A superesportiva italiana Panigale 1299, evolução do modelo 1199, ficou 10cv mais potente, com aumento na capacidade do motor, o que rendeu o título de propulsor de dois cilindros em série com a maior cavalaria do mundo. Um verdadeiro míssil terrestre, com nada menos que 205cv a 10.500rpm e torque de 14,8kgfm a 8.750rpm, 10% maior que a anterior. Tudo isso em míseros 166,5kg na balança a seco (sem combustível e demais fluídos), o que também rende uma relação peso X potência bastante favorável de 1,2cv à disposição para empurrar cada quilo da máquina.
Entretanto, esta furiosa potência foi cientificamente domesticada, por meio de doses cavalares de eletrônica, para poder ser guiada tanto por pilotos experimentados quanto por simples mortais, viciados em adrenalina. Por incrível que pareça, a nova Panigale 1299, mais potente e mais rápida que a antecessora, também é mais amigável na pilotagem. Para tanto, o motor de dois cilindros, com a tradicional disposição em L, marca registrada da montadora, e comando de válvulas desmodrômico, de 1.285cm³, batizado de Superquadro, pode ser monitorado e regulado ao alcance dos dedos.
ELETRÔNICA A sopa de letrinhas, cheia de siglas pomposas, pode ser traduzida em um cérebro eletrônico que monitora três tipos de mapeamento de motor, composto do modo Race (com toda a cavalaria disponível), Sport, com alguma limitação, e Wet (chuva), com maior controle de entrega e progressividade de potência, que baixa para 120cv. Mas não é só. A central eletrônica percebe a inclinação e velocidade da moto, junto com marcha engatada e abertura do acelerador, para dosar o controle de tração, a potência do motor e também a intensidade dos freios ABS, que podem ser acionados em curvas.
A eletrônica funciona como uma espécie de anjo da guarda para uns e antídoto de barbeiragem para outros. Porém, para os mais abusados, existe a possibilidade de pilotar sem ajuda da eletrônica, assumindo o papel de computador ambulante. A eletrônica tem ainda controle de empinadas, para impedir que a roda da frente teime em ficar longe do chão e um interessante artifício tipo Fórmula 1. Trata-se do Quick Shift, que permite trocar as marchas sem tirar a mão do acelerador e sem usar a embreagem, com o requinte de poder ser usado tanto para subir as marchas quanto para reduzir.
PILOTANDO A posição de pilotagem não faz concessões e nem tem ajuda da eletrônica. A postura é radical. Pernas bem dobradas e corpo inclinado para atacar as curvas, com inclinações impensáveis. A nova configuração também permite a proeza de andar devagar sem tanto sacrifício, mas, além de menos confortável, é quase um sacrilégio inverter sua vocação, para um motor que parece não ter fim. A suspensão dianteira é invertida Marzocchi, com 50mm de diâmetro, e traseira mono, Sachs (o modelo S tem suspensão Ohlins inteligente, e o R, Ohlins mecânico), ambas reguláveis.
O quadro é uma espécie de casca que abraça o motor e ficou mais compacto para ampliar a agilidade. Os freios assombram e convidam a acelerar até o último metro antes da curva. Na dianteira, dois discos de 330mm, com pinça monobloco Brembo de quatro pistãos e ABS para curvas. O visual permanece semelhante, mas a carenagem ficou mais larga, com novas entradas de ar e a rabeta bipartida. O painel é inteiramente digital. Já o tipo de pneu, mais ou menos esportivo, recebe um ajuste eletrônico automático. A Panigale 1299, montada em Manaus, tem preço sugerido de R$ 79.900.