Desde que a Ford encerrou as atividades industriais no Brasil, em 2021, surgiram boatos de que outras multinacionais também tomariam medidas semelhantes. Honda, Volkswagen e General Motors (GM), detentora da marca Chevrolet, foram algumas das afetadas por rumores desse tipo. A última, inclusive, veio a público para prestar esclarecimentos sobre o tema: o vice-presidente de Comunicação de Relações Governamentais, Fábio Rua, aproveitou um congresso realizado na semana passada para anunciar que a empresa não deixará de produzir no país e que fará investimentos em novos produtos “muito em breve”.
A fala do executivo parou por aí. Portanto, ninguém sabe ainda qual será o total em investimentos, ou a que exatamente o montante se destinará. Porém, há um caminho que parece inevitável para toda a indústria instalada no país, incluindo a GM: a hibridização. Isso, porque o Brasil precisa ter uma frota com baixa emissão de carbono, mas os veículos 100% elétricos, mais caros, estão fora do poder de compra de boa parte dos consumidores locais. Por outro lado, os híbridos, quando abastecidos com etanol, um biocombustível legitimamente nacional, atendem bem à questão ambiental sem acréscimo tão expressivo ao preço de compra.
Assim, não surpreende que vários fabricantes já tenham anunciado a produção de carros híbridos no Brasil ao longo dos próximos anos. Entre essas empresas, estão Grupo Stellantis (detentor das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), Renault e Volkswagen, além das chinesas BYD e GWM, que devem inaugurar fábricas no país em 2024. Por sua vez, a Toyota já fabrica veículos híbridos-flex nacionalmente, e deve ampliar a gama no ano que vem. E onde a GM entra nessa história?
GM não iria apostar nos carros híbridos em vez dos elétricos?
Antes de responder a essa pergunta, vale recapitular que, em 2022, o diretor de relações públicas e governamentais da empresa no Brasil, Adriano Barros, disse que a estratégia global da GM seria saltar diretamente dos modelos a combustão para os elétricos, sem passar pelos híbridos. Tal plano, inclusive, vem realmente sendo seguido em mercados desenvolvidos, como Estados Unidos e no Canadá. E é justamente essa declaração que tem servido de combustível para os boatos de que a Chevrolet abandonaria a produção nacional.
Entretanto, há um fator a mais nessa equação: a China. Por lá, os híbridos são realidade para a GM, que já produz veículos com diferentes níveis dessa tecnologia. Um desses modelos é o Chevrolet Monza (um sedan sem outras relações com o homônimo nacional), equipado com um sistema híbrido-leve, que concilia um motor 1.3 turbo a um superalternador e a um sistema elétrico de 24V. Esse conjunto pode ser facilmente nacionalizado e convertido ao uso de etanol, já que o propulsor é da mesma família das unidades 1.0 e 1.2 de três cilindros que a empresa fabrica no país.
Outro dos carros híbridos que a GM produz na China é o recém-lançado Chevrolet Traverse. Nesse caso, o sistema não é do tipo leve, e sim convencional: concilia motores elétricos a um 2.0 turbo. Esse modelo, em especial, parece grande e sofisticado demais para o mercado brasileiro, mas a tecnologia deve equipar outros produtos no futuro, entre os quais, talvez, algum nacional.
Nacionais da Chevrolet já têm origem chinesa
Por fim, cabe destacar que o compartilhamento de produtos e tecnologias entre China e Brasil já acontece há alguns anos. O Tracker e a linha Onix, por exemplo, têm projetos originários do país asiático: eles foram desenvolvidos pela Saic, que é parceira da GM. Portanto, não falta alternativa à linha nacional da Chevrolet, cujos rumos devem ficar mais claro nos próximos meses.
- Acompanhe o VRUM também no YouTube e no Dailymotion!