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Preços e condições de crédito seguram as vendas de carros

Com os juros de financiamento cada vez mais altos, escassez de semicondutores e combustíveis caros, o reflexo não poderia ser outro senão a queda nas vendas de carros zero

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Associação dos fabricantes acredita que o mercado deve fechar 2023 com crescimento na faixa entre 5% e 7%
Associação dos fabricantes acredita que o mercado deve fechar 2023 com crescimento na faixa entre 5% e 7% Foto: Associação dos fabricantes acredita que o mercado deve fechar 2023 com crescimento na faixa entre 5% e 7%

Está difícil de projetar o que acontecerá até o fim do ano com o mercado de veículos leves. Um dos pontos relevantes foi a rápida subida de preços, reflexo da combinação de fatores como inflação e consequente salto dos juros de financiamento para até perto de 30% ao ano, custos de componentes, escassez de chips, problemas logísticos e também novas exigências sobre emissões, consumo de combustível e itens de segurança passiva e ativa. Tudo isso afetando as vendas de carros zero no país.

Segundo a consultoria Jato Dynamics, nos últimos cinco anos, o preço médio saltou 85% e, atualmente, se situa em R$ 135 mil. A média ponderada deve ficar abaixo disso já que os modelos mais baratos ainda têm peso relevante. Se o critério for o de número de salários mínimos (SM) para adquirir um carro, o aperto aumentou de 28 SM para 50 SM no mesmo intervalo.

Vendas de carros caem também em outros países

Este fenômeno, que afeta as vendas de carros, no entanto, é mundial. Estudo do DAT (sigla para Curador dos Carros Alemães), citado pelo site AUTOentusiastas, aponta que os preços subiram lá quase 60% em 10 anos, em um país de economia muito forte e baixíssima taxa de inflação.

Outra pesquisa de maior abrangência (18 países e 17 mil entrevistados) do banco BNP Parisbas, denominada Barômetro Automobilístico 2023, registrou a queixa generalizada de 70% dos compradores: sacrifícios financeiros elevados para comprar, abastecer e manter um veículo. A tendência é de uma elitização de quem pode adquirir ou financiar um automóvel.

Voltando ao Brasil, a educadora financeira Aline Soaper destaca: “O consumidor deve analisar suas finanças pessoais e colocar na ponta do lápis se pode ou não comprar um carro novo ou usado, ou se o aluguel é uma melhor opção”. Decisão esta que, certamente, acaba impactando as vendas de carros.

Devo apontar, porém, que apesar da badalação da assinatura mensal, uma forma de aluguel mais abrangente por incluir todas as despesas com impostos e manutenção, é uma operação bastante cara. Exige que se tenha certeza de renda alta e duradoura para ao final do contrato firmar outro. Em geral, atende quem precisa investir em um negócio próprio e costuma comprar um carro à vista. Assim, desmobiliza o capital para obter um ganho que pague a assinatura e ainda deixe um bom dinheiro no bolso.

Incertezas políticas e jurídicas são outras variáveis que vêm afetando o mercado automobilístico e as vendas de carros. Quanto a isso, nada a fazer, além de esperar e observar os acontecimentos.

Novo Sentra avança, mas o Corolla vai continuar firme

Sedans médio-compactos já tiveram dias de glória. Toyota Corolla, dono do pedaço, conquistou 75% de participação contra apenas 15% do Chevrolet Cruze e presença tímida de Honda Civic, VW Jetta e Chery Arrizo 6. O segmento encolheu em razão do avanço dos SUVs. Estes vendem três vezes mais que os racionais sedans. Neste cenário, é muito bom o relançamento do Nissan Sentra em sua oitava geração. Vindo do México e isento de imposto de importação, conta com estilo moderno bem superior aos modelos anteriores, em especial desenho do teto e lanternas traseiras, por R$ 148.490 e R$ 171.590.

