No dia 11 de janeiro de 2021, a Ford anunciou o fechamento das três fábricas que operava no Brasil: a maior delas, em Camaçari (BA), produzia os automóveis Ka e EcoSport. Outra unidade, em Taubaté (SP), manufaturava motores e transmissões para esses modelos. A terceira, em Horizonte (CE), montava jipes Troller, marca que pertencia à multinacional. Desde então, a empresa comercializa no país uma gama composta exclusivamente por veículos importados.
Em 2020, pouco antes do fechamento das fábricas, a Ford era a quinta marca que mais vendia automóveis no país. Naquele ano, a multinacional emplacou 139.255 veículos, entre automóveis e comerciais leves, e obteve uma participação de 7,14% no mercado, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Os dois produtos mais vendidos da empresa eram justamente os nacionais Ka, com carrocerias do tipo hatch e sedan, e EcoSport. Apesar disso, a Ford alegava prejuízos, uma vez que a margem de lucro dos chamados automóveis de entrada é pequena e exige a comercialização de grandes volumes para gerar bom faturamento.
Fechamentos globais
Diante disso, a Ford mudou a própria estratégia comercial. O foco na multinacional passou para caminhonetes e SUVs mais sofisticados, além de veículos comerciais, com preços mais elevados, que asseguram boa lucratividade com baixos volumes de vendas. Atualmente, o produto mais acessível da Ford no Brasil é o Territory, cujos valores de compra começam em R$ 209.990.
Na outra ponta, a Ford tirou o Ka e o EcoSport de linha em todo o planeta. As fábricas que produziam tais modelos em outros países, entre os quais Índia e Romênia, também foram desativadas.
Vale lembrar que pouco antes do fechamento dessas unidades industriais, em 2019, a Ford já havia encerrado as atividades de outra planta, localizada em São Bernardo do Campo (SP). De lá saíam o Fiesta e a gama de caminhões de marca. A desativação das quatro fábricas brasileiras resultou na demissão de aproximadamente 7.000 trabalhadores.
Quem tem carro da Ford ficou no prejuízo após o fechamento das fábricas? Assista ao vídeo!
- Acompanhe o VRUM também no YouTube e no Dailymotion!
Como estão as vendas?
Nos dois anos seguintes, a participação da Ford no mercado brasileiro despencou. A multinacional, porém, se diz satisfeita com os resultados comerciais. A empresa não divulga números, mas, durante entrevistas coletivas, executivos já afirmaram para jornalistas que, após o fechamento das fábricas, a situação no país passou de deficitária para lucrativa.
Após sucessivas quedas nas vendas em 2021 e em 2022, a Ford conseguiu crescer no mercado brasileiro em 2023. A marca terminou o ano passado na posição de maior importadora do setor automobilístico, inclusive à frente da Mitsubishi, que tem uma fábrica em Catalão (GO) operada pelo grupo parceiro HPE. Veja os números, segundo a Fenabrave:
Ano | Posição no ranking de vendas | Participação no mercado | Veículos emplacados |
2020 | 5ª | 7,14% | 139.255 |
2021 (ano do fechamento das fábricas) | 11ª | 1,91% | 37.778 |
2022 | 14ª | 1,06% | 20.824 |
2023 | 13ª | 1,32% | 28.711 |
Como é a gama de veículos da Ford atualmente?
Hoje, a Ford comercializa oito modelos de veículos no mercado brasileiro. Todos são importados, mas vêm de diferentes países. Saiba a origem e os preços de cada um deles:
Modelo | Origem | Preços |
Territory | China | R$ 209.990 |
Maverick | México | De R$ 224.890 (FX4) a R$ 234.890 (Hybrid) |
Ranger | Argentina (exceto na versão Raptor, importada da Tailândia) | De R$ 234.990 (XLS 4x2) a R$ 448.600 (Raptor) |
Bronco Sport | México | R$ 252.790 |
Transit (versões Minibus, Furgão e Chassi) | Uruguai | Ford não revela tabela; de cerca de R$ 260 mil até cerca de R$ R$ 300 mil |
F-150 | Estados Unidos | De R$ 479.990 (Lariat) a R$ 519.990 (Platinum) |
Mustang Mach-e (elétrico) | México |
R$ 486.000 |
Mustang Mach 1 | Estados Unidos | R$ 576.490 |
O que aconteceu com as fábricas da Ford?
As fábricas que a Ford operava no Brasil tiveram diferentes destinos. Confira o que aconteceu com cada uma delas:
- Camaçari (BA): repassada à BYD, que a utilizará para produzir veículos elétricos a partir deste ano;
- Taubaté (SP): vendida para a construtora São José Desenvolvimento Imobiliário;
- Horizonte (CE): segue fechada, nas mãos da Ford, que procura comprador (a multinacional colocou o imóvel e o maquinário à venda, mas não a marca Troller nem o projeto do jipe T4);
- São Bernardo do Campo (SP): vendida para a construtora São José Desenvolvimento Imobiliário.