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Carro próprio ou transporte público eficiente? Eis a questão!

Em tempos de preços dos automóveis e dos combustíveis nas alturas, vem a reflexão sobre como a vida seria mais prática se tivéssemos transporte público eficiente

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Mercado de seminovos e usados registrou quase 900 mil transações em janeiro de 2024
Mercado de seminovos e usados registrou quase 900 mil transações em janeiro de 2024 Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O mercado de automóveis e comerciais leves no Brasil deve encerrar 2022 com números bem abaixo dos desejados pela indústria automotiva. Fatores como falta de componentes e consequente queda na produção levam a um cenário não muito animador. Com isso, os preços sobem e para muitos fica cada vez mais difícil realizar o sonho do carro próprio, seja zero ou usado. Isso não seria um problema se morássemos em um país que oferecesse em todas as regiões transporte público eficiente.

Carro próprio é um peso cada vez maior no orçamento familiar. Considerando o investimento na compra de um carro zero – o mais barato atualmente é o Renault Kwid, por R$ 66.590 –, os custos com seguro, IPVA, manutenção e combustível, a conta acaba ficando inviável para algumas pessoas.

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Mesmo o carro usado não está livre de tantas despesas. O consumidor investe valor menor na compra, mas acaba gastando mais com a manutenção e até combustível, já que o usado normalmente apresenta mais problemas depois de alguns anos de uso. E a situação fica ainda pior com os chamados velhinhos, que costumam trazer mais problemas do que solução para a mobilidade.

Talvez seja por isso que muitas pessoas, principalmente os jovens, estão perdendo o gosto pelo automóvel. Muitos já não têm mais o sonho de ter o carro próprio, pois não querem a responsabilidade e as despesas que ele exige. Para esses, o transporte público ou por aplicativo acaba sendo a solução mais prática e mais barata.

Mas é importante considerar que os serviços de táxi ou carro por aplicativo não são baratos no Brasil. Dependendo do horário, as tarifas ficam ainda mais caras, e no caso dos aplicativos, quanto maior a demanda, maior o valor da corrida. E isso para a grande massa de trabalhadores brasileiros, que ganham um salário mínimo ou um pouco mais, é proibitivo o carro próprio e o aplicativo.

Resta, então, para essas pessoas o transporte público, que de uma maneira geral, está sucateado no país. As frotas de ônibus urbanos nas capitais e no interior são formadas por veículos com mais de seis anos de uso. O levantamento é da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que apurou que trata-se da idade média mais elevada desde o início da série histórica produzida há 27 anos.

Os empresários do setor justificam o sucateamento da frota pela falta de passageiros, dificuldades para fazer financiamentos e resquícios deixados pela pandemia da COVID-19. O curioso é que esses problemas são recorrentes e existem muito antes da pandemia. Vale lembrar que trata-se de um setor que tem faturamento imediato, que não vende no crédito.

Metrô de Londres interior do vagão com pessoas sentadas e outras em pé
O metrô de Londres completa no ano que vem 160 anos e é a prova de que o transporte público eficiente faz com que muitos desistam de ter carro (Foto: Daniel Leal/AFP)

E o que dizer do metrô, um meio de transporte público tão eficiente que serve a milhões de pessoas em grandes cidades como Londres, Paris, Roma, Madri, Nova York e tantas outras. O metrô mais antigo do mundo é o de Londres, que vai completar 160 anos e continua levando passageiros de um extremo a outro da cidade inglesa.

O metrô mais antigo do Brasil é o de São Paulo, que foi inaugurado em 1974, mas que ainda conta com uma malha ferroviária relativamente pequena se comparada com outras grandes cidades do mundo. E outras capitais do país estão em situação ainda pior, como Belo Horizonte, onde o metrô não passa de um trem de subúrbio, servindo a uma pequena parcela da população.

O pior é constatar que os investimentos públicos nesse setor são cada vez mais restritos e a população brasileira vê cada vez mais distante o sonho de ter transporte público eficiente e com preço condizente à sua realidade. Fica difícil ter acesso ao carro próprio, usar aplicativos, e muitos são obrigados a se contentar com transporte público precário ou clandestino, que põe em risco a segurança de todos.

O transporte de qualidade fica, como sempre, para aqueles de maior poder aquisitivo, que não encontram dificuldades para comprar o carro próprio por valores acima de R$ 100 mil ou que não se apertam em fazer uso diário de táxi ou aplicativos.

Mas a maioria da população, que vive outra realidade, certamente ficaria satisfeita em ter um transporte público de qualidade, seja de ônibus ou metrô, o que tornaria a vida nos grandes centros urbanos menos conturbada e cara. Com o carro próprio cada vez mais distante, é o que resta para sonhar.

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