É inacreditável, mas é verdade: ainda tem gente caindo no velho golpe do 'tijolinho', como é chamado o pequeno anúncio (classificado) publicado em jornais, oferecendo automóveis zero km muito abaixo do preço de tabela. Tanto que duas montadoras (Toyota e General Motors) voltaram a alertar o mercado para o golpe, explicando que elas não vendem seus modelos com elevados descontos para seus funcionários. A tramóia é assim: um pequeno anúncio oferece um carro zero com desconto de 30% a 40%. O interessado liga para um celular, quem atende já diz "Bom dia, Toyota do Brasil" explicando que tem direito ao carro por ser um graduado funcionário da empresa, mas vai vendê-lo. O cliente escolhe os opcionais, a cor e a concessionária em que o carro deve ser entregue. O vigarista manda uma nota fiscal falsificada com o timbre da montadora, com o carro pedido, em nome do cliente e a revenda escolhida como local de entrega. Convencido pela nota fiscal, o trouxa manda a primeira parcela para uma conta bancária, compromete-se a pagar o restante depois de recebido o carro e .... nunca mais consegue contato com o celular, nem com o 'funcionário', com o banco e muito menos com o sonhado Corolla (ou Vectra, ou trator, ou caminhão...)
É impressionante como o golpe existe há anos e a polícia se diz incapaz de deter as diversas quadrilhas que o praticam. Porque o celular é pré-pago, sem identificação precisa do usuário, a conta do banco é fechada logo depois e o anúncio no jornal foi pago à vista, em dinheiro.
Zé marcha a ré
Mas golpe não é só pelo celular. Leitor conta que estava adquirindo um usado baseado na baixa quilometragem no hodômetro. Mas desconfiou, pela idade e pelo desgaste de algumas peças, que o automóvel tinha rodado muito mais. O vendedor retrucou prontamente: "Olha aí, doutor, esse hodômetro não é mais o analógico com os algarismos girando em rodinhas. É eletrônico, o que impede sua adulteração". Resolveu consultar uns e outros para descobrir que é muito, mas muito mais fácil 'reduzir' a quilometragem de um hodômetro digital...
Upgrade
Mas dizem os malandros que todo dia acorda um trouxa. É só saber fisgá-lo. Outra artimanha em lojas de usados é a 'promoção' de um modelo. O preço de um carro no mercado depende da versão de acabamento, ou seja, quanto mais equipado pela fábrica, mais caro. O GLX sempre vale mais do que o GL. E qual é a dificuldade, para a loja desonesta, de alterar a plaquinha na lateral e na tampa do porta-malas?
Dá para enganar quem não entende, pois alguns dos acessórios da versão mais cara tinham sido instalados pelo proprietário anterior. Se o cliente perceber, será só muito depois, quando examinar cuidadosamente a documentação do carro. Ou então, daí a dois anos, quando decidir trocá-lo. Mas aí, será tarde demais...
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