Novo Nissan Sentra Exclusive 2023 branco de frente estacionado
O sedan médio ganhou desenho mais moderno e faróis em LED

Suas dimensões mudaram quase nada: 2.707mm de entre-eixos e 4.646mm de comprimento. A largura (1.816mm) é 36mm maior que o Corolla e apenas 9mm a mais que o Cruze. Porta-malas de 446 litros tem praticamente o mesmo volume do Corolla. Oferece na versão mais cara teto solar elétrico, ausente no modelo da Toyota. Uma diferença a favor do Nissan é o conforto dos bancos dianteiros, com a tecnologia Zero Gravity, agora estendida também para o banco traseiro.

Houve evolução no acabamento interno. Ganhou 11 porta-objetos e um console central de 7,7 litros. O quadro de instrumentos tem velocímetro e conta-giros analógicos, enquanto a central multimídia de oito polegadas oferece boa resolução. Pormenor destoante é o freio de estacionamento com pedal, uma solução datada. Carregamento por indução do celular só instalado na concessionária e preço à parte. O novo Sentra vem com seis airbags e um robusto sistema de assistência eletrônica ao motorista.

nissan sentra modelo 2023 exclusive 2.0 cvt branco de traseira no estudio
Lanternas traseiras ganharam novo desenho, mais equilibrado com o conjunto

Mecanicamente o carro evoluiu com uma suspensão traseira multibraço. O motor do ciclo Atkinson 2.0 litros, somente a gasolina, entrega 151cv e 20kgfm de torque, e a caixa de câmbio CVT tem oito marchas. Aí o Corolla ganha de novo com um motor flex de 177cv (e)/169cv (g) e 21,4kgfm para os dois combustíveis, além do câmbio CVT de 10 marchas. Tanque de combustível do Corolla é de 50 litros (três a mais) e também ganha no consumo de gasolina: 11,9km/l (cidade); 14,2km/l (estrada). Em desempenho, o Sentra até perde por pouco no 0 a 100km/h: 9,4 s, apenas 0,2 s a mais que o rival, embora a massa de ambos seja coincidentemente igual (1.405kg).

Apesar da nítida e convincente evolução holística do sedan da Nissan, mais provável que conquiste alguns pontos de participação de mercado sobre o Cruze, mas incomodar o Corolla não será possível.

nissan sentra modelo 2023 exclusive 2.0 cvt branco interior painel e banco no estudio
Versão de topo de linha tem a opção de acabamento na cor sand, que custa R$ 1.700

ALTA RODA

VIRADA de chave total marca o novo C3, um hatch mais parecido com um SUV do que outros que como tal se autoentitulam, porém, a Citroën optou pelo termo “atitude SUV”. Pura estratégia da Stellantis para diferenciá-lo dos Fiat. Avaliei a versão 1.0 litro (câmbio manual) e 1.6 litro (automático). A primeira usa o motor Fiat tricilindro de 71cv (g)/75cv (e), que entrega desempenho razoável graças a uma massa de apenas 1.037kg.

A largura da carroceria (1.733mm) é ponto positivo e a posição ao volante também, além do porta-malas de 315 litros. Só não agrada o quadro de instrumentos de pobreza franciscana. Versão com motor mais forte lança mão da antiga, mas confiável unidade de origem PSA: 113cv (g)/120cv (e). Bem agradável de dirigir em conjunto com o câmbio de seis marchas e um surpreendente vão livre de 180mm. Espaço interno superior aos concorrentes, mas conta com apenas dois airbags. Preços: R$ 72.990 e R$ 97.790.

Citroën C3 2023 azul em matéria sobre cores de carros
Cor carismática do Citroën C3 2023 foi elogiada nas ruas

NOVO Mercedes-Benz GLC Coupé apresentado na Europa inclui um pseudo-híbrido (alternoarranque de 48V) e um híbrido plugável como opções. Uma novidade é o interessante sistema para indicar o alcance elétrico levando em consideração fatores externos como temperatura ambiente, uso de aquecimento da cabine no inverno e refrigeração no verão, além do modo como o motorista dirige. Isso permite saber em que condições o alcance varia e se afasta dos números homologados em laboratório. Esse dispositivo ainda não está instalado nos modelos 100% elétricos, mas deverá ser. Finalmente, a transparência de informações chegou.

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