Para alguns pode significar apenas uma freada de arrumação, para outros há preocupações com a velocidade que a migração de motores a combustão interna (MCI) para elétricos pode ocorrer em dois dos maiores mercados mundiais de automóveis e veículos comerciais leves. De fato, acelerar o passo pode não ser a melhor estratégia.
As manchetes dos sites no exterior indicam claramente a segunda hipótese. Algumas já questionam se a Europa vai mesmo confirmar o prazo fatal de 2035 de proibir as vendas de veículos novos movidos por MCI. Os comentários desde agora é que haveria exceção para os híbridos que conjugam MCI e motor elétrico com baterias menores e mais em conta.
Veja alguns dos comentários:
- Ford atrasará investimentos de US$ 12 bilhões, que incluíam uma nova fábrica de baterias no estado americano de Michigan. Para complicar, legisladores dos EUA querem investigar quatro empresas chinesas envolvidas na produção daquelas baterias por suspeitas de ligações com militares chineses, segundo o site Automotive News;
- Jim Farley, CEO da Ford, disse que compradores não estão aceitando os preços altos dos VEBs (carros elétricos a bateria). E espera quadruplicar a produção de híbridos, em especial de picapes;
- GM adiará por um ano a nova fábrica para a picape Silverado elétrica. Como a Ford, também apontou um recuo das vendas dos VEBs no último trimestre de 2023, embora pretenda avançar com os novos Blazer e Equinox, sem fazer previsões.
- CEO da GM, Mary Barra, sempre afirmou que a empresa só lançaria novos VEBs, porém, admitiu voltar a produzir híbridos plugáveis. Nos EUA, a participação total dos VEBs em 2023 foi de apenas 7,7%;
- Tesla reivindicou que tanto governo americano quanto europeu criassem taxas extras sobre os carros elétricos chineses. O dono, Elon Musk, afirmou que estes vão “demolir” a maioria dos outros fabricantes, mas não inclui a Tesla entre os ameaçados. Estranho uma marca defender alguns de seus concorrentes e outros não, além de achar estar a salvo;
- Uma semana atrás, Akio Toyoda, CEO da Toyota, previu que apenas 30% do mercado mundial será de BEVs. O restante híbridos e motores convencionais movidos a hidrogênio ou gasolina;
- Volkswagen, líder no mercado europeu, além de adiar a construção de uma nova fábrica de carros elétricos, cancelou o plano de abrir o capital (IPO, sigla em inglês) de sua subsidiária de baterias PowerCo. Também alegou queda de vendas;
- Segunda maior marca europeia, Renault desistiu de um IPO de sua subsidiária Ampere dedicada à pesquisa e desenvolvimento de carros elétricos. Apontou dificuldades no mercado de capitais.
Por fim, a cereja no bolo. Segundo a agência Bloomberg, a trilionária Apple e maior empresa do mundo listada em bolsa de valores anunciou que adiará para depois de 2028 o seu aguardado carro elétrico. Por mais de uma vez chegou a desmentir o projeto, quando na realidade só suspendeu os planos. Em um segundo momento, voltou atrás e os retomou.
Duas coisas são certas. Os híbridos voltaram ao jogo e de pouco adianta trocar uma maratona por uma corrida de 100 metros rasos.
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