Os moradores mais jovens de Belo Horizonte talvez não saibam, mas no fim da década de 1960 e início dos anos 1970 foram realizadas provas de automobilismo no entorno do Mineirão, na região da Pampulha. Era um circuito de rua que reuniu pilotos famosos, como os irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi, atraindo público considerável. E agora a ideia ressurge, pois querem trazer uma etapa da Stock Car para o Mineirão. Mas para isso acontecer, teriam que cortar 160 árvores na região.
Essa informação foi levantada pelo vereador Wagner Ferreira, do PDT, que conseguiu aprovar na Câmara Municipal de Belo Horizonte um requerimento para esclarecer a polêmica relativa ao corte das árvores para a realização da etapa da Stock Car no entorno do Mineirão. O documento foi encaminhado à Prefeitura de Belo Horizonte e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Porém, circulou também informação de que a etapa da Stock Car, a ser realizada no Mineirão em agosto, já teria sido aprovada pela PBH, independentemente da questão do corte das árvores. De acordo com o vereador Wagner Ferreira, foi sugerido que a supressão das árvores seria necessária para garantir a segurança dos pilotos e abrir espaço para a realização de festival gastronômico junto com a corrida.
Mas o que essa etapa da Stock Car pode trazer de tão interessante para Belo Horizonte que justifique o corte de tantas árvores? A cidade já tem pagado caro pelo excesso de asfalto, concreto e desmatamento descontrolado, que destemperou o clima da capital que já foi referência para tratamentos respiratórios no passado. BH precisa de mais árvores e não do corte das que hoje temos.
A justificativa? De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a etapa da Stock Car no entorno do Mineirão pode gerar retorno financeiro na ordem de R$ 285 milhões à capital mineira nos próximos cinco anos. O faturamento viria com os gastos feitos pelos cerca de 70 mil espectadores esperados para o evento, além de arrecadação com impostos.
Isso justifica o corte das 160 árvores? Na minha opinião, não! A reforma no Mineirão já resultou no corte de muitas delas. Cortar mais seria um crime. Se for para fazer etapa da Stock Car em Minas Gerais, que se faça no Circuito dos Cristais, em Curvelo, que é um local apropriado para esse tipo de evento e que já recebeu outras etapas da competição.
Por mais que se tenha um pensamento nostálgico em relação às corridas no entorno do antigo Mineirão, não dá para admitir que se corte 160 árvores para fazer um evento desse porte. Será que a PBH consultou os moradores da região para saber se eles são favoráveis à realização da etapa da Stock Car na Pampulha?
Nem mesmo pilotos que correram no entorno do Mineirão no fim da década de 1960 são capazes de concordar com isso. Nosso editor-chefe, Boris Feldman, que dividiu a direção de um Ford Corcel com Emerson Fittipaldi no circuito de rua da capital mineira já manifestou seu repúdio em relação ao corte das árvores.
Estimular o automobilismo em Minas Gerais e realizar eventos que ajudem a promover o esporte por aqui são ações interessantes, desde que não traga prejuízos a terceiros. O corte das árvores é inadmissível e esperamos que as autoridades públicas não permitam que isso aconteça.
Se a Stock Car tiver que vir, que venha, mas sem derrubar nossas árvores. Nós queremos é ar puro e natureza abundante, com muitas árvores na cidade. E que os bólidos de corrida fiquem nas pistas, que são seu lugar apropriado.
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