Em Fernando de Noronha (PE) estão proibidos os automóveis com motor a combustão. Só pode rodar carro elétrico. Tem lá um “cata-vento” (torre de geração eólica) que fornece 10% da energia elétrica consumida na ilha. Os outros 90% por um gerador a diesel.
Então, os carros não emitem gases poluentes. Mas, ao recarregar a bateria, estão poluindo muitas vezes mais que um carro flex abastecido com etanol. Publicamos há alguns dias um vídeo com duras críticas feitas por especialistas norte-americanos ao Hummer EV, um jipe elétrico gigantesco da General Motors que pesa mais de 4 toneladas, com mais de 1.000cv de potência.
Falando em carro elétrico, o VRUM já conferiu o Volvo C40 Recharge.
Além do monstrengo Hummer EV representar um perigo no caso de um acidente com outro veículo (ou pedestre...), ele não tem nada de ecológico, pois emite volume maior de CO², o abominável gás do efeito estufa, que um Malibu, sedã médio da GM.
Fomos então questionados por dezenas de internautas. Como é possível um elétrico poluir mais que outro a combustão? Este é um engano frequente: achar que um carro a bateria tem emissão zero. Por dois motivos. O primeiro é que a fabricação de ambos (combustão e bateria) resulta na emissão de gases poluentes. Entretanto, a produção do elétrico emite muitas vezes mais, principalmente pelas baterias.
O outro motivo é que, como no exemplo de Fernando de Noronha, a poluição de um carro elétrico é simplesmente deslocada do escapamento para o local da usina geradora de energia. E no caso dos EUA, 60% dela vem de fontes fósseis como carvão, gás ou diesel.
Exatamente o problema do Hummer EV: a poluição dupla do meio ambiente. Para fabricá-lo e para recarregar sua gigantesca bateria. No caso do Brasil, nossa geração de energia elétrica é predominantemente “limpa” (Noronha é uma exceção...), mas há que se considerar um outro fator: um carro híbrido flex abastecido com etanol polui menos que um elétrico.
Mesmo um carro elétrico sendo recarregado somente com energia “limpa” (nosso caso), ele só compensa o que emitiu enquanto foi fabricado depois de rodar de 100 mil a 200 mil quilômetros, dependendo de seu peso, volume de baterias e eficiência.
Mas, o carro elétrico movido por baterias pode poluir menos que outro a combustão? Sim, desde que se reduza drasticamente a emissão de gases durante sua produção e também com fontes de eletricidade “limpas”. Caso contrário, estaremos “enxugando gelo”.
O caso do Hummer EV é típico do “non sense” norte-americano. Da insensatez elevada à enésima potência e ponto fora da curva da eletrificação veicular. Mas o mercado dos EUA é apaixonado por estes monstrengos, não importa serem anti-ecológicos e colocar em risco outros veículos em seu entorno.
Até o presidente Joe Biden (simpático à GM) teceu loas aos seus carros elétricos, mas mesmo especialistas norte-americanos como David Zipper (da Harvard Kennedy School) sugerem que o governo dos EUA adote uma posição contrária a monstrengos como o Hummer EV.
Eles criticam a falta de regulamentação para proibir a fabricação destes gigantes sobre rodas que em nada contribuem para o esforço da indústria automobilística mundial em reduzir a poluição ambiental.
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