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Encrencadas com a Justiça

Hyundai e Kia são processadas nos EUA por 'carros fáceis de roubar'

No ano passado, os carros dessas duas marcas foram alvo de onda de furto no Estados Unidos

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Da Kia, os carros afetados eram, em sua maioria, de ano-modelo entre 2011 e 2012, enquanto os da Hyundai eram de 2015 a 2021
Da Kia, os carros afetados eram, em sua maioria, de ano-modelo entre 2011 e 2012, enquanto os da Hyundai eram de 2015 a 2021 Foto: Kia/Divulgação

Em 2022, diversos vídeos viralizaram no TikTok mostrando como carros da Kia e da Hyundai poderiam ser facilmente ligados por meio de uma simples artimanha com um cabo USB. Como resultado, uma onda de furto de modelos dessas duas montadoras se instaurou nos Estados Unidos. Agora, as consequências, aparentemente, estão vindo à tona: as fabricantes estão encrencadas com a Justiça norte-americana.

Apesar de o escândalo ter sumido um pouco dos feeds de notícias, as seguradoras de carros, que foram bastante afetadas, ainda não esqueceram o que aconteceu. E pelo visto, elas estão determinadas a responsabilizar a Kia e a Hyundai pelos roubos e, logo, pelos prejuízos que tiveram de arcar. E agora, a recente decisão do juiz, que rejeitou o pedido das montadoras de encerramento do processo, reanimou o caso.

Vale lembrar que, em 2022, em Saint Paul, capital de Minnesota, um aumento de mais de 1.300% em roubos de carros Kia foi registrando (o maior do país): foram 256 ocorrências, ante apenas 18 em 2021. Já os furtos de veículos Hyundai subiram menos, mas, ainda assim, a alta foi expressiva, chegando a 584%, com 212 registros, enquanto no ano anterior foram somente 31.

Kia e Hyundai podem ter que arcar com indenização de mais de US$ 1 bilhão 

De acordo com uma reportagem da agência Reuter, a juíza do caso, Selna de Santa Ana, encontrou argumentos suficientes para provar que a falta de tecnologia antifurto em mais de 14 milhões de carros da Kia e da Hyundai, construídos entre 2011 e 2022, nos Estados Unidos, foi decisiva para a onda de furtos e que isso poderia ter sido previsto pelas fabricantes, mas não foi. 

Ao mesmo tempo, ela recusou os contra-argumentos apresentados pelas montadoras, as quais afirmaram que seria injusto permitir que as seguradoras recuperassem os custos porque, ao terem fechado contrato com os clientes e recebido o pagamento dos mesmos, elas assumiram os riscos de eventuais infortúnios – inclusive furtos.

"“Embora [as seguradoras] tenham recebido prêmios, os réus supostamente não incluíram qualquer dispositivo antirroubo, conforme exigido pelas regulamentações federais”, escreveu Selna. “Assim, o nível de culpa recai quase inteiramente sobre os réus”"
por Selna de Santa Ana

De fato, nem a Kia e nem a Hyundai equiparam seus carros com imobilizadores eletrônicos de motor. E como aconteceu, vídeos instrutivos simples inspiraram uma legião de ladrões nos Estados Unidos. Os modelos da Kia afetados eram, em sua maioria, de ano/modelo a partir de 2011, enquanto os da Hyundai, a partir de 2015.

Montadoras tentaram aliviar os furtos

A situação tomou contornos tão preocupantes que as fabricantes, no início deste ano, foram forçadas a distribuir dispositivos antirroubo – físicos e antiquados, aqueles típicos dos anos 1990 – para os clientes.

Trava de volante encaixada em um volante de Kombi. Peça foi distribuída pela Kia e Hyundai na tentativa de mitigar a onda de furtos.
Dispositivos antifurtos eram comuns na década de 1990 Foto: Reprodução

Além disso, elas também afirmaram terem feito uma atualização no software de cerca de 3 milhões de veículos, que, então, estariam mais protegidos dos roubos. Os relatos de furtos, no entanto, continuaram mesmo após a providência. 

Em 31 de outubro, Selna concedeu aprovação preliminar para um acordo de ação coletiva envolvendo a Hyundai e a Kia, e cobrindo mais de 9 milhões de veículos. Esse acordo foi avaliado em US$ 200 milhões, com até US$ 145 milhões em pagamentos destinados aos motoristas afetados. 

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