Os SUVs da Volkswagen vivem situações absolutamente distintas no mercado: enquanto o T-Cross lidera o segmento de modelos compactos e o Nivus também obtêm boa participação nessa mesma categoria, o modelo médio da gama, o Taos, simplesmente não embala. E isso ocorre desde o lançamento do veículo, em maio de 2021.
Para se ter uma ideia, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Volkswagen Taos somou 3.887 emplacamentos no primeiro quadrimestre de 2024 - média de apenas 971 unidades por mês.
Esse número não chega a ser inexpressivo, mas é muito inferior aos dos concorrentes diretos. Durante o mesmo período, Jeep Compass e Toyota Corolla Cross contabilizaram, respectivamente, 15.550 e 13.041 unidades comercializadas. Até mesmo o Haval H6, que é novato do mercado e cujo fabricante, a Great Wall Motors (GWM), tem uma rede autorizada ainda pequena, teve 5.452 exemplares vendidos.
Por que o Volkswagen Taos não vende bem?
Cabe ressaltar que o Volkswagen Taos tem qualidades: o VRUM já avaliou o SUV e gostou, em especial, do espaço para ocupantes e bagagem e do acerto de suspensão, que utiliza um sistema independente do tipo multilink no eixo traseiro. Assista ao vídeo e saiba mais sobre o SUV:
Porém, o fato é que tais atributos não têm atraído os consumidores. O VRUM enumerou 5 motivos que podem ajudar a explicar por que o Volkswagen Taos vende pouco. Cabe destacar que são apenas hipóteses: afinal, o mercado de veículos é complexo e, às vezes, até os próprios fabricantes são surpreendidos com a aceitação ou a rejeição a determinados modelos. Dito isso, confira o listão!
1- Imagem da marca
A marca alemã está historicamente ligada a veículos de proposta acessível e coleciona sucessos nesse segmento: Fusca, Brasilia, Gol e Fox são exemplos de produtos que caíram no gosto do consumidor brasileiro. Vale lembrar ainda que o Polo é o atual líder do mercado nacional. Talvez devido a essa imagem mais popular, a Volkswagen tenha dificuldade em se destacar nas categorias superiores, justamente como a do Taos.
Com a Toyota, ocorre o contrário: apesar de também ter proposta generalista, a marca japonesa nunca alcançou grande volumes de vendas com o extinto Etios e o atual Yaris, ambos mais acessíveis. Em compensação, domina a categoria de sedans médios há anos com o Corolla e surfa nessa onda com a configuração Cross. Por sua vez, a Jeep só atua nos segmentos de SUVs e de veículos utilitários.
2- Design tradicional demais
Outra tradição histórica na marca é o design bastante funcionalista, sem grandes ousadias e com fortes traços identitários entre os diferentes modelos (estratégia que o marketing chama de family face). Isso não é, necessariamente, um defeito, mas, nas redes sociais, é comum ver comentaristas reclamando que veículos de preço mais alto da gama são muito parecidos outros bem mais baratos, o que vale para o Volkswagen Taos em relação ao T-Cross.
3- Concorrentes já têm motorização híbrida
O Taos tem, como única opção, o motor 1.4 turbo que o fabricante chama de 250 TSI: é verdade que a Volkswagen já prepara uma motorização híbrida-flex para o SUV, mas a chegada ao mercado só deverá ocorrer em 2025, junto com uma reestilização.
Nesse aspecto, os concorrentes arrancaram na frente: o Haval H6 é sempre híbrido, pleno ou do tipo plug-in, enquanto o Toyota Corolla Cross oferece tanto esse tipo de motorização quanto a tradicional, a combustão. Por sua vez, o Jeep Compass tem opções flex, a diesel e híbrida plug-in, sendo que uma inédita versão híbrida-plena deve chegar ao mercado ainda neste ano.
4- Acabamento simples frente aos concorrentes
Uma crítica recorrente ao Volkswagen Taos diz respeito ao acabamento interno, que traz muitos revestimentos plásticos. Até existem superfícies acolchoadas no painel e nas portas dianteiras: a versão top de linha Highline traz ainda duas tonalidades de couro nos revestimentos dos bancos. Porém, os toques de sofisticação param por aí. Coincidência ou não, os concorrentes citados têm interiores mais bem-cuidados.
5- Greve do Ibama prejudica importação do Volkswagen Taos
Pelo menos nos últimos meses, há um fator externo que, possivelmente, está colaborando para os baixos números de vendas do Volkswagen Taos: a greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). É que o órgão precisa certificar as emissões de poluentes dos veículos importados, trâmite que, atualmente, pode chegar a 50 dias. Vale lembrar que o SUV em questão vem da Argentina.
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