A marca indiana de origem inglesa Royal Enfield tem um pé no Brasil há seis anos. Neste período, o mercado local já é o o maior de todos, depois da própria Índia, entre os cerca de 60 em que atua. Para consolidar a posição, a fabricante lançou o modelo Classic 350, com estilo retrô, mas tecnologia atual.
Considerada a marca mais antiga do mundo em produção contínua, desde 1901, a Royal Enfield porém, passa por processo de renovação, incluindo um centro de pesquisas na Inglaterra, onde nasceu, invertendo o fluxo.
No Brasil, a marca vai montar seus modelos na planta da Dafra, em Manaus (AM), incluindo a chamada plataforma “J”, que abrange as motocicletas Meteor 350, que já está no nosso mercado brasileiro, Classic 350, que desembarca agora, e Hunter 350, que chega no primeiro semestre de 2023: todas têm o mesmo conjunto mecânico. Mas a meta da Royal Enfield a longo prazo é construir sua própria planta.
Clássica
O processo de modernização, contudo, não abandona o visual retrô, espécie de marca registrada dos modelos do fabricante. Modelos robustos, de baixa manutenção, que privilegiam o torque, o conforto, o design e a simplicidade, em vez da potência bruta. A Royal Enfield Classic 350 segue a receita e substitui a antiga Classic 500, que subiu no telhado e saiu de linha.
Entretanto, nada foi aproveitado da antecessora; nenhum parafuso, sequer. A Classic 350 partiu do zero, de uma folha em branco, resultando em formas elegantes e charmosas. São quatro versões, variando o acabamento e as cores.
Preços da Royal Enfield Classic 350
Confira os preços sugeridos, sem frete, das quatro versões da gama:
Versões da Royal Enfield Classic 350 Preços Halcyon R$18.490 Signals R$19.490 Dark R$20.490 Chrome R$21.490
A versão de “entrada”, batizada de Halcyon (algo como Idílico), celebra o legado clássico. Com rodas raiadas, proteção lateral do tanque em forma de gota, escape cromado, banco com parte traseira removível, para deixar o pára lamas envolvente à mostra, motor escovado, farol e farolete redondos. A Halcyon vem nas cores verde, cinza e preto.
A segunda versão é a Signals, em cores militares Marsh Grey e Desert Sand (areia): ela ostenta, no tanque, (sem as proteções laterais) numeração própria. O motor e o escape são pretos, e as rodas, raiadas, com aros também pretos.
Jovem
O modelo Dark é o que foge da curva, com pegada mais “jovem”. As rodas são em liga leve pretas, calçadas com pneus sem câmara. Motor e escape também são pintados em preto, assim como a capa das suspensões, farol e farolete. A proteção do tanque permanece, mas as cores são sólidas: Stealth Black e Gunmetal Grey.
A versão Chrome da Classic 350 é a mais requintada e a top de linha. Com decoração ainda mais clássica, lembrando modelos ingleses da década de 1950, com refinada pintura em duas cores, vermelha ou bronze, intercalada com cromados no tanque, pára-lamas, rodas raiadas e escape. O tanque também conta com emblema Royal Enfield e protetores laterais. A decoração das versões soma nove cores diferentes.
Mecânica da Royal Enfield Classic 350
O conjunto mecânico é o mesmo para todas as versões da Royal Enfield Classic 350. O robusto motor tem um cilindro, 349 cm3, injeção eletrônica, arrefecimento a ar e óleo e curso do pistão mais longo (85,8mm, além de 70 mm de diâmetro) para proporcionar mais torque.
A potência atinge 20,2 cv a 6.500 rpm, mas o torque máximo de 2,8 kgfm aparece já a 4.000 rpm, acoplado a um câmbio com cinco marchas com overdrive, que deixa a quinta mais longa.
As suspensões da Royal Enfield Classic 350 também são tradicionais. Na dianteira garfo telescópico com tubos de 41 mm de diâmetro e 130 mm de curso, sem regulagens. Na traseira, dois amortecedores com 80 mm de curso e cinco ajustes na pré-carga. Porém, ambas, com capas, pintadas ou cromadas, integrando o estilo.
Os freios igualmente não resistiram à modernidade. Discos nas duas rodas, que denunciam a combinação retrô e modernidade. Na dianteira, discão de 300 mm, mordido por pinça de dois pistões. Na traseira, disco de 270 mm. Ambos com sistema ABS.
O quadro dos modelos Classic 350 é do tipo berço duplo, porém, com divisão na fixação ao motor para facilitar possíveis manutenções. O painel acoplado ao bloco do farol, tem velocímetro analógico. Entretanto, outra modernidade está na tela digital em LCD com marcador de combustível (tanque com 13 litros), hodômetros, relógio e até uma saída USB para carregar eletrônicos.
Cadê os plásticos?
Antes de andar na Royal Enfield Classic 350, basta uma olhada para constatar o bom acabamento e que não há (quase) nada de plástico. Os super envolventes pára-lamas são de metal, assim como o tanque e o bojo do farol, que traz um casquete (chapeuzinho) e luzinhas de posição laterais, que a marca chama (com algum otimismo) de olhos de tigre.
O efeito colateral da overdose de aço é o peso, já que, abastecida, a moto atinge 195 kg. Contudo, esse peso não é sentido nem nas manobras, devido à baixa altura de 1.090 mm sem os retrovisores.
Em movimento, a ergonomia formada pelo triângulo de apoio entre a posição das pedaleiras, do banco e do guidão, estabelece uma pilotagem extremamente confortável: não há stress para enfrentar o trânsito do dia a dia ou para dar um “rolê” pelas estradas. E sempre com muito estilo.
O baixo curso da suspensão traseira pode ser minimizado com a fácil regulagem na pré-carga, de modo a filtrar as imperfeições e manter a coluna longe de problemas. Essa tarefa é ajudada pela boa espuma do banco e dos pneus Ceat Indianos, com medida de 100/90 na dianteira e 120/80 na traseira, em aros de 19 polegadas.
Motor tem bom torque
O motor tem características robustas. O torque aparece em baixos giros, permitindo surpreendentes retomadas, além do som agradável e ritmado. É ideal para rodar em velocidades moderadas, como nas cidades, por exemplo, também graças à ótima posição de pilotagem.
Nas estradas, a ausência do pára-brisa (oferecido como acessório, junto com vários outros itens) não reduz a curtição de um modelo “raiz” como a Royal Enfield Classic 350. Pelo contrário: o vento na cara faz parte do pacote, que inclui ainda um quadro rígido que não torce nas curvas, o que multiplica a diversão.
O motor empurra com vigor até a quarta marcha. A quinta, em overdive (desmultiplicada), oferece mais velocidade (em torno dos 120 km/h de cruzeiro), porém exige redução nos aclives mais angulosos. Mas isso é irrelevante para a filosofia do modelo.
Assista ao vídeo e conheça a Royal Enfield Classic 500, antecessora da Classic 350: