As motocicletas mais customizadas, transformadas, adaptadas e modificadas do planeta são as equipadas com o clássico motor de dois cilindros em V. Um mercado tão vigoroso que o estilo, com destaque para a americana Harley-Davidson, é impiedosamente clonado. A marca comercializa alguns de seus modelos já customizados. A alemã BMW, porém, foi na direção oposta, com o desafio de customizar seu modelo mais luxuoso, o sofisticado Touring K 1600 GTL, que, em vez de contar com o tradicional V2, tem um motorzão de seis cilindros em linha.
O projeto foi batizado de Ignite Straihgt Six, com o desafio de manter o motor e o quadro intocados, conservando originalmente os maiores destaques do modelo. A missão foi encomendada a dois projetistas japoneses, que, apesar da origem asiática, compartilham uma escola mais ocidental, em uma globalização até então improvável, misturando sushi e chucrute. Kenji Nagai, do estúdio Ken’s Factory, além de customizador premiado também fabrica peças especiais. Mesmo currículo de Keijei Kawakita, do estúdio Hot-Dock Custom-Cycles.
BASE
A BMW K 1600 GTL, que serviu de base para a empreitada, é uma legítima devoradora de quilômetros, com muito conforto e toda sorte de mordomias. Concorre no mercado mundial, entre outras, exatamente com a japonesa Honda Gold Wing 1800.
O motor tem arquitetura de seis cilindros em linha, que foi adotado depois que a engenharia conseguiu reduzir suas dimensões, diminuindo a distância entre os cilindros e o tamanho dos balanceiros, além de deslocar componentes. O resultado é um motor de seis cilindros com dimensões semelhantes a um de quatro cilindros.
Outra providência foi inclinar o motor a 55 graus, rebaixando e centralizando as massas e o centro de gravidade, com um peso de apenas 102,6kg, proporcionando resultados positivos na maneabilidade. Os 1.649cm³ fornecem 160,5cv a 7.750rpm e um torque de caminhão trucado de 17,85kgfm a apenas 5.250rpm e 70% já disponível a parcas 1.500rpm. Além disso, a K 1600 GTL conta com gestão de motor com três modos de pilotagem, controle de tração, transmissão final por eixo cardã monobraço, e sistema de freios ABS combinado entre as rodas.
MODELOS
A moto projetada por Kenji Nagai, batizada de Ken’s Factory Special, seguiu a linha longa e baixa. A dianteira ganhou garfos especiais feitos artesanalmente. As rodas, sem os para-lamas, também foram trocadas, ganhando aros bem maiores, com 23 polegadas de diâmetro na dianteira e 20 na traseira, com aro maciço. A providência aumentou a sensação de rebaixamento da moto. O tanque, assim como o banco, estilo selim (que incorpora a luz de freio), o subquadro, a capa do radiador, a carenagem do farol e o guidão são de alumínio, fabricados manualmente.
Enquanto o projeto de Keijei Kawakita seguiu linha bem diferente. Muito mais encorpada, tem inspiração em vertentes como Mad Max, veículos militares e também nas máquinas imaginadas pelo genial escritor de ficção Júlio Verne. Tem uma espécie de esqueleto, com relógios espalhados pela moto, batizada de Juggernaut. Apesar do estilo exótico, com pintura do tipo envelhecida, o painel tecnológico original da K 1600 foi mantido, embora camuflado. Outra influência foi o para-lama dianteiro estilo BMW GS 1200, que também emprestou os faróis laterais.