Pelé costumava dizer que, por ter nascido na cidade mineira de Três Corações, era um tricordiano. Portanto, tinha três corações e fôlego triplicado para enfrentar a vida. A mesma vida e o que o dotou de motores (obviamente com três cilindros) nas pernas para se tornar o único tricampeão mundial de futebol do planeta.
Assim como as motos, com diversos tipos de motores e aptidões, Pelé também tinha suas divisões. Uma hora era o Edson Arantes do Nascimento, outra hora era o Pelé. Em conversas, comentários e entrevistas, o Edson se referia ao Pelé na terceira pessoa do singular e vice-versa, como se fossem duas pessoas.
Com a destreza de uma moto Trial
Talvez fossem mesmo. Em campo, o jogador Pelé era rápido como uma motocicleta superesportiva, capaz de arrancar e disparar rumo ao gol implacavelmente. Porém, se houvesse algum obstáculo à frente, driblava com a inacreditável destreza de uma moto Trial.
O cidadão Edson Arantes do Nascimento gostava de explicar as proezas do Pelé, mas, mantinha a elegância comparável aos modelos clássicos de motocicletas. Longe das confusões, com uma performance equilibrada capaz até de parar uma guerra em uma trégua especial para fazer o Pelé jogar.
Outra semelhança entre o esportista Pelé e os motociclistas está na fidelidade. Por mais que o Edson fosse tentado com propostas mirabolantes e milionárias para deixar o Santos Futebol Clube, o Pelé se manteve fiel ao clube e ao país. Quando saiu, foi para popularizar o futebol nos Estados Unidos, encantando a plateia no Cosmos.
Garoto propaganda pra lá de eficiente
Exatamente como os motociclistas, apaixonados por suas máquinas e muitas vezes também por sua marca de coração. Com estas características, não foi difícil ligar o Pelé às motocicletas, servindo de garoto propaganda da Honda CG 125, que iniciava sua carreira, por exemplo. Uma publicidade que alavancou o modelo que assumiria a liderança do mercado para não mais perder.
O apelo também era forte. Uma motocicleta versátil produzida no Brasil para os brasileiros, tal qual sua paixão pelo país e pela camisa amarelinha número 10 da Seleção Brasileira. Desta forma, as duas entidades, Edson, que levava o nome do Brasil para os quatro cantos do mundo e nem precisava de passaporte para entrar nos países, e o Pelé, com motores nas pernas e gasolina de avião nas veias.
Juntos, poderiam ser comparados às versáteis motos Adventure Big Trail. Motores potentes, suspensões para encarar qualquer parada e ir em todos lugares, conforto para duas pessoas (Edson e Pelé), porte majestoso (próprio para reis do futebol), muita eletrônica para se adaptar às diferentes situações e solicitações, além de ótimos freios para se safar de enrascadas. Estes mesmos freios, porém, não foram capazes de evitar o último obstáculo.
Nem mesmo os motores de três cilindros das pernas, como os que equipam as motos Triumph, que em português significa “Triunfo”, não foram capazes de salvar os três corações. Porém, assim como nas competições, seja de motocicletas, seja de futebol, as palavras triunfo e vitória foram as mais utilizadas, tanto por Pelé quanto por Edson.
A sensação que fica é que os dois são inoxidáveis como o aço das motos e estão por aí dando um rolé de big trail e pararam apenas para um pit stop de reabastecimento e para o Edson explicar as façanhas do tricordiano Pelé.
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