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Coca com gelo

Automóvel do futuro terá motores elétricos alimentados por células a hidrogênio. Só ainda não é viável em função do seu custo elevadíssimo

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Pesquisadores em todo o mundo correm atrás de uma solução para obter e utilizar o hidrogênio a custo razoável, pois é a melhor solução alternativa aos derivados de petróleo para movimentar os veículos sem poluir a atmosfera.

Pena que nenhum deles tenha acessado a internet aqui no Brasil, por onde circula uma receita infalível para burlar o bafômetro. E que inclui, acreditem, o hidrogênio...

"Ao sair alcoolizado do botequim, leve para o carro um copo de coca-cola com gelo. Se a blitz te pegar, tome depressinha um pouco da coca com o gelo. E o problema está resolvido."

Como?

O texto que invadiu a internet tem uma explicação científica: "Isto acontece pelo fato de o hidrogênio liberado pelo gelo anular a maior parte da associação do álcool no ar do seu pulmão. Essa dica é velha e foi descoberta por estudantes americanos de química que tiveram de enfrentar o mesmo tipo de punição nos anos 1970 e 80".

E o pior é que tem quem acredite nessa besteira. Se a blitz pegar, vai preso com certeza. É difícil imaginar de onde alguém tirou que da coca com gelo seja liberado hidrogênio...

Desafio
Soluções tupiniquins à parte, está sendo desenvolvida a célula a hidrogênio capaz de produzir energia elétrica para movimentar o automóvel. E o resíduo de seu funcionamento, ou seja, o que sai pelo escapamento do carro, seria apenas o mais que inofensivo vapor de água.

Em 2003, o presidente dos EUA, George W. Bush, fez uma previsão: quando atingissem a idade de dirigir, as crianças nascidas naquele ano estariam conduzindo automóveis movidos por células a combustível. Ou seja, os enormes investimentos propostos por Bush para desenvolvê-las iriam baratear seu custo e tornar viável sua aplicação comercial nos automóveis.

Decorridos cinco anos, as pesquisas continuam nos EUA e em outros países. E um dos principais problemas, o custo das células, já está sendo resolvido. É que a reação química envolvida no seu funcionamento depende de eletrodos feitos com platina, um metal raro e caro e que representa mais de 50% do custo da célula.

Plástico
Cientistas norte-americanos e australianos acabam de divulgar pesquisas em que os eletrodos de platina foram substituídos por materiais muito mais baratos. Metais como o fósforo e o cobalto e até um tecido plástico poroso (goretex) são opções viáveis à platina.

A importância da platina dos eletrodos não é somente pelo custo elevado, mas também pela dificuldade na obtenção desse metal. Estima-se que sua produção mundial não seria suficiente para equipar nem 5% da atual frota de veículos com células a hidrogênio.

Ainda não se sabe se em 2020 as crianças nascidas em 2003 vão confirmar as previsões do presidente Bush.

E a solução não está - com certeza - na obtenção de hidrogênio no copo de coca com gelo, mas as pesquisas sinalizam que as células a combustível serão economicamente viáveis e estarão equipando os automóveis do futuro.