A etiqueta veicular foi uma boa ideia do Inmetro. O objetivo é dependurá-la no para-brisa dos automóveis zero-quilômetro (ou exibi-la no show-room), indicando o consumo referencial do motor. “Referencial” quer dizer que não existe uma indicação de quantos quilômetros o carro vai rodar por litro de combustível, mas a classificação daquele modelo em relação aos demais da mesma categoria. Ou seja, dá condições ao comprador – indeciso entre dois carros – de desempatar se estabelecer o critério do consumo. O programa brasileiro de etiquetagem (PBE) classifica os automóveis de “A” (menor consumo do segmento) até “E” (maior consumo). Esses valores são obtidos em testes padronizados em laboratórios, exatamente para que se possa comparar o consumo entre vários modelos.
As etiquetas começaram a ser dependuradas em abril e foi um bom começo, pois oito marcas aderiram ao plano e seus carros já as ostentam nas concessionárias. Mas ainda tem muito chão pela frente. Primeiro porque o programa não é obrigatório e, por isso, apenas oito marcas participam. Segundo, porque não foi feita qualquer divulgação junto ao público, nem treinamento com os vendedores.
Uma pesquisa em algumas concessionárias, três meses depois de implantado o plano, revelou que os compradores nem faziam ideia do significado das etiquetas, embora sejam muito semelhantes às das geladeiras, que existem há mais tempo e quase todos conhecem. Entre os vendedores, a maioria também ignorava seu significado. Alguns tinham uma ligeira ideia, mas poucos foram capazes de explicar corretamente como é a classificação pelo consumo.
O governo ainda não bolou uma boa campanha publicitária para explicar ao mercado o significado da etiqueta. Nem as fábricas. Até porque, a maioria das marcas ainda está fora do programa. Mas, quando o consumidor perceber suas vantagens, ele mesmo irá pressionar as fábricas a aderirem ao programa. Uma sugestão: quando você estiver no show-room examinando um carro zero, pergunte ao vendedor: “onde está a etiqueta de consumo?”. Se ele ficar sem resposta, diga que não vai comprar aquele carro, pois, se ela não está dependurada, é porque o consumo dele deve ser superior ao dos concorrentes.
Mas as fábricas terão uma pressão também do governo, que decidiu limitar as emissões de gás carbônico, o famoso CO², que alimenta o efeito estufa. Como elas são proporcionais ao consumo de combustível, a etiquetagem terá brevemente duas informações que correm em paralelo: de consumo e de emissões. Como, aliás, já existe na Europa. Lá, além da etiqueta obrigatória, o carro paga um imposto extra se as emissões de CO² superarem 130 gramas por quilômetro. Em contrapartida, as taxas são reduzidas se forem inferiores a esse valor.
No Brasil, o valor máximo que o governo pretende estabelecer é de 135 gramas por quilômetro. Bom para a atmosfera, bom para o seu bolso.