O estilo de motocicletas batizadas com o curioso nome de Café Racer
nasceu na Inglaterra, nos anos de 1950, por conta da rebeldia da
juventude da época. Muitas turmas se reuniam com suas motos nos cafés e
de lá saíam para os rachas e pegas clandestinos. Entre os pontos de
encontro mais famosos, estava o Ace Café, nas proximidades de Londres,
que existe até hoje, como uma espécie de Meca do motociclismo. Para não
ficar para trás, o pessoal ia aliviando o peso das motos, ao mesmo
tempo que envenenavam os motores. Estava criado o estilo Café Racer,
que faz sucesso por gerações, como a nova Moto Guzzi V7 Clubman Racer.
Outra
característica da época era que os rachas foram ficando cada vez mais
organizados, a ponto de cada bateria ter a duração de uma canção,
tocada nas famosas caixas de músicas Jukebox. Com tantas motos prontas
para acelerar, as disputas foram parar nos autódromos, muito mais
seguros para as competições de velocidade. Entretanto, as motocicletas
do tipo Café Racer nunca mais abandonariam as ruas, como um segmento
esportivo comercial. A nova Guzzi V7 Clubman Racer, por exemplo, foi
apresentada durante o Salão de Milão de 2009 como um protótipo, para
virar realidade a partir de outubro deste ano, quando será
comercializada oficialmente.
PASSADO Para
saciar os fãs da modalidade, a Guzzi V7 Clubman Racer tem o visual de
época, mas adota tecnologia de ponta. Atualmente, a italiana Guzzi,
fundada em Mandello Del Lario, Norte da Itália, por Carlo Guzzi, em
1921 (que também contou com os sócios Giorgio Parodi e Giovanni
Ravelli, piloto da Força Aérea Italiana), pertence ao forte grupo
Piaggio. Com isso, tem acesso ao centro de desenvolvimento da marca e
suas mais recentes atualizações técnicas. O motor, entretanto, obedece
à tradicional arquitetura que virou marca registrada da Guzzi. É um
dois cilindros em V, inclinados em 90 graus, mas disposto
perpendicularmente ao sentido de movimento.
Um propulsor robusto
e durável e que, por isso mesmo, equipa a frota de algumas forças
policias de vários países, aumentando sua fama. O motor que equipa a
nova Clubman Racer foi herdado do modelo clássico V7, com 744cm³,
arrefecimento a ar e injeção eletrônica, que desenvolve 48,8cv de
potência a 6.800rpm. O torque é de 5,58kgfm a apenas 3.600rpm,
permitindo vigorosas arrancadas, bem ao gosto dos cafés racers. Para
completar, o câmbio tem cinco marchas, com transmissão final por eixo
cardã. A esportividade do novo modelo, feito para pilotos de rua, ou
gentleman rider, fica evidenciada nos detalhes de acabamento e no
visual.
SOLITÁRIO O banco, como nas motos de
competição, só tem lugar para o piloto, e no painel, destaque para o
conta-giros redondo de fundo branco. A decoração inclui numerais nas
laterais e na dianteira (number plates), também como nas motos de
competições. A pequena carenagem, acima do farol arredondado, lembra
outro famoso modelo da marca: a Le Mans 850, assim como o tanque de
combustível, com capacidade para 17 litros, feito em nylon, mas de
aspecto cromado. O guidão tem posicionamento baixo, como nas esportivas
da época, e a mesa regulável, para não castigar tanto a coluna do
piloto. Ainda no guidão, em suas extremidades, estão os discretos
espelhos retrovisores.
O visual esportivo é completado pelas
rodas raiadas em aros pintados de preto, calçados com pneus esportivos
e cubos vermelho. As medidas, porém, são conservadoras: 18 polegadas na
dianteira e 17 polegadas na traseira. O quadro, construído em aço, com
dupla trave, também é pintado de vermelho, fazendo contraste como as
partes baixas do motor, em preto. Os escapes também são destaque. Com
saída dupla, tem ponteira Arrows. A suspensão dianteira é convencional,
Marzocchi, com tubos de 40mm de diâmetro e 130mm de curso. A suspensão
traseira tem duplo amortecedor, regulável, com 118mm de curso. O freio
dianteiro, com pinça Brembo, tem 320mm de diâmetro e o traseiro, 260mm.
O peso a seco é de 182kg.