De Rio Preto da Eva (AM) - Nem azia, nem ressaca. Álcool, gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção são perfeitamente digeridos, sem efeitos colaterais, pelo motor da nova Honda CG 150 Titan Mix, que é a primeira motocicleta dotada de propulsor do tipo flex de série do mundo. A tecnologia, desenvolvida em conjunto pela engenharia brasileira e japonesa, entretanto, exigiu um desenvolvimento diferente do já adotado em larga escala para os automóveis, em função da ausência do "tanquinho" de gasolina, para auxiliar nas partidas em baixas temperaturas.
Para resolver o problema, em situações abaixo dos 15 graus centígrados, quando o álcool não vaporiza corretamente, a montadora "singelamente" passa a bola para o freguês, recomendando que o tanque contenha pelo menos 20% de gasolina. Para alertar o usuário, dessa e de outras situações, instalou no painel duas luzinhas, denominadas MIX e ALC. Apagadas, tudo em ordem. Com a MIX acesa, recomenda-se adicionar pelo menos dois litros de gasolina no tanque. Com a ALC acesa, recomenda-se colocar pelo menos três litros de gasolina. Se a luz ALC piscar, significa que a combinação de baixa temperatura e grande proporção de álcool no tanque vai dificultar a partida.
Bolso e nariz
A Honda já havia lançado, em 1981, um modelo a álcool, só que dotado do tanquinho (com 0,4 litro) de gasolina embaixo do banco e um injetor no carburador. Com a nova tecnologia, aboliu o equipamento e incorporou a injeção eletrônica. Porém, quando abastecida com o combustível derivado da cana, polui menos e proporciona economia para o bolso, já que o álcool é mais barato, embora mais "gastador". A conta é fácil. Somente com álcool, consome 30% a mais, em relação a gasolina. Se a diferença de preço dos combustíveis em sua região for superior a isso, compensa utilizar o álcool.
Mas como o motor (de um cilindro, refrigerado a ar e comando de válvulas roletado no cabeçote) adivinha qual combustível está sendo utilizado? Por meio de um sensor de oxigênio no escape, que mede sua quantidade e interpreta a qualidade da mistura, adotando um dos quatro mapas de gerenciamento da "centralina", que modifica o ponto de ignição. Se a mistura é pobre, quer dizer que está abastecida com gasolina, entrando em operação o mapa 1. Se a mistura está rica, funciona com álcool e com o mapa 4. Se a mistura tem mais álcool que gasolina, o mapa 3 é utilizado, e, se a mistura é equivalente, entra em funcionamento o mapa 2.
Andando
Durante a avaliação na pista de testes da montadora, no meio da selva, no município de Rio Preto da Eva, interior do Amazonas, constatam-se os efeitos do álcool no motor. Se, por um lado, "bebe" mais, por outro, aumenta o rendimento do motor, deixando para trás o modelo com o combustível não renovável. A potência de 14,2 cv (a 8.500 rpm) sobe para 14,3 cv, e o torque salta de 1,32 kgfm (a 6.500 rpm) para 1,45 kgfm. O maior torque faz grande diferença, deixando o comportamento melhor nas cidades, por exemplo, onde as retomadas são mais constantes e necessárias. Como a CG 150 Titan é utilizada em larga escala nos centros urbanos, o álcool funciona como uma espécie de vitamina, turbinando o desempenho e a eficiência da tocada. A ergonomia mais urbana não foi alterada, em relação ao modelo “normal” (só a gasolina), que não vai sair de linha, assim como o visual, com farol carenado.
A suspensão dianteira é do tipo telescópica, com 130 mm de curso; e a traseira, com dois amortecedores, tem 101 mm de curso. O painel tem chave com sistema de segurança shutter key. O modelo KS, com partida a pedal e freio dianteiro a tambor (130mm de diâmetro), tem preço sugerido de R$ 6.340 (base São Paulo, sem frete e seguro); o ES, com partida elétrica e freios a tambor (130 mm), R$ 6.890; e o top, com partida elétrica e freio dianteiro a disco (240 mm de diâmetro), R$ 7.290.
(*) Viajou a convite da Honda do Brasil.