois no final da década de 80, os usineiros preferiram produzir açúcar e faltou etanol. O brasileiro percebeu o perigo desta dependência e voltou para a gasolina. O etanol só reapareceu em 2003, quando a eletrônica possibilitou o carro flex. Em 1993, o governo já tinha decidido misturá-lo à gasolina na proporção de 12% (E12).

No final dos anos 90, o etanol sobrava e os usineiros pressionaram o governo para elevar o teor na gasolina para 22%. E ficou oficializado o E22 nas bombas. Alegria durou pouco: D. Dilma autoriza, em 2014, a mistura de 27,5% de álcool, mantendo-se 25% na premium.

E agora, em 2023, nova pressão dos usineiros e o governo cria uma comissão para aumentar o teor para 30%. O argumento é ser um combustível mais “limpo”, que reduz a emissão de CO2, mas se “esquece” do aumento de aldeídos (cancerígenos) e hidrocarbonetos (HC).

A rigor, apesar do etanol, nossa gasolina está entre as melhores do mundo quando sai da refinaria. Mas sofre com as maléficas interferências governamentais e desonestidade de intermediários até chegar ao tanque.

Diesel faz sofrer ainda mais…

O primeiro golpe no diesel foi em 1976, desfechado pelo Departamento Nacional de Combustiveis (DNC), antecessor da atual ANP. Com a crise do petróleo, foi proibido seu uso em veículos com capacidade de carga inferior a 1.000 quilos, com exceção dos 4x4 e agrícolas, para reduzir sua importação e evitar que automóveis fossem também beneficiados com a redução de impostos do diesel. A proibição permanece até hoje. E agora faz sentido, por seu elevado teor de emissões.

Surgiu então a ideia de se acrescentar o biodiesel ao diesel, por ser de origem vegetal, renovável e estimular o desenvolvimento agrário. Começou em 2008 com um percentual de 2% (B2), que iria aumentar gradualmente até 15% (B15) em 2023. O processo caminhou bem até 2020 mas aí, com 12%, começaram a entupir motores por sua degradação no tanque, provocando a borra. Em 2021, quando veio o B13, a situação se agravou e o governo retornou o percentual para 10% (B10), pressionado também pelos preços, pois o biodiesel custa o dobro do diesel.

Mais mudanças no combustível

Agora, em abril, o Ministério de Minas e Energia autoriza, instigado pelos produtores, a voltar o B12. E a gasolina de 27% para 30%. No caso do diesel, às pressas e sem tempo sequer para os testes que comprovariam a eficácia de novas exigências especificadas pela ANP na tentativa de reduzir os problemas provocados pelo biodiesel.

Tem solução para o biodiesel…

Solução? Existe: o diesel verde ou HVO, que pode ser utilizado até 100%, mas sua produção exige – e os produtores recusam - investimentos adicionais. Mais fácil a “canetada” do governo…

Quanto à gasolina, nenhum incômodo para os carros flex que aceitam qualquer percentual de etanol. E que se danem carros e motos mais velhas à gasolina não calibradas para tanto álcool. Mas todos sofrerão no bolso pois quanto mais etanol, maior o consumo.

Quanto ao diesel B12, não é solução, mas sugestão para tentar minimizar os problemas da borra:

  • Limpeza (ou troca) com maior frequência dos filtros;
  • Uso do aditivo Fuel Cleaner que contem biocida (combate bactérias e fungos que surgem com o biodiesel e que propiciam a formação da borra).