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COLUNA DO CALMON

Polo, nos compactos, e Seal entre sedãs grandes destacaram-se em 2023

O ranking de modelos mais emplacados em 2023 teve a confirmação da picape Fiat Strada em primeiro lugar pelo terceiro ano consecutivo, mas também teve surpresas, como VW Polo e BYD Seal

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VW Polo Track
VW Polo Track Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

Algumas surpresas marcaram o mercado de automóveis e comerciais leves em 2023. Pelo menos uma delas se trata da repetição de um cenário interessante. Pelo terceiro ano consecutivo, uma picape, a Fiat Strada, foi o modelo mais vendido.

Claro que uma picape de cabine dupla e quatro portas é um produto que paga menos imposto, sem ficar tão distante de um SUV no uso diário. Somada as versões direcionadas ao transporte de bens, levou a uma posição de mercado que ninguém imaginava desde seu lançamento, em 1998.

Fiat Strada Ultra modelo 2024 branca estática de frente no asfalto
Fiat Strada Ultra é equipada com motor 1.0 turbo de 125cv (g)/130cv (e) e 20,4 kgfm Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

Esse resultado elevou o segmento das picapes pequenas de 7,5% para 9,6% do total de 16 em que a coluna divide o mercado brasileiro. Os 2,1 pontos percentuais extras foram a maior expansão ocorrida no ano passado e com apenas quatro modelos (Strada, Saveiro, Montana e Duster). Híbridos vieram em seguida (2,1% para 3,4%) e os elétricos em terceiro (0,4% para 0,8%).

Outra conquista foi do Volkswagen Polo, que pela primeira vez assumiu a posição de automóvel de passageiros mais vendido no Brasil, depois de 21 anos de mercado (lançado em 2002). Desbancou o Chevrolet Onix, que dominava entre os hatches compactos, o mais concorrido em volume e com 10 modelos de 10 fabricantes.

Mais um fato inédito: uma marca chinesa, BYD, liderou com o Seal entre os sedans grandes. Mas não foi o primeiro elétrico a conquistar essa posição em um nicho, pois o Porsche Taycan teve a primazia em 2021. Já o também chinês BYD Dolphin, líder folgado entre os elétricos, é um hatch de porte médio, tipo de carroceria atualmente sem representatividade no Brasil.

BYD Seal vista lateral
O 10º modelo da lista é o sedan elétrico da BYD, BYD Seal Foto: BYD / Divulgação

O VW T-Cross continuou como SUV mais vendido, porém, com o Chevrolet Tracker quase empatado. A posição de domínio mais absoluto – 80% das vendas entre sedans médio-compactos – foi mantida pelo Corolla.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é a distância entre-eixos, além de outros parâmetros. Sedans de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK:

  • Hatch subcompacto: Mobi, 53%; Kwid, 46%. Sem alteração;
  • Hatch compacto: Polo, 24%; Onix, 22%; HB20/X, 19%; Argo, 14%; 208, 6%; C3, 5,6%; Yaris, 5% ; City, 2,33%; Stepway, 1,7%. Polo, novo líder;
  • Sedã compacto: Onix Plus, 32%; Cronos, 22%; HB20S, 13%; Virtus, 12%; Yaris, 9%; City, 5%; Versa, 4%; Logan, 2%. Sobe pressão sobre Onix Plus;
  • Sedã médio-compacto: Corolla, 80%; Sentra, 8%; Jetta, 4%. Corolla disparado na frente;
  • Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 69%; Mercedes Classe C, 12%; Audi A5/S5/RS5, 8%. Ampla folga dos BMW;
  • Sedã grande: Seal, 49%; Panamera, 24%; Taycan, 15%. Elétrico Seal chegou e venceu;
  • Esportivo: BMW M3/M4, 44%; Mustang, 38%; BMW M2, 7%. BMW recupera liderança;
  • Esporte: 911, 56%; 718 Boxster/Cayman, 27%; F-Type, 5%. Firmíssimo território Porsche;
  • SUV compacto: T-Cross, 13%; Tracker, 12,2%; Creta, 12,1%; Nivus, 10%; Kicks, 9%; HR-V, 8,8%; Renegade, 8,7%; Pulse, 8,4%; Fastback, 7%; Duster, 5%; Tiggo 5x, 3%. Liderança apertada do T-Cross;
  • SUV médio-compacto: Compass, 42%; Corolla Cross, 30%; Taos, 11%. Compass mantém posição;
  • SUV médio-grande: Commander, 22%, SW4, 18%; H6, 12%. Líder com menos folga;
  • SUV grande: BMW X5/X6, 23%; Cayenne, 16%; XC90, 13%. BMW volta a liderar;
  • Picape pequena: Strada, 57%; Saveiro, 22%; Montana, 14%. Strada inabalável;
  • Picape média (carga 1.000kg): Toro, 27%; Hilux, 24%; S10, 14%. Mais aperto para a Toro;
  • Híbridos: Corolla Cross, 16%; H6, 14%; Corolla, 11%. Liderança mais apertada;
  • Elétricos: Dolphin, 38%; C40/XC40, 15%; Yuan Plus, 10%. Novo dono da situação;

