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Sedans: segmento que teve dias de glória está em decadência?

Se no passado os sedans eram sinônimo de status e sofisticação, atualmente eles vêm perdendo espaço na preferência do consumidor, que se encantou pelos SUVs e picapes

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O Chevrolet Onix Plus foi o sedan mais vendido no mercado brasileiro no primeiro trimestre deste ano
O Chevrolet Onix Plus foi o sedan mais vendido no mercado brasileiro no primeiro trimestre deste ano Foto: O Chevrolet Onix Plus foi o sedan mais vendido no mercado brasileiro no primeiro trimestre deste ano

Houve um tempo em que para o cidadão estar “bem na fita” ele teria que ter na garagem de casa um belo sedan, de preferência médio ou grande. Era o carro da família, por oferecer bom espaço interno ou porta-malas avantajado, que só perdia para as quase falecidas peruas. Ou então o carro preferido pelos executivos, já que normalmente ofereciam mais conforto e equipamentos.

Mas os tempos mudaram e de uns anos para cá o que se vê é a franca decadência do segmento de sedans, sejam os modelos de entrada, os compactos, médios ou os grandes. Os relatórios mensais da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) comprovam a queda gradativa nos emplacamentos dos sedans, ano a ano, enquanto os SUVs cresceram na proporção inversa.

No acumulado dos três primeiros meses desse ano, o segmento dos sedans (considerando a soma de todos os tamanhos) teve uma participação de 16,35% no mercado brasileiro. No mesmo período do ano passado, ainda muito afetado pela pandemia da COVID-19 e falta de semicondutores, a participação foi de 19,18%.

Números do ranking da Fenabrave revelam a situação dos sedans

A perda de interesse pelos sedans fica clara também quando se analisa o ranking de modelos mais emplacados da Fenabrave nos três primeiros meses deste ano. O único modelo que aparece em destaque é o Chevrolet Onix Plus, com 18.392 unidades emplacadas, atrás do Onix hatch (21.528) e da campeã de vendas Fiat Strada (23.772).

Depois do Chevrolet Onix Plus, o primeiro sedan que vai aparecer no ranking dos mais emplacados no primeiro trimestre deste ano é o Toyota Corolla, na 17ª posição entre os automóveis, com 8.950 unidades. E na 19ª posição, o Fiat Cronos, com 7.576 unidades emplacadas.

Mas a situação piora ainda mais para modelos de outras marcas que já viveram momentos melhores no mercado brasileiro. É o caso do Hyundai HB20, que teve 4.807 unidades emplacadas nos três primeiros meses deste ano, sendo seguido por Honda City Sedan (3.424), Toyota Yaris Sedan (2.804), VW Virtus (2.666), VW Voyage (2.062), Nissan Versa (1.424) e BMW 320 (1.135).

Pior ainda para o Renault Logan, que envelheceu e não consegue mais convencer o consumidor com seu bom espaço interno. Teve apenas 580 unidades emplacadas no primeiro trimestre. Mas o lanterninha entre os sedans na lista dos 50 automóveis mais emplacados é o Nissan Sentra, com 459 unidades. A esperança para ele é que a nova geração que acaba de chegar reverta esses números e melhore sua posição no ranking.

É um feito difícil de acreditar, já que os olhos dos consumidores com dinheiro em caixa estão voltados para os SUVs e picapes. Os que ainda se arriscam a pagar as altas taxas de juros do financiamento acabam optando pelos hatches, geralmente com preços mais baixos que os sedans.

Toyota Corolla 2019 de frente e traseira híbrido flex
Toyota Corolla ainda é o sedan médio mais vendido, mas já teve dias melhores no mercado brasileiro

Mudanças no sonho de consumo do brasileiro?

De qualquer forma, é estranho constatar que sedans como Toyota Corolla e Honda Civic, que já foram sonho de consumo do brasileiro e símbolo de status, tiveram seus números de vendas drasticamente reduzidos em relação ao passado. O Corolla até apresentou crescimento nas vendas em março se comparado a fevereiro, mas o modelo já viveu tempos melhores no mercado brasileiro. O Honda Civic, então, nem se fala. Oferecido atualmente somente em versão híbrida importada, teve apenas 76 unidades emplacadas em março.

Você acha pouco? Saiba que o Honda Civic não está sozinho nessa situação. O VW Jetta teve 145 unidades emplacadas em março, seguido pelo Chevrolet Cruze Sedan (83 unidades) e o Chery Arrizo 6 (61 unidades). Números muito baixos para um segmento que já teve seus momentos de glamour.

Será que o segmento de sedans está caminhando para o seu fim? Será que é um segmento que vai aderir ao avanço dos híbridos e elétricos? Ainda é cedo para tirar conclusões, mas os números não mentem. O certo é que há algo estranho no mundo dos sedans.

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