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Direto da Itália

Bimota Tera: a arte da engenharia das duas rodas

Produzida em escala reduzida, a Bimota Tera tem o conceito Tesi, que inclui requintados quadro e suspensão dianteira, além de motor sobrealimentado

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A Bimota Tera traz uma fusão de estilos, com características das big trail e esportivas
A Bimota Tera traz uma fusão de estilos, com características das big trail e esportivas Foto: Bimota/Divulgação

Embora pequenina, quase minúscula, a marca italiana de motocicletas Bimota se transforma em um gigante ciclópico quando o tema é o design e a inovação técnica. Exatamente como a nova Bimota Tera, apresentada em novembro de 2023. Classificada como a primeira moto crossover sobrealimentada (equipada com compressor) do mundo, tem propulsor de quatro cilindros em linha com 200cv e uma exótica suspensão dianteira sem o tradicional garfo.

A história da marca começa em 1966, com a associação de Valerio Bianchi, Giuseppe Morri e Massimo Tamburini, emprestando as iniciais dos sobrenomes para formar a palavra Bimota. Porém, os produtos ainda não tinham duas rodas. Eram equipamentos de aquecimento e refrigeração.

Bimota Tera modelo 2024 vermelho preto e branco de lateral estática no estúdio
O quadro tem placas de alumínio e a carenagem partes em fibra de carbono Foto: Bimota/Divulgação

As motos só vieram depois, em 1973, em um modesto galpão, na cidade de Rimini, onde está até hoje. A guinada, preparando motos de terceiros e de competições, foi idealizada por Tamburini, que se transformaria em um mago das pranchetas, projetando, entre outras, as cultuadas superesportivas Ducati 916 e MV Agusta F4.

Fusão de estilos

O estilo crossover tem sido uma tendência crescente. Mais ou menos como os grandes automóveis SUV (Sport Utility Vehicle), que até contam com preparação para encarar terra, mas quase nunca vão para o off-road. Entre as motos, as crossover são uma fusão de estilos entre os modelos do tipo big trail (que inclusive podem anexar malas) e as esportivas de rua.

Modelos versáteis e, principalmente, mais confortáveis, com suspensões mais longas e postura de pilotagem aprumada. Porém, igualmente, quase nunca frequentam a terra, circulando somente pelo asfalto, de preferência, bem lisinho.

Bimota Tera modelo 2024 vermelho preto e branco de traseira estática no estúdio
O freio traseiro tem disco simples de 220mm de diâmetro. Foto: Bimota/Divulgação

Exatamente como a nova Bimota Tera. A diferença está na tecnologia empregada. Em 2019, a Bimota foi encampada pela japonesa Kawasaki, com respaldo para usar seus motores e suporte corporativo, além da perspectiva de ultrapassar o rótulo de artesanal e exclusiva.

Suspensão Tesi

O sistema de suspensão dianteira, patenteado pela Bimota, porém, saiu dos bancos de uma universidade nos anos 1990. O então jovem engenheiro Pierluigi Marconi apresentou como tese de graduação (tesi, em italiano) o projeto de uma moto, justamente batizada de Tesi, com quadro ômega, que sairia do papel e viraria uma das estrelas da marca.

A suspensão dianteira da Bimota Tera é um desenvolvimento da original, com braços oscilantes em alumínio paralelos e horizontais (algo como a balança da suspensão traseira), ligados diretamente ao quadro, absorvendo os movimentos verticais.

A conexão com a roda dianteira engloba o amortecedor e o sistema de freios. Desta forma, cria-se o efeito anti-mergulho nas frenagens, além de reduzir as massas não suspensas. A ligação com o guidão é feita por uma articulação (espécie de joelho) que comanda a direção independente. Este conceito Tesi também permite ajustar o centro de gravidade da moto em 30mm.

Bimota Tera modelo 2024 vermelho preto e branco detalhe da roda dianteira estática no estúdio
A suspensão dianteira tem braços oscilantes em alumínio paralelos e horizontais ligados diretamente ao quadro, absorvendo os movimentos verticais Foto: Bimota/Divulgação

O quadro da Bimota Tera é dividido em dois, em placas de alumínio. O motor fica no meio e faz a ligação entre a dianteira e traseira, como parte rígida da estrutura. A suspensão dianteira tem amortecedor Ohlins ajustável, com 114mm de curso, ou opcional, Marzocchi semi-ativa, com 145mm. A suspensão traseira mono é Ohlins ajustável, com 135mm ou semi-ativa Marzocchi, com 165mm de curso

Motor com supercharger

O motor é o mesmo da Kawasaki H2 SX (versão touring da H2), com quatro cilindros em linha, 998cm³, equipado com supercharger (compressor ligado ao motor), que entrega 200cv a 11.000rpm e torque de 14kgfm a 8.500rpm. A embreagem é assistida e deslizante, e o escape Akrapovic é em titânio com ponteira em fibra de carbono.

A carenagem da Bimota Tera também utiliza ligas mais leves e partes em fibra de carbono, resultando em um conjunto com cerca de apenas 200kg. A eletrônica também é da Kawasaki, com modos de pilotagem, controle de tração em três níveis, controle de largada, piloto automático, freios ABS inteligentes e quick shift de duas direções.

Bimota Tera modelo 2024 vermelho preto e branco detalhe do motor estática no estúdio
O motor é o mesmo da Kawasaki H2 SX (versão touring da H2), com quatro cilindros em linha, 998cm³, equipado com supercharger Foto: Bimota/Divulgação

O painel da Bimota Tera é em tela LCD e TFT colorida com conectividade. A iluminação em LED e os freios dianteiros com duplo disco de 330mm, mordidos por pinças Brembo Stylema radiais de quatro pistões. O freio traseiro tem disco simples de 220mm de diâmetro.

A sofisticada marca de motos Bimota já esteve no mercado nacional a conta gotas, via importação independente. Com a Kawasaki oficialmente no Brasil e agora controladora da Bimota, existe a distante probabilidade do desembarque também aqui.

Bimota Tera modelo 2024 vermelho preto e branco detalhe do painel digital e para-brisa estática no estúdio
O painel é em tela LCD e TFT colorida com conectividade, e o pequeno para-brisa faz sua função Foto: Bimota/Divulgação

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