De Pune (Índia)* - A marca indiana de motocicletas Bajaj está desembarcando no Brasil com planos de longo prazo. A linha será composta com o modelo streetfighter Dominar 400 e ampliada progressivamente as street da família Pulsar, as custons da família Avenger e com o scooter elétrico Chetak.
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No Brasil, os modelos desembarcam importados em regime CKD (desmontados) para serem produzidos na planta da Dafra em Manaus (Amazonas), com supervisão dos técnicos da Bajaj indiana. Depois, o projeto é instalar sua própria linha de montagem.
A rede de concessionárias já está sendo montada, inicialmente pelo estado de São Paulo, depois pelos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, na Região Sudeste. Em seguida, pelos demais estados do Brasil.
Mercados brasileiro e indiano têm diversos pontos em comum
As semelhanças entre Índia e Brasil passam pela escassez de transporte público e também na produção de etanol, hidratado e anidro, a partir da cana de açúcar, exatamente como na origem da Bajaj. Porém, a sua mistura com a gasolina tem proporções diferentes.
No Brasil, o comando da Bajaj é do executivo Waldyr Ferreira, com larga experiência no segmento, tendo passagens pela Toyota, Triumph e Harley-Davidson, que projeta uma política de preços competitivos e semelhante à dos modelos concorrentes. A aposta é na tecnologia e nos componentes de série como atrativos.
As motos serão ajustadas para o mercado nacional sem o suporte de placa dianteiro, exigência indiana, e sem a proteção lateral junto à roda traseira para que as garupas não estraguem o vestido ao se acomodarem de lado, costume indiano.
E quais modelos da Bajaj virão para o Brasil?
- Bajaj Dominar 400
O modelo Dominar 400 vai estrear em um segmento pouco explorado. O desenho é estiloso e mistura conceitos, com pequeno para-brisa com suporte para o celular e tomada para recarga, protetor de punhos, mas jeitão streetfighter.
O painel digital tem subdivisão sobre o tanque. O estilo tem ainda escape curto e baixo, rodas em liga e encosto para o garupa. Na parte técnica, o motor de um cilindro arrefecido a líquido está mais para a parceira KTM. Entrega 40cv e torque de 3,6kgfm. A suspensão dianteira é invertida e a traseira mono. Os freios são ABS.
- Bajaj Pulsar
A linha Pulsar tem o modelo 250 nas versões F, com semi-carenagem, e N, naked. Esta, vai estrear no Brasil em concorrência direta com a Yamaha Fazer 250 e Honda Twister 250.
Com desenho arrojado e farol dianteiro em LED estilo projetor, tem ainda painel digital, protetor de motor tipo limpa trilhos, escape curto com dupla saída e freios a disco com ABS. O motor tem um cilindro, 24,5cv, torque de 2,2kgfm, com embreagem deslizante.
A Bajaj Pulsar N160, também naked, é outra candidata para concorrer com a Honda CG 160 e Yamaha Fazer 150. O motor de um cilindro com arrefecimento a ar e óleo entrega 16,5cv e torque de 1,5kgfm, com escape de saída baixa.
O painel tem elementos analógicos e digitais, incluindo a luzinha shift light. A suspensão traseira é do tipo mono e os freios a disco com ABS na dianteira. O visual foi recentemente modernizado na Índia, porém, a versão ainda não está confirmada para o Brasil. A família Pulsar tem ainda os modelos 125, 150 e 200.
- Bajaj Avenger
São modelos custom de baixa cilindrada, um segmento também pouco explorado no Brasil. Muitos cromados, suspensão dianteira mais aberta e posição de pilotagem com pés mais avançados. Para-brisa e encosto para a garupa, em banco de dois níveis, também fazem parte.
O motor na versão Cruise, com 220cm³ de cilindrada, entrega 14cv e um torque de 1,8kgfm. A versão 160cm³ (Street) desenvolve 11cv e um torque de 1,4kgfm. A família Avenger também conta com diversas motorizações.
- Bajaj Chetak
O scooter elétrico Chetak tem estilo retrô e adota o mesmo nome de um dos primeiros modelos produzidos pela Bajaj. Com autonomia de 95 quilômetros, tem bateria de íon lítio com garantia de sete anos. A demanda pelo modelo exigiu ampliação de sua linha de montagem. Esta elevada procura, interna e externa, pode comprometer ou atrasar o seu desembarque no mercado nacional.
Conheça a história da Bajaj
Curiosamente a Bajaj nasceu como produtora de açúcar em Lakhimpur Kheri, no estado de Uttar Pradesh. O fundador Jamnalal Bajaj, que era conselheiro de Mahatma Gandhi, porém, entendeu a grande carência de transportes no país e fundou o que se tornaria a Bajaj Auto em novembro de 1945 na cidade de Pune, estado de Maharashtra. A produção visou soluções de locomoção, ou seja, moto.
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De lá para cá, as carências de transporte ficaram ainda mais evidentes e a Bajaj expandiu muito sua produção. A Índia, com cerca de 1,4 bilhões de habitantes, sete vezes a população do Brasil, também é um dos maiores produtores mundiais de motocicletas. Hoje, a Bajaj é líder em exportações na Índia, com presença em cerca de 80 países, incluindo agora o Brasil.
A Bajaj ainda é controlada pela família Bajaj, mas, o executivo geral é Rakesh Sharma, com metas expansionistas. Hoje é a terceira maior produtora de motos do mundo, com cerca de 18 milhões de unidades vendidas, entre mercado interno e externo, além do microcarro Qute e os badalados Tuk-Tuk.
Além disso, detém 48% da marca austríaca KTM e produz suas motos de baixa cilindrada em suas plantas na Índia e mantém parcerias com a Husqvarna (ligada à KTM), com a inglesa Triumph e com a japonesa Kawasaki. São quatro plantas na Índia (entre elas a de Chakan e Akurdi, visitadas), com muitos engenheiros, inclusive na linha de montagem.
* Viajou a convite da Bajaj