Modificar uma moto clássica, com mais de 15 anos de estrada, e ainda conservar suas formas e características, sem comprometer sua alma e essência, não é uma tarefa das mais fáceis. A engenharia da Harley-Davidson teve que se virar para incorporar os avanços técnicos desenvolvidos para a linha 2007 e deixar seu visual sem grandes alterações, para não enfurecer e espantar os fiéis (e ‘tradicionais’) admiradores. Entretanto, na parte técnica e ‘invisível’ tudo foi mudado, não restando pedra sobre pedra.
Começando pelo motor, a mudança foi bem radical: agora a Fat Boy é equipada com o novo Twin Cam 96 B, com 1584cm³ (ou 96 polegadas cúbicas) de cilindrada, que tem contrapesos para reduzir as vibrações da clássica arquitetura de dois cilindros em V, com inclinação de 45 graus. A injeção eletrônica Eletronic Sequential Port Fuell Injection (ESPFI) agora é de série. A moto também ganhou um novo sistema de embreagem, para suportar a maior capacidade e potência. A refrigeração, porém, continua sendo a tradicional, a ar, com cilindros aletados.
A nova Fat Boy 2007 também ganhou ‘sapatos’ novos. A roda traseira agora é calçada com um enorme pneu, com 200mm. A modificação encorpou ainda mais o modelo, que tem entre suas marcas registradas as rodas maciças. Estas, agora são de 17 polegadas, que conferem mais agilidade nas curvas. Outra alteração técnica foi a adoção de um novo câmbio, para aproveitar melhor o novo propulsor. Agora, em vez das cinco marchas tradicionais, a Fat Boy conta com seis velocidades. Os freios são a disco: um em cada roda, com 292,1mm de diâmetro.
Se por um lado o piloto vai ter que cambiar mais freqüentemente em situações de trânsito pesado, por outro, nas estradas, que é sua verdadeira praia, a sexta marcha vai proporcionar maior velocidade, com um regime de giros mais baixo, economizando combustível e reduzindo o nível de ruídos. A sexta marcha ganhou tanta importância que mereceu até uma luzinha no painel, para lembrar o piloto de que está engatada. O painel, embora fique na posição tradicional (sobre o tanque, de 18,9 litros), também foi modernizado e a chave ganhou um sistema antifurto codificado.
Visual
Agora, além do velocímetro analógico, o painel tem mostradores digitais que informam a pressão do óleo, as horas, hodômetro total e parcial, além da luz de alerta de combustível na reserva. A nova Fat Boy faz parte da família Softail (‘rabo duro’). Para manter o visual, os amortecedores traseiros ficam escondidos, horizontalmente e embaixo da moto. Assim, parece que não existem amortecedores, justificando o nome. Na suspensão dianteira, as bengalas do garfo telescópico têm 41,3mm de diâmetro.
Para garantir o conforto, a marca adotou algumas mordomias, como o novo banco de dois andares. Os pés ficam esticados e apoiados em plataformas, e os braços relaxados, em um guidão extremamente largo. Itens que já viraram marca registrada do modelo, como pára-lamas envolventes e farolzão redondo na frente de uma grande placa cromada, permanecem intocados. A pintura ganhou possibilidade de dois tons e outras personalizações. O peso a seco é de 313kg. A transmissão é feita por correia. A nova Fat Boy chega em outubro, por R$ 59,9 mil.