Apesar de contarem com sistemas de segurança que diminuem riscos de incêndio, os carros elétricos podem se tornar vulneráveis no caso de acidentes, com a possibilidade de cabos ficarem expostos ou danos à bateria serem gerados, por exemplo. Falhas podem ocorrer em qualquer segmento, mas diminuir os impactos delas se faz necessário para evitar que pessoas sejam feridas e danos maiores sejam causados. Quando se trata de incêndio em carro elétrico, soluções efetivas para apagar o fogo ainda estão em desenvolvimento, uma vez que a bateria de lítio é uma inclusão relativamente nova nos automóveis.
Com o aumento crescente da popularização dos veículos elétricos e híbridos, a demanda para a resolução desse desafio se faz evidente, mas até mesmo bombeiros enfrentam maiores dificuldades no combate de fogo nesses automóveis. Segundo informações fornecidas pelo Capitão dos Bombeiros de Minas Gerais, Gustavo Morais Falcão, "as técnicas específicas para fazer frente a esse novo desafio ainda estão em processo de maturação (sazonamento), tanto no Brasil quanto em outros países do mundo".
Isso se dá devido à composição química das baterias, que são feitas íons de lítio. Esses componentes têm um eletrólito orgânico líquido altamente volátil e inflamável a altas temperaturas, o que dificulta a extinção de um incêndio. Em caso de células danificadas, pode ocorrer um curto-circuito mecânico ou químico que pode gerar corrente irregular além da capacidade da célula, o que eleva a temperatura interna e gera reações que aumentam o calor externamente, em um processo denominado "fuga térmica". Desta forma, a energia térmica liberada, aliada aos vapores inflamáveis em contato com o ar, faz com que haja chamas intensas.
Apesar da pequena quantidade de estudos realizados sobre o tema, alguns já foram feitos e, por vezes, são contraditórios entre si. Algo em comum entre eles é o conhecimento de que o fogo pode se reiniciar mesmo após ter sido extinguido. O guia de emergência para veículos elétricos do Associação Nacional de Proteção ao Fogo (NFPA), dos Estados Unidos, informa a necessidade de grandes volumes de água para apagar o fogo.
Mesmo que exista a possibilidade de apagar o fogo na bateria do carro elétrico com água, a quantidade necessária é exorbitante, e por isso, é um método inviável. Isso sem contar o tempo investido, que pode ultrapassar horas. O militar Gustavo Morais Falcão afirma que a água precisa conseguir penetrar as células das baterias, que, devido ao seu processo de construção e princípios de segurança exigidos, são bem protegidas, e isso dificulta a operação de apagar as chamas.
Foi o caso registrado nos Estados Unidos em junho de 2021, em que um Tesla Model S que bateu estava pegando fogo e as chamas retornavam continuamente, mesmo com os esforços dos bombeiros. Sete horas e 28 mil galões de água, o equivalente a cerca de 106 mil litros, foram necessários para que as chamas fossem apagadas. Segundo a reportagem da NBC, isso equivale ao uso de água mensal dos bombeiros e é o consumo de uma casa normal no país em dois anos.
Por outro lado, a Fundação de Pesquisa e Proteção contra o Fogo, também dos EUA, afirma algo diferente. Dizem que dentre os meios preferíveis para o combate do fogo de baterias está o uso de químicos secos, como CO² e espuma. Informam, por sua vez, que água não deve ser o primeiro agente extintor escolhido.
Outra opção ainda é o uso de capas protetoras específicas para suprimir a quantidade de oxigênio que chega até as chamas e evitar propagação do fogo. Essa estratégia foi usada por bombeiros do estado do Colorado, EUA, no atendimento de uma ocorrência de um Jaguar I-Pace em chamas. Mas vale lembrar, é uma medida paliativa, ou seja, suavizadora da situação até o uso dos métodos adequados para extinguir o fogo, com o gás carbônico e a espuma específica.
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