O Salão EICMA – Esposizione Internazionale Delle Ciclo e Motociclo Due Ruote 2023 –, ou simplesmente Salão de Milão, na Itália, é realizado desde 1914. É a exposição mais importante do mundo no segmento e as montadoras utilizam seus holofotes para lançar seus modelos e mostrar avanços tecnológicos. Muitos deles também com passaporte carimbado para o Brasil. O salão foi surpreendentemente revigorado após a pandemia e vai até o dia 12 de novembro.
HONDA
Honda CB 1000 Hornet
O nome que batizava a badalada moto CB 600F Hornet (substituída no Brasil pela CB 650F, em 2015) ressuscitou com o lançamento em 2022 da CB 750 Hornet. No entanto, em vez do motor de quatro cilindros em linha, a nova Hornet 750 (Vespa, em inglês) foi lançada com motor de dois cilindros em linha. O mesmo que equipa a também recém-lançada XL 750 Transalp.
Salvando a memória da Hornet, especialmente no Brasil, que chegou a ser o maior consumidor mundial do modelo, a novíssima moto naked CB 1000 Hornet 2024, apresentada no Salão de Milão, resgata não só o icônico motor de quatro cilindros em linha, como amplia a família com a designação Hornet. O motor da Hornet 1000 é o mesmo que equipou a superesportiva CBR 1000RR Fireblade de 2017 a 2019, com alterações para as novas funções.
A potência da nova moto é de cerca de 150cv, com torque de 10,2kgfm, três modos de pilotagem e embreagem assistida e deslizante. O painel tem tela em TFT colorida de cinco polegadas e conectividade com o smartphone. A suspensão dianteira é Showa com funções separadas e 41mm de diâmetro. Na traseira, sistema mono. Ambos reguláveis. O freio dianteiro tem dois discos de 310mm, com pinças radiais de quatro pistões.
Honda NX 500
A dança dos nomes continua. A nova moto Honda NX 500 apresentada (extra feira) é a sucessora da aventureira CB 500X, comercializada no Brasil junto com a irmã naked CB 500F, desde 2014. A sigla NX (New-X) já foi usada pela Honda no Brasil com a moto semi-carenada NX 350 Sahara, por exemplo, e que agora também batiza a nova NX 300 Sahara. A família NX vai se reinventando.
O motor da nova moto Honda NX 500 (que também vai chegar ao Brasil) é o mesmo da CB 500X. Dois cilindros paralelos, 471cm³, oito válvulas e refrigeração líquida, que entrega 48cv. Porém, com outro mapeamento e inclui o controle de tração, que pode ser desligado. A embreagem é assistida e deslizante, e o peso, três quilos menor em relação à CB 500X.
O visual foi quase mantido em relação à CB 500X, embora a moto tenha outro nome e novos blocos de iluminação em LED. O painel tem nova forma, com tela em TFT colorida e três modos de exibição, além de conectividade. A suspensão dianteira é Showa invertida com funções separadas. Na traseira, sistema mono. Ambas reguláveis e com 135mm de curso na roda.
Honda CB 500 Hornet
Outro membro da família Hornet é a nova CB 500. Equipada com motor de dois cilindros paralelos de 471cm³, desenvolve 47,6cv e 4,4kgfm de torque. Mesmo conjunto mecânico da CB 500F. A suspensão dianteira é Showa invertida de 41mm de diâmetro, com funções separadas. Na traseira, amortecedor Showa regulável. A iluminação é em LED e o painel em TFT de cinco polegadas. Assim como a NX 500 pode substituir a CB 500X, a nova CB 500 Hornet deve ser a substituta da CB 500F nacional.
Honda CBR 600RR
Outra moto que reencarnou depois de seis anos (na Europa) foi a esportiva CBR 600RR, apresentada no Salão de Milão. Uma moto superesportiva de porte médio, espécie de mini CBR 1000RR-R Fireblade. No embalo da dança dos batismos, no Brasil, a CBR 650R também de quatro cilindro, contínua em linha.
