A tecnologia dos motores flex, que podem consumir álcool, gasolina ou a mistura dos dois em qualquer proporção, tão popular entre os automóveis, também chegou para as motocicletas, com o lançamento ontem, em Brasília, da nova Honda CG 150 Titan, que adotou o sobrenome Mix. Trata-se da primeira moto flex de série do mundo. Desenvolvido em conjunto, pela engenharia nacional e japonesa, especialmente para o mercado brasileiro, o modelo dispensa o uso do "tanquinho" de gasolina para partidas em baixas temperaturas (abaixo de 15 graus), mas exige pelo menos 20% do combustível derivado de petróleo no tanque nessas situações.
A Honda já teve em sua linha um modelo 100% a álcool, na década de 1980, no auge do Proálcool, mas que necessitava do "?tanquinho?" de gasolina e morreu com a falência do programa. Agora, com tecnologia atual, a moto tem injeção eletrônica e um sofisticado sistema que conta com quatro programas de ajuste do motor, para funcionar redondo. Um sensor de oxigênio no escape detecta a qualidade da mistura queimada pelo motor e envia a informação para a ECM (Engine Control Module), conhecida como centralina ou central eletrônica, que corrige o ponto de ignição, conforme o combustível utilizado.
Quando o sensor percebe uma mistura mais "pobre" (o que significa que está abastecida somente com gasolina), é acionado o programa 1. Se a mistura está mais "rica" (o que quer dizer que está abastecida somente com álcool), entra o programa 4. Se a mistura tem mais álcool que gasolina, aciona-se o programa 3. E se a mistura tem proporções equivalentes, o programa 2 entra em ação. Para resistir ao álcool, o tanque sofreu um tratamento contra corrosão, assim como a bomba de combustível. Já o gerador ficou mais potente, para suportar a maior solicitação nas partidas em baixas temperaturas.
A nova CG 150 Titan Mix também ganhou duas novas luzinhas no painel, com as inscrições MIX e ALC, para ajudar o piloto na hora de ligar a moto em temperaturas abaixo de 15 graus, já que o álcool não vaporiza corretamente nesse ambiente. Com as luzes apagadas, tudo certo mas, se a luz MIX acender, é preciso adicionar pelo menos dois litros de gasolina no tanque (de 16,1 litros). Se a luz ALC acender, é necessário colocar pelo menos três litros de gasolina. Por fim, se a luz ALC piscar, significa que a temperatura está baixa e que a quantidade de álcool no tanque pode dificultar a partida. Tudo bem ?explicadinho?, em um adesivo sobre o tanque.
Tecnologia
Na prática, a Honda usou de tecnologia para acabar com a gambiarra que os motoboys já faziam na marra, abastecendo a moto com álcool e mudando apenas a altura da agulha do carburador, em regiões onde o preço da gasolina ficava muito maior que o do combustível derivado da cana. Dessa forma, o consumidor vai poder escolher, sem problemas, o tipo de combustível mais economicamente viável, e, de quebra, contribuir para o meio ambiente, já que, quando abastecida com álcool, o motor fica menos poluente.
Por outro lado, a nova tecnologia também deixou o modelo mais caro. O aumento médio foi de 5,1%. Preços (sem frete e seguro, base São Paulo): CG 150 Titan Mix modelo KS, com partida a pedal, R$ 6.340; ES, com partida elétrica, R$ 6.890; e ESD, com partida elétrica e freio dianteiro a disco, R$ 7.290. Em compensação, com álcool o motor ficou ligeiramente mais forte e potente. Com um cilindro e refrigeração a ar, o propulsor tem comando de válvulas no cabeçote, com balancins roletados. Quando abastecido apenas com gasolina, desenvolve potência de 14,2cv (a 8.500rpm) e torque de 1,32kgfm (a 6.500rpm), contra 14,2cv e 1,45Kgfm, com somente álcool. O visual é o mesmo da controvertida CG 150 Titan, com farol ?achinesado?. As cores são preto, vermelha, prata e azul metálicos. A Honda também lançou a nova Bros 150, com injeção eletrônica, e a 125 Cargo, com catalisador.