A Honda já teria tomado a decisão sobre a produção da nova geração do Civic, prevista para novembro de 2027. Segundo a agência de notícias Reuters e The New York Post, a décima segunda geração do Civic, que seria feita no México, irá permanecer nos Estados Unidos, mais precisamente para a planta de Greensburg, em Indiana.
O motivo é as tarifas de 25% sobre bens importados do México e do Canadá, impostas pelo presidente Donald Trump, que entraram em vigor em março de 2025. A mudança, que deve começar em maio de 2028, é uma tentativa da marca japonesa de escapar dos custos extras e manter o preço competitivo do Civic, um dos carros mais populares no mercado norte-americano.
Segundo informações divulgadas na última segunda-feira (3), a montadora japonesa já tinha planos bem definidos para fabricar o novo Civic, incluindo sua versão híbrida, na planta de Guanajuato, no México. A escolha fazia sentido: o México é um polo automotivo consolidado, com custos de produção mais baixos que nos EUA ou no Canadá.
Marcas como Toyota, BMW, Audi e Volkswagen também têm fábricas por lá, aproveitando mão de obra mais acessível e uma cadeia de suprimentos forte. Mas tudo mudou com as tarifas de Trump, que ameaçam encarecer os carros exportados para os EUA, o segundo maior mercado da Honda, atrás apenas da China.
Atualmente, cerca de 80% dos veículos que a Honda produz no México são enviados para os Estados Unidos. Isso inclui modelos como o Accord e CR-V. No total, 40% dos carros que a marca vende no mercado norte-americano vêm do México e do Canadá.
Com as tarifas de 25%, o impacto no preço final seria inevitável, e a Honda não quis arriscar. A solução foi mudar os planos e deixar a produção da próxima geração do Civic para Indiana, onde já mantém uma fábrica ativa.
Atualmente, o Honda Civic vendido no mercado norte-americano não sai do México. A produção atual do Civic é dividida entre duas plantas principais na América do Norte. O Civic sedã sai da planta de Alliston, em Ontario, no Canadá, enquanto o hatchback (incluindo a versão híbrida) é montado em Greensburg, Indiana, nos EUA.
Já o Civic Type R, o mais apimentado da linha, vem direto do Japão. Então, essa mudança que a Honda está planejando não mexe com a produção atual, mas sim com a próxima geração, que começa em 2027 e agora vai ser concentrada em Indiana para evitar as tarifas, de acordo com o site. No Brasil, o Civic Hybrid vem importado da Tailândia.
De acordo com fontes ligadas à marca, divulgadas pela Reuters, a planta de Greensburg, em Indiana, tem expectativa de produzir cerca de 210 mil veículos por ano.
A Honda não confirmou oficialmente a mudança, mas um porta-voz da empresa disse que decisões como essa são baseadas no ambiente financeiro e nas condições de mercado. E não é pra menos. Em 2024, a Honda (incluindo sua marca de luxo Acura) vendeu 1,4 milhão de veículos nos EUA.
O Civic foi o segundo carro mais vendido da marca, atrás só do CR-V, com mais de 242 mil unidades entregues – um salto de 21% em relação a 2023. Hoje, o Civic sedã é o modelo mais acessível da Honda no EUA, começando em US$ 24.250 (cerca de R$ 122 mil), enquanto o Type R, com seu motor 2.0 turbo de 315 cv, sai por US$ 45.895 (perto de R$ 230 mil).
Desde que assumiu seu segundo mandato, o presidente americano tem apertado o cerco contra as importações. Em março de 2025, ele implementou uma tarifa de 25% sobre todos os bens vindos do México e do Canadá, além de 20% sobre produtos da China.
O objetivo, segundo Trump, é trazer empregos de volta pros EUA e fortalecer a indústria local, especialmente em áreas como o Cinturão da Ferrugem, que já foi um polo industrial e hoje sofre com o desemprego.
Segundo o Anderson Economic Group, o custo de produção dos veículos na América do Norte pode subir entre US$ 3.500 e US$ 12 mil. Desta forma, modelos mais acessíveis ficariam mais caros e aumentando o preço para o consumidor. Por isso, montadoras podem cortar gastos na produção e empregos.
Isso sem falar que outras montadoras, como Ford e GM, também têm fábricas no México e podem sentir o impacto. A Ford, aliás, de acordo com o site Automotive News, disse aos seus fornecedores que pode atrasar o lançamento da próxima geração da F-150 por causa das tarifas. Lembrando que a Série F da Ford foi o carro mais vendido do EUA há anos e só foi desbancado pela RAV4, agora, em 2024.
Outras marcas japonesas, como Toyota e Mazda, também têm produção no México e podem seguir o mesmo caminho se as tarifas continuarem. Mas o processo não é simples: relocar fábricas leva tempo, envolve contratos com fornecedores e exige ajustes na cadeia de produção.
No caso da Honda, a mudança para Indiana já está planejada para começar só em 2028, o que mostra como essas decisões são demoradas.
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