Ao ligar o motorzão da BMW R18, a moto dá uma guinada para o lado e, junto com ela, o piloto. É o efeito contra rotativo do motor boxer de nada menos que 1.802cm³. O maior já produzido em toda a história de 100 anos da marca alemã. Este mesmo motor, porém, facilita muito o equilíbrio quando se acelera. Basta pôr a moto em movimento para o efeito desaparecer, substituído por outras forças da física.
O motor boxer, que leva este nome, pela arquitetura dos pistões contrapostos e “deitados”, como se estivessem boxeando, rebaixa de tal forma o centro de gravidade e as massas, que a BMW R18 quase anda sozinha. Mesmo em baixas velocidades. E a R18 faz questão de exibir o enorme propulsor de dois cilindros, como a grande estrela do modelo.
O estilo cruiser da BMW R18 (R que identifica os modelos BMW com motor boxer e 18 pela cilindrada) não requer velocidade, mas torque. A potência atinge 91cv a apenas 4.750rpm. Entretanto, o torque é de 16,1kgfm a apenas 3.000rpm. Espantosa e brutalmente, 95% da força, ou 15,9kgfm já estão disponíveis a parcos 2.000rpm. Um verdadeiro trator, que aceita retomadas em qualquer marcha e velocidade sem reclamar, deixando a pilotagem quase no automático.
Um pouco da história da BMW R18
A BMW R18 surgiu como conceito no sofisticado Concorzo D'eleganza Villa Deste, às margens do Lago de Como, na divisa da Itália com a Suíça, em 2019. Despertou tanto interesse que foi para a linha de montagem, na fábrica de Berlim, e agora chega ao Brasil, importada oficialmente, com preço sugerido de R$ 139.990. Contudo, o preço não foi empecilho para o estoque desaparecer e para levar o modelo para a garagem só entrando na fila de espera.
As formas da BMW R18 foram inspiradas no modelo de vanguarda para a época, R5, com motor boxer de 494cm³ e 24cv. Foram produzidas apenas 2.652 unidades entre os anos de 1936 e 1937, com soluções técnicas inéditas, como pedal de marchas de quatro velocidades no pé, como nas motos atuais (antes a alavanca era na mão) e suspensão dianteira hidráulica.
O formato do tanque (16 litros) com pintura preta e filetes brancos, o painel com instrumento redondo e leitura analógica, o farol destacado e também arredondado, além dos escapes cromados com desenho curvilíneo, são releituras atualizadas da R5.
Comportamento do motor boxer no asfalto
O motorzão boxer da BMW R18, responsável pelo extraordinário torque e por gerar equilíbrio nos 345kg de peso (já abastecida), provoca outro efeito colateral. A plataforma para os pés não pode ser mais avançada, como nas motos chopper. O motor fica no caminho, agravado pelo fato dos propulsores boxer exigirem dois cabeçotes. Um de cada lado.
A enorme distância entre-eixos, 1.731mm, aro dianteiro com 19 polegadas de diâmetro e a baixa altura em relação ao solo, não fazem da BMW R18 uma campeã nas curvas, inclusive raspando com facilidade. O barato é desfilar, aproveitando o monstruoso torque transmitido para a roda traseira via eixo cardan à mostra, com pneuzão 180/65, além do visual retrô moderno.
O lado moderno inclui eletrônica com três mapas de motor – Rain, Roll e Rock –, controle de estabilidade (ASC) que pode ser desligado, controle de arrasto (MSR) em função do megatorque, farol em LED e assistente de partida em rampas. O painel também tem pequena tela digital, com o computador de bordo.
A suspensão dianteira tem tubos de 49mm, cobertos por capas como na R5, e 120mm de curso. A suspensão traseira, do tipo mono, fica camuflada, como nas "rabo duro”, com regulagens na pré carga e 90mm de curso. As rodas são raiadas também para compor o estilo. Porém, os freios são a disco, curiosamente com a mesma medida, 300mm de diâmetro para brecar a avantajada. Na dianteira, uma dupla com pinças de quatro pistões e, na traseira, disco único. Todos com sistema ABS integral.
Há oito anos, Téo Mascarenhas participou do lançamento da BMW Nine T
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