A nova moto Honda CBR 600RR tem motor de quatro cilindros em linha que entrega 121cv a estratosféricos 14.250rpm e torque de 6,4kgfm a 11.500rpm. A mini Fireblade tem unidade de medição inercial (IMU) de seus eixos, cinco modos de pilotagem, freios ABS de curvas com nove níveis, controle de tração, de empinadas, de levantamento da roda traseira, amortecedor eletrônico de direção, quick shifter e embreagem assistida e deslizante.
A Honda também apresentou no Salão de Milão o sistema E-Clutch. A primeira embreagem totalmente automática do mundo para uma moto de múltiplas marchas. As motos CB 650R e CBR 650R modelo 2024 são as primeiras com o novo sistema, que pesa aproximadamente dois quilos.
A alavanca de câmbio e o manete de embreagem permanecem. No entanto, ao parar ou arrancar, não é necessário utilizar a embreagem. Andando, para mudar as marchas, basta acionar o pedal, como no sistema quick shifter, ou debrear de forma convencional. O sistema que não é o Dual Clutch Transmission (DCT – dupla embreagem) harmoniza a embreagem com o corte eletrônico da injeção e na ignição de forma precisa e instantânea.
YAMAHA
Yamaha Ténéré 700 Explorer
Eterna candidata a desembarcar no Brasil, a Ténéré 700 ganhou a nova versão Explorer no Salão de Milão. A moto continua com o mesmo motor de dois cilindros de 689cm³, que também equipa a MT-07 (já em nosso mercado) batizado de CP2. Cross Plane 2, com defasagem no virabrequim, que produz cerca de 47cv. Para trocar as marchas, o sistema quick shifter.
A diferença é que o banco tem 860mm de altura, 15mm menos que a Ténéré Standard, o para-brisa tem bolha mais alta e envolvente, além de preparação para receber bolsas laterais. Tudo para maior conforto em viagens. As suspensões dianteira (160mm) e a traseira (180mm) reduziram o curso em 20mm. As rodas em alumínio são douradas e o grafismo exclusivo.
SUZUKI
Suzuki GSX-S 1000 GX
O Salão de Milão foi palco da apresentação de dois modelos da Suzuki com boas chances de fazer parte da linha nacional. A moto GSX-S 1000 GX de nome extenso é uma crossover derivada da linha esportiva GSX, mas, com estilo que “lembra” uma big trail, com ergonomia de pilotagem mais relaxada e para-brisa ajustável em três níveis.
O motor de quatro cilindros em linha de 999cm³ fornece 152cv a 11.000rpm e torque de 10,8kgfm a 9.250rpm. Tanto o quadro em dupla trave quanto o motor são os mesmos do modelo GSX-S 1000 GT, já vendido em nosso mercado, aumentando a chance do desembarque. A nova moto também é a primeira da Suzuki equipada com suspensão eletrônica.
A eletrônica tem unidade de medição inercial de seis eixos, três modos de pilotagem pré definidos, sete níveis de controle de tração mais o desligado, quickshifter de duas direções, ABS de curvas. O painel é em tela TFT colorida de 6,4 polegadas com espelhamento ao celular.
Suzuki GSX-8R
A nova moto apresentada no Salão de Milão é a versão esportiva e carenada da GSX-8S naked. Todas dividem o mesmo motor de dois cilindros paralelos de 776cm³, equipado com arrefecimento líquido e defasagem de 270 graus no virabrequim que produz 82,9cv a 8.500rpm e torque de 8kgfm a 6.800rpm, que também equipa a V-Strom 800, já confirmado para 2024.
A GSX-8R tem um sistema que regula a entrega de potência em três níveis (A,B e C) sem alterar a cavalaria junto com embreagem assistida e deslizante, quick shifter e controle de tração em três níveis e desligado. O painel é em TFT colorido de cinco polegadas, com dois modos de exibição: dia e noite. A suspensão dianteira é invertida Showa, com funções separadas e não ajustáveis. A traseira é mono ajustável na pré carga.
KAWASAKI
Kawasaki Ninja 500 e Z500
Além dos modelos comemorativos Ninja 40 anos, a Kawasaki mostrou no Salão de Milão que turbinou o motor de dois cilindros e 451cm³ do modelo custom Eliminator 450cm³ (prometido em nosso mercado para meados de 2024), aumentando para 499cm³, para lançar as novas Ninja 500 e Z 500. As duas novas motos utilizam o mesmo conjunto mecânico, quadro e outros componentes.
