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Consumo de combustível: não se iluda com números muito otimistas

É preciso muita atenção para analisar a tabela do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, principalmente no que diz respeito ao consumo de modelos híbridos

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Para reduzir o consumo de combustível do seu carro preste mais atenção nas suas atitudes do que nos números divulgados pelo Inmetro
Para reduzir o consumo de combustível do seu carro preste mais atenção nas suas atitudes do que nos números divulgados pelo Inmetro Foto: Arquivo/EM

Esta semana, um assunto tomou conta do noticiário automotivo. Foi a divulgação dos números de consumo de combustível do BYD King, o sedan híbrido plug-in, que foi comparado ao Toyota Corolla Hybrid, um sedan híbrido pleno. Os números de consumo muito otimistas do modelo chinês foram interpretados equivocadamente por muitos, levantando o questionamento sobre a confusa tabela do Inmetro.

Algumas mídias divulgaram que, de acordo com o  Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o BYD King teria apresentado consumo de 44,2km/l (quilômetros por litro), contra 18,5km/l do Toyota Corolla híbrido, com gasolina e na cidade.

O erro é que, na verdade, este número de 44,2km/l e é uma referência de consumo de para comparar os gastos entre um modelo elétrico e um híbrido plug-in, mas em uma condição específica. No caso do BYD King, que pode rodar no modo elétrico por alguns quilômetros (de 32 a 80) e tem a bateria maior recarregada na tomada doméstica, essa medida "km/l e" só deve ser considerada quando ele roda apenas com o motor elétrico na cidade.

Já o Toyota Corolla híbrido pleno, que pode rodar apenas cerca de dois quilômetros no modo elétrico, a medição do consumo de combustível do Inmetro é de 18,5km/l na cidade e 15,7km/l na estrada com gasolina. Na aferição do consumo do BYD King, os números “reais” são 16,8km/l na cidade e 14,7km/l na estrada, também com gasolina.

BYD King prata visto de cima com foco na dianteira. O modelo está em chão de cimento com escada branca vista ao fundo.
BYD King, rival de Toyota Corolla Foto: BYD/Divulgação

Ou seja, é preciso ficar muito atento ao que se fala por aí sobre consumo de combustível. O problema começa com a própria tabela do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, que não explica de forma clara a diferença entre km/l e “km/l e”. Os mais afoitos podem ver esses números extremamente otimistas e cair no conto do vigário.

Além disso, é importante lembrar que os números de consumo de combustível divulgados pelo  Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro são apenas uma referência a título de comparação entre modelos com a mesma motorização. Não significa que na prática os carros vão apresentar aqueles números de consumo no dia a dia.

A medição de consumo de combustível do Inmetro é feita em condições específicas de temperatura, altitude e velocidade, muito distante da realidade do motorista brasileiro. Cada um tem uma maneira diferente de dirigir, uns com o pé mais pesado no acelerador e outros trafegando lentamente.

O consumo de um carro em uma cidade como Brasília jamais será igual no relevo cabuloso de algumas regiões de Belo Horizonte. Nas cidades planas ao nível do mar o consumo de combustível pode ser ainda menor.

Portanto, não se iluda com os números de consumo de combustível divulgados pelas montadoras para atrair  possíveis compradores para seus modelos. Os números divulgados pelo Inmetro servem apenas de referência e não podem ser exigidos no dia a dia.

A melhor maneira de se atingir bons números de consumo de combustível com seu carro é mantê-lo sempre  em dia com a revisão, fazendo as manutenções indicadas pelo fabricante no tempo correto. Usar combustível de boa qualidade, vendido em postos confiáveis. Manter pneus sempre calibrados. Evitar carregar peso morto no carro e dirigir de forma cautelosa, aliviando o pé no acelerador, não permitindo que o giro do motor suba demais.

Fazendo isso, você terá grandes chances de economizar um pouco, reduzindo o consumo de combustível do seu carro. Mas não espere números mirabolantes acima dos 40km/l. A nossa realidade para os modelos com motores flex, a maioria no país, está bem abaixo disso.

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