Peço desculpas, pois eu estava completamente enganado ao afirmar que picaretagem de concessionária era coisa típica do Brasil. Meu filho mora e trabalha no México, e lá ele tem um Honda Civic. Ele me ligou recentemente e disse que, de repente, começaram a acender várias luzes de alerta no painel. Freio, direção, controle de estabilidade, emissões, uma luz acendendo após a outra.
Eu disse a ele que, se são vários problemas, não deve ser nenhum, ou uma pane da central eletrônica. Disse a ele para desligar a bateria, esperar um pouco e ligar novamente para reiniciar o sistema. Porém, como não tinha as ferramentas adequadas, meu filho optou por levar o carro em alguma concessionária Honda da cidade onde mora.
E isso foi feito. Pouco tempo depois, ele recebeu uma ligação da oficina da concessionária e o consultor deu o veredito: “Temos que trocar os bicos injetores e o custo será de US$ 1.100 (cerca de R$ 5.750). Meu filho estranhou o diagnóstico e pediu o consultor para questionar o mecânico se o acendimento das luzes de alerta de direção, freios e controle de estabilidade tinham alguma relação com os bicos injetores.
A oficina da concessionária confirmou que sim, que poderia haver alguma relação entre os problemas. Meu filho, então, sugeriu que o mecânico desligasse a bateria e esperasse por alguns minutos, para depois ligar novamente. Não demorou muito e ligaram de volta para ele para confirmar que as luzes de alerta se apagaram. E a conta da oficina da concessionária caiu de US$ 1.100 para US$ 25 (cerca de R$ 130).
Cobrança por limpeza de bicos injetores: se colar...
Mas não é só no México que esse tipo de picaretagem acontece em concessionária. Li em uma revista especializada dos Estados Unidos um teste de longa duração em um modelo da Subaru, carro japonês de alta qualidade. Na reportagem, foi publicado o custo total da manutenção do carro durante os 80 mil quilômetros rodados no teste. Mas o editor comenta que tirou das despesas de uma limpeza de bicos injetores, no valor de US$ 50 (R$ 261), cobrados na revisão obrigatória.
Ele explicou que não seria justo com a Subaru, pois o jornalista que dirigia o carro afirmou ter estranhado a inclusão do item já que o carro não apresentava rigorosamente nenhuma anormalidade no funcionamento do motor.
Concessionária Chevrolet tenta empurrar aditivo para o óleo
E por falar em “empurroterapia”, no Brasil uma das mais recentes foi de uma concessionária Chevrolet que tentou empurrar um aditivo para o óleo do motor de um Onix levado para a revisão obrigatória. O dono do carro protestou e afirmou: “Não se aditiva óleo do motor”. Mas o consultor insistiu, alegando ser uma recomendação da fábrica. E ele só desistiu quando o cliente pediu para ver a recomendação por escrito.
Vai aqui uma dica importante: ao levar o carro em garantia para a revisão obrigatória, leve também a relação dos serviços recomendados pelo fabricante no manual para evitar a “empurroterapia”.
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