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Segurança nos carros: diga o quanto isso é importante para você

Na hora de comprar um carro muitas pessoas fazem a escolha pelo visual, pela potência do motor e até pela multimídia, mas acabam esquecendo do mais importante

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Há uma semana, a cantora Paula Fernandes sofreu um acidente com seu Land Rover, mas saiu ilesa do carro junto com o namorado
Há uma semana, a cantora Paula Fernandes sofreu um acidente com seu Land Rover, mas saiu ilesa do carro junto com o namorado Foto: Há uma semana, a cantora Paula Fernandes sofreu um acidente com seu Land Rover, mas saiu ilesa do carro junto com o namorado

A indústria automobilística evoluiu (e muito!) nas últimas décadas e trouxe ganhos significativos para os usuários de todos os tipos de automóveis. Os carros se tornaram mais leves e versáteis, e em sua maioria, mais seguros. A mesma plataforma gera diferentes “filhotes” e os engenheiros quebram a cabeça para encontrar soluções que garantam a segurança nos carros, para evitar mortes e ferimentos graves em caso de acidentes.

Quem já está próximo dos 60 anos ou já passou por eles certamente tem na memória outra referência do passado em relação à segurança nos carros. No passado, um “automóvel seguro” era aquele que tinha grandes dimensões, com carroceria feita com chapas pesadas de aço, um reluzente para-choque cromado que não envergava em qualquer batida.

Era o caso dos grandalhões Dodge Dart ou Charger, da Rural, ou um jipe Willys. Uma batida contra um desses modelos era estrago grande na certa, principalmente se do outro lado fosse um Fusca, uma Kombi, um Corcel ou outros carros menos robustos da época. E, geralmente, os donos desses carros parrudos se orgulhavam em vê-los intactos depois de uma batida. “Bateu, mas tá inteiro, sem um arranhão. Em compensação, o outro...”, diziam orgulhosos.

Era uma época em que a segurança nos carros não tinha tanta importância ou era enxergada de outra maneira, até mesmo pela falta de recursos da indústria automotiva. Carros pesados, com carrocerias feitas com chapas espessas de aço, sem preocupação com áreas de deformação para absorver impactos que poderiam reduzir os riscos de ferimentos e mortes em caso de batidas. Motoristas e passageiros ficavam soltos como ovos dentro de uma caixa de ferro.

Mudanças na segurança nos carros: cintos e airbags

Os cintos de segurança nos carros vieram, mas demoraram muito tempo para serem assimilados pelos usuários. Quanta resistência por parte de uma sociedades que fazia do carro uma roleta russa, negando a importância dos princípios básicos de segurança. Quem com mais de 50 anos que nunca viajou solto naquele pequeno nicho atrás do banco do Fusca ou na cobertura do motor de uma Variant, ou no porta-malas de uma Caravan? Era uma irresponsabilidade quase inocente, que passava desapercebida por todos, até mesmo pelos agentes de fiscalização.

Mas os tempos mudaram, e muito, e a indústria automotiva desenvolveu sistemas e ferramentas para aprimorar cada vez mais a segurança nos carros. Os modelos da atualidade usam, em sua maioria, aços de ultra resistência, com áreas de deformação e absorção de impacto para preservar a célula onde ficam motorista e passageiros. Isso evita ferimentos graves e até a morte dos ocupantes do carro.

Além do reforço estrutural, a segurança nos carros foi aumentada com o uso de airbags e o auxílio da eletrônica, que vai desde os controles de estabilidade e tração, freios ABS, até os sistemas semiautônomos que ajudam a prever colisões e atuam no freio. Muitos estudos, muito esforço por parte dos engenheiros e muito dinheiro investido para garantir a segurança de quem usa os carros.

Porém, a realidade mostra que nem todo cidadão tem acesso a esse tipo de segurança nos carros. Sim, é fato! Existem carros com mais segurança e outros com menos. Não precisa se esforçar muito para concluir que os modelos com mais sistemas de segurança são os mais caros. Mas segurança não deveria ser um quesito básico e oferecido de maneira igualitária para todos os cidadãos? Bom, não é bem assim que muitos governos pensam e muito menos as indústrias.

Segurança não pode ser seletiva

Sorte de quem tem um carro mais seguro, como a cantora Paula Fernandes, que sofreu um grave acidente na semana passada com seu Land Rover, na rodovia Castelo Branco em São Paulo. O carro que ela dirigia foi batido na traseira, capotou várias vezes e parou com as rodas para cima. Paula e o namorado usavam cinto de segurança e saíram do carro ilesos, mas assustados. Foram salvos, sim, pela tecnologia aplicada na construção do modelo e pelos sistemas de segurança que ajudam a diminuir os impactos nos acidentes.

Mas, como já foi dito, a segurança nos carros não é um quesito que se estende de forma ampla a todos os modelos, principalmente em mercados de países emergentes, como o Brasil. Na semana passada, a Citroën lançou o novo C3, com visual moderninho e multimídia de 10 polegadas, mas com apenas dois airbags. Sim, não tem mais bolsas infláveis nem como opcional. A justificativa? “O carro tem estrutura tão reforçada que os outros airbags nem fazem tanta falta”. Sério? E por que carros mais caros que também têm estrutura reforçada trazem oito ou nove airbags?

O VRUM já teve o primeiro contato em um teste rápido com o novo Citroën C3. Confira!

https://youtu.be/bP2A_MHHCKY

A conclusão que se chega é que a segurança nos carros é seletiva. Para reduzir custo e vender em maior volume, as montadoras sacrificam a segurança dos modelos. Mas só em países emergentes, onde o consumidor valoriza mais o visual bonitinho e o sistema multimídia “da hora” no painel. Enquanto o consumidor não aprender fazer valer os seus direitos e entender que segurança nos carros é um quesito básico, vamos continuar computando números alarmantes de acidentes com mortos e feridos graves.

A responsabilidade, nesse caso, passa pelos governos, em exigir segurança nos carros, pelas montadoras, oferecendo produtos seguros por preços mais acessíveis, e pelo consumidor, fazendo a escolha consciente sem abrir mão da segurança.

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