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Caminhonete: De onde vem a paixão por esse tipo veículo?

Apesar de terem registrado queda nos emplacamentos em junho, as caminhonetes ainda estão entre os modelos de preferência do consumidor brasileiro

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A Fiat Strada teve 50.546 unidades emplacadas no primeiro semestre deste ano
A Fiat Strada teve 50.546 unidades emplacadas no primeiro semestre deste ano Foto: A Fiat Strada teve 50.546 unidades emplacadas no primeiro semestre deste ano

O que pode explicar a paixão do brasileiro pelas caminhonetes, também conhecidas como picapes, na tradução do termo pick-up, do inglês? Seria o 'complexo de vira-lata', visto que nos Estados Unidos esse tipo de veículo é sinônimo de sucesso há décadas? Brasileiro adora copiar tudo que vem de lá, e com as picapes não foi diferente. O gosto de sair “puxando lata” por aí pegou por aqui e, na maioria das vezes, o dono de caminhonete a usa como carro de passeio e raramente coloca algo na caçamba.

Assim como os SUVs, as caminhonetes também viraram símbolo de status. Quem tem uma afirma que gosta da posição elevada de dirigir, pois possibilita “ver o mundo do alto”. Seja por complexo de inferioridade ou por outro motivo ainda mais particular, muitas pessoas se sentem empoderadas ao volante de uma caminhonete. Dirigir um veículo de dimensões exageradas para muitos é sinônimo de poder e segurança.

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Chevrolet Montana acaba de ganhar a versão RS, com esportividade apenas na aparência

E com isso muitos saem literalmente “puxando lata” por aí, já que não usam a caçamba com frequência. E quando usam costumam ter problemas, já que, diferentemente do porta-malas de um automóvel, a caçamba de uma caminhonete geralmente permite a entrada de água, poeira e outras coisas mais.

Além disso, exceto as compactas, as caminhonetes médias e grandes são veículos desajeitados no trânsito urbano, difíceis de manobrar nas ruas e de estacionar nas garagens com vagas cada vez menores. Já existem modelos com cerca de 6 metros de comprimento. Um exagero para os tempos atuais. E boa parte delas usa motores a diesel ou gasolina que consomem e poluem muito, fatos que tornam ainda mais difícil entender o gosto por esse tipo de veículo.

É claro que muitas pessoas usam caminhonete para o trabalho. Na região Central do Brasil, onde a atividade econômica é basicamente o agronegócio, as picapes são os veículos preferidos. Mas lá elas são usadas de forma plena, pois a caçamba tem realmente utilidade. Não tem um “agroboy” que não sonha em ter uma picape estacionada em sua garagem.

Uma caminhonete na liderança do mercado

Nos grandes centros urbanos a paixão pelas picapes também é grande. Prova disso é que a Fiat Strada é o modelo mais emplacado no país há algum tempo. Em 2022, foram 112.456 unidades emplacadas, contra 96.255 do Hyundai HB20, o segundo modelo mais emplacado depois da Strada. Além dela, Fiat Toro (49.567 unidades) e Toyota Hilux 48.606) também se destacaram no emplacamento do ano passado.

E neste ano a situação é a mesma. Nos seis primeiros meses do ano, a Fiat Strada permanece como o modelo mais emplacado no Brasil, com 50.546 unidades. E olha que em junho foi registrada uma pequena queda nos emplacamentos da caminhonete. A Fiat Toro tem 25.286 unidades emplacadas de janeiro a junho deste ano, e a Toyota Hilux, 21.524 unidades. Houve queda geral nos emplacamentos do segmento em junho, exceto para a jurássica VW Saveiro.

Mas a certeza de sucesso no segmento de caminhonete é tão grande que não param de chegar novidades por aqui. Somente este ano já foram lançadas a Ford Maverick híbrida, a Chevrolet Montana, as novas Ford F-150 e Ranger e a Ram Rampage. Picapes compactas, intermediárias e médias.

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A Fiat aposta tanto no segmento que já anunciou a caminhonete média Titano, que tem como base a Peugeot Landtrek, e chegará ao mercado nos próximos meses. Já estão com passaporte carimbado também a Chevrolet Silverado e a GWM Poer.

Quem gosta da VW Saveiro pode perder a esperança na nova geração da caminhonete compacta. O modelo deve chegar reestilizado ainda este ano, mas sem modificações profundas. Já a Amarok não deve mudar por aqui, pois ganhou novo visual em outros mercados e a montadora não confirmou sua vinda. São os dois modelos que estão em atraso no segmento.

Ou seja, enquanto a Volkswagen dorme no ponto, outras marcas investem no segmento de caminhonete, pois sabem que é um tipo de veículo que está na preferência nacional. Pode não ter lógica no uso de picapes principalmente nos grandes centros urbanos, mas não há como negar que elas fazem parte dos sonhos de muitos brasileiros.

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