Megane E-Tech, elétrico bom de guiar e bem equipado

A Renault mostrou grande evolução em um produto elétrico, depois do início bastante limitado com o Zoe em 2018. Megane E-Tech é um crossover, que lembra em alguns pontos um SUV. O conjunto óptico dianteiro agrada com faróis altos, baixos e de neblina em bloco único, além do formato chamativo das luzes de rodagem diurna (DRL). Rodas de 18 polegadas, maçanetas embutidas (as traseiras, nas colunas) e o perfil inspirado em cupês formam seu melhor ângulo. Na traseira as lanternas unem-se de um lado ao outro com piscas progressivos. Bom porta-malas de 440 litros, porém, sem abertura automática.

No interior, a alavanca de seleção de marchas fica no lado direito da coluna de direção. Interessantes as duas saídas do ar-condicionado verticais, uma delas separando o quadro de instrumentos da central multimídia de nove polegadas com Android Auto e AppleCarPlay pareados sem fio e carregamento do celular por indução. Há quatro saídas USB-C. O confortável banco do motorista não dispõe de regulagem elétrica. Quem vai atrás tem bom espaço graças ao assoalho plano e à boa distância entre-eixos de 2,68m.

Em uma semana deu para sentir que o Renault Megane E-Tech desempenha muito bem, tanto em estrada quanto na cidade. Tração é dianteira. Motor de 220cv e 30,6 kgfm está bem dimensionado para uma massa total de 1.680kg. Aceleração de 0 a 100km/h em 7,4 s e velocidade máxima de 160km/h. Permite administrar a intensidade de regeneração para recarga da bateria de 60 kWh por meio de hastes atrás do volante. Muito bom o sistema de alerta a pedestres e ciclistas sobre a presença do carro, em três níveis de intensidade. Silêncio a bordo impressiona mais que em outros elétricos.

Pacote de segurança ativa inclui frenagem autônoma de emergência também em manobras de estacionamento tanto na frente quanto na traseira. Alcance médio pelo padrão Inmetro é de 337 quilômetros. Durante o uso em cidade chega perto de 400 quilômetros pelo indicador no painel. Na estrada, mantendo 120km/h constantes, inclusive em subidas de pouca inclinação, roda em torno de 280 quilômetros.

Esclarecimento sobre importação de linhas de produção usadas

O programa governamental recém-lançado, Mover – Mobilidade Verde e Inovação –, ainda exigirá uma série de medidas complementares ao longo de 2024, mas nada referente à importação de linhas de produção usadas, como foi interpretado erroneamente em publicação na internet. Na realidade, a legislação brasileira continua a proibir esse tipo de procedimento.

Entretanto, há comentários de bastidores que em um futuro ainda não previsível é natural que a produção de veículos com motores a combustão tenda a diminuir na Europa e em outros mercados de alto poder aquisitivo. Isso ocorrerá na medida em que a produção de veículos elétricos suba ao ponto de tornar-se antieconômica a fabricação simultânea de motores a combustão.

Dessa forma, especula-se que o Brasil poderia assumir essa produção de motores tradicionais sob escala competitiva para exportação. De que maneira isso seria feito e a partir de quando, ainda não há a menor ideia. É algo cogitado apenas em conversas informais de bastidores.

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