Tem uma palavra mágica nessas oficinas que adoram praticar a “empurroterapia”, que poderia ser traduzida como “picaretagem”. A palavra mágica é limpeza, que, quando dita, gera preocupação no cliente, que quer saber o que está sujo, se vai resultar em algum problema que vai fazer o carro parar de funcionar. Limpeza no carro é importante, mas a palavra muitas vezes pode ser usada para tentar justificar serviços que não precisam ser realizados.
Por exemplo, limpeza dos bicos injetores de combustíveis só deve ser feita quando eles realmente estiverem sujos. Se o carro estiver apresentando falhas no funcionamento do motor, alto consumo de combustível ou baixo desempenho, pode ser que o bico injetor esteja precisando de limpeza ou troca. Mas se o carro chega na oficina para fazer a revisão dos 10 mil ou 20 mil quilômetros e o mecânico já determina que é preciso fazer a limpeza do bico injetor, aumentando a conta a pagar, isso é picaretagem. É o primeiro exemplo de limpeza no carro que costuma ser desnecessária.
Limpeza do corpo da borboleta? Pode ser, mas desde que o carro esteja apresentando problemas como a marcha lenta irregular. Caso contrário, se ainda não está sujo, a limpeza pode ficar para depois. Quando realmente estiver sujo, com certeza, é importante realizar a limpeza.
Já inventaram até limpeza do tanque de combustível. O dono de oficina que coloca isso no orçamento da revisão como item necessário de limpeza no carro deveria ser preso. O tanque de combustível não suja, e se isso acontecer, será em longo prazo, demorando muitos anos para apresentar problema.
Mas um dos absurdos mais inacreditáveis que ouvi, recentemente, diz respeito à limpeza do cárter, que é a parte baixa do motor onde fica concentrado o óleo lubrificante. Esse compartimento só vai demandar uma limpeza se o dono do carro esquecer de fazer a troca do óleo, fazendo com que ele se transforme em borra, quase uma graxa.
Porém, antes de fazer esse tipo de limpeza no carro, é preciso identificar alguns sintomas, como a presença da borra na tampa do compartimento do óleo, que vai revelar o problema no cárter. Mas carros novos, com baixa quilometragem, que foram submetidos a todas as revisões periódicas, a possibilidade de ter borra no cárter que justifique a limpeza é remota.
Outro tipo de limpeza no carro que chega a ser tragicômica é a da sonda lambda. Só se for para passar um pano no entorno dela. Fazer limpeza da sonda lambda é praticamente impossível. Se o carro apresentar qualquer problema relacionado esse componente, a solução será a troca, e não a limpeza.
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