A Toyota foi novamente notificada pelo Ministério da Justiça por desrespeito ao consumidor brasileiro. Desta vez por problema no Corolla Cross. O VRUM denunciou a fábrica japonesa, em janeiro de 2010, por não realizar no Brasil o mesmo recall de milhões de unidades da marca feito em outros países, para evitar uma aceleração espontânea do Corolla, que chegou a provocar mortes nos EUA.
A subsidiária brasileira, inicialmente, se esquivou do recall alegando que o sistema do acelerador do modelo nacional era diferente do norte-americano e que o problema era apenas de fixação do tapete no assoalho.
Governo proibiu a venda do Toyota Corolla
Mas Amauri Artimos da Matta, promotor de Justiça de Defesa do Consumidor do Ministério Público de MG, decidiu proibir a venda do Toyota Corolla em Minas Gerais, justificando que a empresa não cumpria exigências do Código de Defesa do Consumidor.
Um mês depois, diante da negativa da Toyota em deflagar o recall, a montadora foi convocada a prestar esclarecimentos em Brasilia ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça. E notificada então a realizar o recall em 30 dias, para evitar a proibição de venda do Corolla em todo o país. Só então decidiu realizar o reparo.
A falta de respeito ao consumidor brasileiro se repete: ao lançar o Corolla Cross em 2021, a Toyota despojou o SUV de vários dispositivos que equipam a versão norte-americana do mesmo modelo.
Corolla Cross: freio “de pé” do século passado
O mais grave é o sistema traseiro de suspensão do tipo multilink, presente na versão sedã do Corolla, mas substituído no Brasil por um simples eixo rígido. A suspensão “multibraços” é ainda mais importante num SUV – que tem o centro de gravidade mais elevado – do que em um sedã, pois é mais sofisticado e determinante na estabilidade do veículo.
No Corolla Cross nacional, o freio de estacionamento é um pedal acionado pelo pé esquerdo, um sistema utilizado em alguns modelos até o século passado. Na versão norte-americana, o comando é elétrico por meio de botão no console. O modelo vendido nos EUA pode também ser equipado com o sistema de tração integral, ou seja, nas quatro rodas, inexistente no nosso mercado.
“Gambiarra” no escapamento do SUV
O problema que chamou a atenção da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), órgão do Ministério da Justiça (sucessor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor) foi o abafador (mal) instalado na ponta do escapamento. Alvo de muitas reclamações, a Toyota decidiu pintá-lo de preto fosco, em uma tentativa de camuflá-lo. Mas o fez apenas na metade traseira e, mesmo assim, com uma pintura de baixa qualidade que se desprende em pouco tempo.
O Ministério da Justiça notificou a Toyota na segunda-feira, dia 20 e, segundo o ministro Anderson Torres, “estamos atentos para as práticas que violem a transparência na relação entre as empresas e os consumidores”. A ideia do MJ é investigar a eventual qualidade inferior do veículo oferecido no Brasil em relação aos mercados de outros países.