A esportiva Ninja 500 tem a carenagem com linhas que remetem às irmãs maiores. Especialmente o conjunto de faróis na dianteira. A Z500 se destaca igualmente pelo bloco de iluminação frontal e estilo “Sugomi” das motos naked da marca. Ambas vão ser equipadas com painel em tela TFT colorida com conectividade ao celular e tomada USB. A Kawasaki não divulgou outros detalhes.
Kawasaki Z7 Hybrid
Assim como as motos Ninja carenadas e as motos da linha Z nakeds que utilizam o mesmo conjunto mecânico, a Kawasaki lançou no Salão de Milão a Z7 Hybrid, que é a versão“pelada” da Ninja 7 Hybrid. A primeira moto híbrida de série do mundo.
A Z7 Hybrid tem motor a combustão de dois cilindros paralelos de 451cm³, com câmbio manual ou automático, acoplado a um motor elétrico de 9kW, alimentado por uma bateria de 48V. A Z7 Hybrid tem três modos de condução, função start stop (no motor a combustão) e função caminhada (no motor elétrico) para frente e para trás, para facilitar as manobras.
ROYAL ENFIELD
Royal Enfield Himalayan 450
A marca indiana de origem inglesa tem no Brasil o segundo mercado mundial, atrás somente da própria Índia. Com fábrica em Manaus, Amazonas, apresentou no Salão de Milão a nova moto estilo aventureira Himalayan 450, que também virá para o Brasil. Um grande salto tecnológico em relação à moto Himalayan 400 anterior.
A nova moto Himalayan 450 foi projetada do zero e não apenas uma evolução do modelo 400. O motor, batizado de Sherpa 450, tem 452cm³ e é o primeiro da marca com refrigeração líquida. Produz 40,02cv a 8.000rpm e torque de 4.1kgfm a 5.000rpm. Porém, 90% do torque já está disponível a apenas 3.000rpm, em um câmbio de seis marchas com embreagem assistida e deslizante.
O estilo aventureiro permanece, inclusive com aro dianteiro raiado de 21 polegadas em alumínio. O freio ABS também pode ser desligado para condução na terra. A suspensão dianteira Showa é invertida e a traseira do tipo mono. O banco pode ser ajustado entre 805mm e 845mm de altura. O painel tem navegador TripperDash em tela TFT e parceria com o Google Maps. De quebra, também mostrou o protótipo Him-E, da Himalayan elétrica.
DUCATI
A marca italiana, instalada oficialmente no Brasil, comemora 30 anos do emblemático modelo 916. A Ducati 916 foi inclusive a primeira moto a se tornar uma série especial do piloto Ayrton Senna, em 1994. A comemoração veio com a Panigale V4 SP2 30Th Anniversary.
Ducati 916
A edição especial apresentada no Salão de Milão tem 500 unidades numeradas com pintura e decoração em homenagem à 916 que venceu o Mundial de Superbike de 1999 com Carl Fogarty. O modelo é especial para pistas.
A Ducati também mostrou no Salão de Milão o modelo Hypermotard 698 RVE. É a primeira Hypermotard da marca com motor de um cilindro, desenvolvido a partir da Panigale de dois cilindros 1299 (que utiliza o motor Superquadro 1.283cm³), porém, reduzido para apenas um cilindro. A potência atinge impressionantes 77,5cv a 10.500rpm.
KTM
A marca austríaca, também instalada oficialmente no Brasil, mostrou no Salão de Milão outra moto comemorativa de 30 anos. A nova 990 Duke 30Th Anniversary tem motor batizado de LC8 de dois cilindros paralelos derivado do modelo 890 Duke R, aumentado para 947cm³. O novo propulsor rende 123cv a 9.599rpm e torque de 10,5kgfm a 6.750rpm.
A eletrônica tem três modos de pilotagem padrões e mais dois customizáveis. O ABS e o controle de tração tem atuação de curvas. Porém, pode ser desligado na roda traseira para virar uma supermoto. O painel é em tela TFT colorida de cinco polegadas com tomada USB, indica inclusive o ângulo de inclinação. A iluminação é em LED e o peso de 179kg.
Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion: lançamentos, testes e dicas